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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um trator

Faz quase um mês que meu sobrinho está morando conosco. Expliquei que não costumo colocar fotos de outras pessoas no blog - precaução habitual contra sequestros, pedofilia, essas coisas. Mas ele insiste em aparecer.

Escolhi uma foto antiga, em que ele mostra seus superpoderes:

domingo, 3 de outubro de 2010

Três de outubro

Três de outubro era aniversário de minha avó Carmen. Eu ia para Curitiba votar, e passava em sua casa. Ela morreu faz alguns anos, que pena.

Hoje percebi que os tomates no quintal ficaram maduros. Meu sobrinho veio morar conosco, está aqui há uma semana. Peguei a câmera para fotografar os tomatinhos, e ele quis aparecer no blog também. Fez sua expressão favorita.

O cabrito, na esteira, também quis. Suando por causa do exercício, uma gotinha na ponta do nariz.





sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Pendurado num cantinho

O cabrito não costuma me acompanhar quando vou a Curitiba visitar minha mãe. Não insisto muito... eu mesma tenho preguiça da distância. Mas é minha família, minha cidade, então enfrento corajosamente horas de taxi, sala de espera, avião - ou metro, rodoviária, ônibus, dependendo da verba disponível.

Quando ele se anima, por insuspeitável motivo, vamos de carro e podemos admirar o progresso de nosso querido país, nas suaves oscilações de manutenção da rodovia Regis Bittencourt (engenheiro civil, de prenome Edmundo, segundo a Wikipedia).

O cabrito demora... mas quando se anima, anima tanto que dois anos atrás pegou uma foto da parede - eu penteadinha aos oito anos de idade - colocou na mala e trouxe pra São Paulo, sem pedir pra minha mãe.

Quando em casa mostrou sua proeza, tentei expressar alguma revolta, mas ele só ria.

Dois meses atrás, sua sutileza de gatuno atingiu maior sofisticação.

Minha mãe havia reformado o quarto de hóspedes - trocou colchão, mudou os quadros da parede - e, entre os novos porta-retratos, havia um pequeno, redondo, com minha foto de família preferida.

Uma foto com meus pais, eu e e meus irmãos, posando no quintal da casa do meu avô, pouco antes do divórcio. Todos sorrindo bestamente, de maneira leve e engraçada, como lembro que éramos, antes dos dramas todos de incompreensão e auto-realização que a modernidade ocidental impingiu às pacatas famílias suburbanas.

Comentei com o cabrito que era minha foto favorita, e ficou nisso. Passamos o dia em família, voltamos pra casa, fui trabalhar no dia seguinte, o habitual.

Dias depois, saindo do quarto, vejo o porta-retratos pendurado num cantinho do corredor - discreto, elegante, sustentado por um pequeno prego de aço.

As pessoas, francamente... elas gostam de se divertir.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Triste vinho

"Não chovas, maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.

Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma.

(...)

Pois chovendo atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,

que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva."


(Carlos Drummond de Andrade. Caso pluvioso, em Viola de bolso I)


- - -

Ah, melhor avisar: mudei duas palavras.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Sófacles

Estou com gripe, sem energia para escrever. Revirando meus arquivos, encontrei as crônicas que escrevi para a revista TPM entre 2005 e 2006. Algumas eram talvez enrolação. Mas há trechos que ainda me interessam:

- - -

"Meu sonho de adolescente era morar num hotel. Um lugar pequeno, claro e neutro. Me parecia que os lençóis de hotel eram sempre feitos de algodão pesado e macio. Eu precisaria apenas de uma máquina de escrever, ficaria tranqüila em meu quarto trabalhando, as refeições seriam servidas sempre no mesmo horário, e uma camareira faria a pouca limpeza necessária. Nos apartamentos em que morei quando solteira, nunca coloquei um enfeite, uma toalhinha bordada, nada que acumulasse pó: somente comprava os objetos necessários, fazendo um esforço mínimo para que combinassem e não chamassem a atenção.

Depois que casei, meu ideal de simplicidade doméstica foi virado de cabeça pra baixo. As paredes ficaram lotadas de quadros, sobre a estante há uma coleção de bondes em miniatura, um avião de brinquedo e uma Branca de Neve sem braços no jardim. Meu marido adora ficar em casa e seu ideal de conforto tem prioridades claras: a primeira coisa que comprou foi um sofá. Não foi uma compra simples: visitou pelo menos seis lojas, sentava em todos os sofás disponíveis, um conforto mediano não era suficiente para ele. Queria o sofá ideal. Quando encontrou o que queria, me levou até a loja para que eu experimentasse também. Sentamos juntos, sentimos o encosto, a densidade das almofadas, a maciez do tecido. Logo que chegou em casa, o sofá ganhou até nome: é o Sófacles. Isso porque somos intelectuais e gostamos de teatro."

(Junho, 2006)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Propor novos fazeres

Algumas semanas atrás, ao comentar o artigo sobre as Van Dykes na New Yorker, falei um pouco de passagem a uma amiga:

- O movimento gay nos EUA é muito diferente daqui.

Que respondeu:

- Pra começar ele existe.

- - -

Pesquisando um pouco, tenho a sensação de que a nova geração anda muito melhor do que se esperava.

Não tive paciência para ler todo o texto, de todo modo achei interessante este manifesto no site Parada Lésbica:

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  1. criticar a pornografia hegemônica como lugar de reprodução de violências, especialmente contra mulheres;
  2. criticar a pornografia hegemônica pela separação que faz entre protagonistas do desejo (”homens”) y objetos do desejo (”mulheres”), ao mesmo tempo em que define um tipo muito estreito de desejo;
  3. propor novos fazeres pornográficos, em que a violência contra mulheres não esteja misturada às esferas de produção y execução pornográfica;
  4. pensar pornografias que dêem conta dos desejos das mulheres: quem somos? que corpos temos? como gozamos? com quem gozamos? o que nos dá tesão? que tipo de representação podemos fazer a partir dessas descobertas etc
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Ok, panfletos são panfletos. Quem checar os links eróticos do site vai entender com mais clareza.

domingo, 29 de março de 2009

Ifigênia em Aulis

Ontem fui à Sta. Ifigênia e comprei uma caixa de som com meu próprio microfone!

Ok, o motivo não é muito heróico: minha voz é ridiculamente fina e preciso de auxílio eletrônico para enfrentar o entusiasmo juvenil de meus alunos na sala de aula.

Mas a caixa tem entrada pra guitarra e mesmo que eu não toque e não tenha um mínimo talento que me traga a ilusão de que um dia eu possa aprender - ah, fiquei tão orgulhosa!





terça-feira, 17 de março de 2009

Minhocultura

Ontem, no ônibus da Azul Linhas Aéreas que traz passageiros do aeroporto de Viracopos para o shopping Villa-Lobos em São Paulo, tive idéias ambiciosas sobre literatura.

Ao chegar em casa, as idéias se acomodaram numa forma mais discreta.

Hoje amanheci com gripe a me dediquei a assuntos pendendes: uma encomenda de produtos de limpeza biodegradáveis, que paguei mas não chegou.

E a compra de uma composteira para o quintal. Produzida por uma ONG de Brasília, que não respondeu ao meu primeiro e-mail.

Liguei pelo Skype para a moça cujo telefone aparece no site. Ela atendeu e fiquei confiante que tal ONG realmente exista.

Espero então a minha composteira.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Poema

Encontrar alguém que não conheço. Ou conheci de modo indireto e distante.

A foto na sala - alguém sentada. Rosto, ombros, coxas que imagino nos momentos de silêncio (que são muitos).

Romantismo vago como pequena nuvem vaporosa.

Auréola de vapor sentimental enquanto acordo, trabalho, almoço.

Sempre indo. Vindo. Indo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Adolescentes perigosos

Fui cortar os cabelos no sábado. Faz alguns anos que decidi frequentar salões melhores. Por algum motivo, quando mais nova, ia sempre a cebeleireiros de um porta, que cobram R$ 10. Saía com cortes medíocres e invejava desajeitadamente minhas colegas com cortes irregulares, desfiados e modernos. Eu realmente não percebia que o corte estava diretamente relacionado ao preço. Um cabeleireiro sabe fazer cortes bacanas se estudou - e estudou para ganhar melhor, então trabalha num salão mais caro.

Parece banal, mas eu não percebia. Sempre focalizada em economizar NO MOMENTO de pagar. Então, na hora, R$ 10 me parecia mais adequado que R$ 50. Simplesmente não parava a pensar que o custo deveria se diluir pelos meses que o corte durava. Se um corte dura quatro ou cinco meses, R$ 150 por ano é na verdade pouco para manter o cabelo bonito. Uma economia anual de R$ 120, nesse caso, não faz o menor sentido, porque é baseada na restrição do sentimento íntimo de estar bem tratada e bonita. Se os R$ 120 precisam REALMENTE ser economizados, melhor cortar cerveja em boteco, pizza, todas essas porcarias que a gente acaba engolindo pra "se divertir". Gastar o dinheiro no salão e depois, no boteco, pedir uma água mineral. Em vez de inebriada pelo álcool, passar a noite inebriada pela própria vaidade silenciosa.

- - -

Talvez isso nada signifique para quem cresceu vaidosa e abstêmia. Para mim, é quase uma contravenção.

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Minha mãe era professora. Ela só cortava o cabelo nas férias, para evitar os comentários dos alunos. Que perigo existe em adolescentes sorrindo e perguntando "cortou o cabelo, professora?". Pra que tanto medo?

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Nené

A história foi tão complicada que quando meu pai perguntou "você gosta dele?" eu nem soube responder.

Depois em frente ao cartório, onde ele foi registrar a autorização para eu viajar, um conhecido perguntou para onde eu ia. O pai respondeu "Nápoles" e o cara entendeu "Anápolis", no interior de SP. Seria realmente mais fácil me apaixonar por alguém de Anápolis... ao menos não precisaria de autorização do juizado de menores.

De todo modo é estranha a sensação da primeira paixão recíproca. Parece que você está vivendo um filme, porque são as primeiras imagens de paixão que a gente tem. Talvez as únicas?

Foi num momento, quando mal nos conhecíamos, que ele lembrou de uma música e pegou uma caixa de sapatos com sua coleção de compactos (!) dos anos 70. Colocou o disco e me convidou para dançar.

E dançamos sozinhos, no meio da sala, no apartamento escuro que tinha uma varanda estreita que dava para outro prédio.

Ele me deu uma fita cassete quando voltei para o Brasil, que escutei até decorar, mas emprestei para minha melhor amiga quando ela foi de férias para Londres e nunca mais voltou. Nem a amiga nem a fita. Mas como eu ia adivinhar que ela decidiria morar lá, de repente, no meio da viagem?

Procurei a música durante anos, em lojas de CDs importados. Achei várias coletâneas, mas nenhuma tinha a música específica, essa que dançamos juntos.

Depois o cantor teve um CD lançado no Brasil, foi tema de novela, mas já eram músicas recentes e bem ruins mesmo.

Agora tenho raiva do You Tube, porque preferia não lembrar disso nem chorar como estou chorando na frente do computador.

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Aqui está a letra, para quem se interessar. E o video abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=_CFqBP5hFbE&feature=related

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Frases da semana

1) Meu cabrito resumindo sua opinião sobre a minissérie "Capitu":

"Depois da escolha de elenco do Luiz Fernando Carvalho, resolveu-se a grande questão. Capitu traiu Bentinho."

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2) Das pérolas da publicidade atual, no caso um anúncio de desodorante com fragrância de grapefruit e capim limão (!!):

"Dê às suas axilas uma inesperada sensação energizante."

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Deus do céu... desejo tudo para minhas axilas, menos uma sensação energizante. Que fiquem quietas e em paz em seu lugar reservado e discreto.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Prego de aço

Inventei um porta-recados para pendurar as contas a pagar que não cabiam na escrivaninha.

Pus um prego na parede, em que amarrei clipes com fio de bordado. Ficam os clipes pendurados, onde prendi as contas.

Não muito bonito, mas barato e adequado às minhas necessidades.

Mas tive que enfrentar meu trauma: tenho medo de pregos, quando comecei a morar sozinha nunca acertava, a pintura da parede descascava e o prego não prendia.

Com o tempo aprendi três truques mas o trauma não passou:

1 - comprar pregos de aço, que não entortam

2 - colocar uma fita-crepe na parede antes de bater; evita que a pintura lasque

3 - se o prego não entrar nas primeiras marteladas, é porque tem uma viga; então desista

sábado, 15 de novembro de 2008

Dona Vera tricotando

Essa história de casamento me fez lembrar da maravilhosa música de Luiz Gonzaga, cantada pela Marlene:

Dona Vera tricotando

Dona Vera, quando moça
Foi bonita, foi dengosa, foi catita
Mas não soube aproveitar

Levava a vida em casa
Tricotando, tricotando
Tricotando, tricotando
Sem sair pra namorar

Mas passou a primavera
E ficou a Dona Vera
Solteirona toda a vida sem casar

E agora sem dinheiro
Tá difícil, Dona Vera
Com esta cara só se a sorte lhe ajudar

Dá pena, ora se dá
Dá pena, mas dá raiva também
Muié véia sem vintém
Ai, querendo se casar

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Women's health

Hoje estou enrolando mesmo, porque preciso trabalhar e não estou nem um pouco a fim.

Então resolvi comentar um texto de minha aluna Silmara Ni Iizuka, que escreveu um projeto de série, um Sex & The City paulista, e ficou muito bacana mesmo. Na introdução ao trabalho, ela comentou o seguinte:

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"O projeto foi concebido a partir de uma inquietação minha, que dia após dia ouvia as amigas reclamarem das atitudes dos homens ou da falta delas. A partir de então, comecei a ler revistas femininas, como Nova, Gloss, Marie Claire, Claudia e Vogue. Nenhuma delas conseguia me explicar o porquê dos homens não ligarem no dia seguinte, pedir o telefone e não ligar de volta ou não atenderem as trinta ligações de uma mulher. Pode até soar infantil, mas eu realmente buscava respostas nestas revistas, que nunca conseguiram desvendar o que e como fazer e, principalmente, como manter o homem interessado em nós.

Não sei como e por que um dia vi a série Sex & The City, que até então eu só conhecia pelo nome. Coincidentemente, vi o episódio em que Miranda se perguntava por que os homens não ligavam e, no final, Carrie e Miranda chegaram à conclusão que os homens não ligam no dia seguinte ou nunca mais porque simplesmente não estão interessados. Achei a mensagem tão simples e direta!

No entanto, o ápice de minha busca veio quando, por um acaso, eu li uma revista masculina, Men’s Health, que além de ser rica em conteúdo, detalhava aos seus leitores o que, quando, onde e, principalmente, como manter a mulher interessada neles. Cada linha, cada matéria, cada página era tão meticulosamente detalhada que parecia o “mapa da mina”, literalmente. Fiquei surpresa ao perceber que uma revista masculina conseguia passar aos seus leitores informações precisas e objetivas sobre as mulheres, mas as femininas não conseguiam sequer dar uma tacada certeira sobre como agir com os homens. O mais engraçado é que nós, mulheres, sempre fomos tidas como complexas e confusas, mas imagino que indecifráveis não, pois a Men’s Health, pelo menos, tinha decodificado cada atitude e cada manha da mulher moderna."

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Bem, pensando nisso, já que sou uma mulher experiente e casada, resolvi fazer uma lista com dicas precisas e objetivas para ajudar:

1 - Se você quer só transar, as dicas da revista Nova funcionam. Mas não reclame depois, porque ele não mesmo vai te ligar. Como diziam antigamente, "pra que comprar a vaca se já bebi o leite?"

2 - Se você quer casar, entenda algumas coisas:

a) Você NÃO quer casar. Você quer alguma coisa fantasiosa que assistiu numa comédia romântica; casar é conviver com um homem real, e isso dá MUITO trabalho.

b) Se mesmo assim você quer enfrentar o pepino (trocadilho horrível) e casar ou namorar firme, as dicas são:

- Continue agindo com quem não quer casar. Cuide da sua vida, trabalhe, se divirta, e fique prestando atenção à sua volta... se você estiver feliz e se divertindo, algum homem vai gostar disso.

- Provavelmente esse homem não parece o Rodrigo Santoro nem o George Clooney; escolha, entre os interessados, aquele que te agrada mais. Leve em conta aspectos físicos, financeiros, familiares e organizacionais. Marido é pacote completo, não adianta casar com um endividado cronico e achar que isso vai se consertar depois. Mesmo que seja possível consertar, vai dar TANTO trabalho que não vale a pena.

- Quanto à aparência, confie mais no cheiro e nos feromônios do que numa imagem ideal que você tirou de algum filme ou programa de TV.

- Por mais moderno que o mundo aparente esteja, algumas coisas não mudaram. a) é ELE quem deve dizer que quer ficar com você; você pode insinuar, muito sutilmente, mas é ELE quem tem que morder a isca e dizer textualmente. Um cara que não tem coragem de dizer o que quer provavelmente é muito traumatizado por sabe-se lá que origem familiar e vai te dar muito trabalho.

- Se o cara vale a pena, às vezes a mulher pode dar uma ajudinha, traduzindo o que ele quer dizer mas não tem coragem. Precisa ter alguma sensibilidade pra isso, algum bom senso e trato humano. Uma pessoa razoavelmente normal consegue, é só ficar tranquila, não tem nenhum grande mistério. A neura é que atrapalha.

- Você pode controlar o ritmo do relacionamento, sem estressar. Se vocês estão namorando e você quer casar, e o cara está enrolando, você pode dar umas diretas sutis: tipo sossegadamente dizer: "eu quero casar, se você não quer mesmo, então se prepara porque vou pensar num plano B". Só que isso tem que ser honesto, não pode ser chantagem emocional. Entenda que o cara pode realmente não querer, e você vai passar realmente para o plano B, e paciência. Não adianta jogar um verde, depois fazer um drama porque o cara não mordeu a isca.

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- Enfim, depois prepare-se porque os cientistas têm toda razão quando falam das fases da paixão. Depois de 3 anos esfria um pouco, depois de 7 anos esfria muito, o primeiro filho pode ser uma alegria mas normalmente traz à tona traumas que você nem sabia que tinha. Em qualquer crise maior, a dica é sempre voltar para o estágio 1: "Cuide da sua vida, trabalhe, se divirta, e fique prestando atenção à sua volta... se você estiver feliz e se divertindo, algum homem vai gostar disso."

Os homens são necessários?

(texto referente ao post acima)

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"O livro da autora americana Maureen Dowd, apesar do título aparentemente agressivo, é engraçado e generoso, e além disso dedicado aos homens, como consta em itálico na página de dedicatórias. A tradução tem poucos erros de plural do infinitivo pessoal, mas isso não é importante. O tema do livro também não é inédito no Brasil. Poder-se-ia citar como exemplo o título “O que é pênis?”, de José Ângelo Gaiarsa. Mas não sei se é fácil conseguir um exemplar dessa obra em sebos. Quase certamente não existem volumes novos.

O livro de Dowd é gentil e leve, embora o excesso de informações sugira uma leitura lenta. Sobre gentileza, um agradável texto complementar chama-se “Idéias para ajudar escritores aspirantes”, de autoria do autor inglês já falecido Roald Dahl. Provavelmente não existe outra tradução no Brasil além da que tentei fazer em 2003 para auxiliar meus alunos/as interessados/as na carreira de escritor/a. Mas não tenho certeza disso.

Para compreender a obra de Dowd, seria importante, também, ler o capítulo “Leveza”, da obra “Seis propostas para o próximo milênio”, de Italo Calvino. Este livro sim, acredito, ainda está disponível em muitas livrarias do país.

A questão do gênero é muito importante em situações que infelizmente ainda hoje ocorrem: mulheres, pobres ou ricas, que engravidam por circunstâncias acima de sua vontade, porque não têm coragem de pedir que seus companheiros (permanentes ou passageiros) usem camisinha. A escritora brasileira Stella Florence, que realiza trabalho voluntário com adolescentes nessa situação, conversou sobre isso com o público presente em palestra ocorrida na Casa das Rosas há cerca de dois meses. Aparentemente trata-se de um problema de auto-estima e afeto. Mas, acredito, o prejuízo maior desses nascimentos indesejados seja da sociedade, e não das meninas.

Voltando ao livro “Os homens são necessários?”, acho interessante ressaltar que a mãe da autora americana, mencionada na primeira linha de agradecimentos, sugeriu antes de falecer o título “Por que os homens são necessários?”. Imagino que a exclusão do “por que” no título original americano tenha se dado por questões estéticas quanto ao desenho da capa.

Seria importante também relembrar a interessantíssima biografia sobre as biografias escritas a partir da morte de Sylvia Plath. É um livro já traduzido no Brasil, intitulado “A mulher calada”, da americana Janet Malcom. Entretanto, percebo que não há espaço nesta resenha para discutir a questão feminina “no eixo” EUA - Reino Unido.

Finalizando, me parece que o mais importante seja relembrar os versos de Fernando Pessoa: “O amor é essencial / o sexo é só um acidente / pode ser igual / ou diferente / o homem não é um animal / é carne inteligente / embora às vezes doente”. Adoro esse poema por causa das rimas. Elas me fazem lembrar minha professora da segunda série do primário, tia Zélia."

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Comprei um colchão

Hoje coloquei no Sete Linhas o pedaço de uma crônica recusada pela TPM. Na época eu participava da coluna "Casada / Solteira" e pensei que falar de um namorado, ainda que não fosse marido, era parte da idéia de casar: formar um ninho, como está no texto.

A editora não concordou, e o texto ficou na minha pasta sem leitores. Hoje dei uma olhada e me pareceu simpático, então segue na íntegra:

- - -

"Ele foi meu primeiro namorado, eu achava que lembraria para sempre a data de nosso aniversário, tinha certeza de que não conseguiria sobreviver se ele me deixasse. Mas... um dia o namoro terminou, e hoje não consigo lembrar, por mais que tente, qual era a data em que comemorávamos nosso primeiro “beijo bêbado”. Mas era inverno. Sei disso porque não esqueço o frio da primeira noite em que dormimos juntos. Estávamos namorando fazia um mês, eu tinha um colchão novo mas meu edredom era de solteiro e não conseguia cobrir os dois. Ele dormiu na minha casa porque quis (eu não convidei). Esse era o signo de que estávamos namorando de fato. Foi só depois dessa noite que comprei uma coberta decente nas casas Pernambucanas.

Eu morava de maneira improvisada numa casa de fundos, dividindo o espaço com três amigas para que cada uma tivesse “sua privacidade” (ou seja, um lugar para transar). A casa tinha dois quartos, e como fui a última a chegar na república, sobrou a sala para mim - com chão de lajota, gelado de doer. O inverno foi chegando mas eu tinha meu método todo próprio para a aquisição de bens de cama-mesa-e-banho, que era na verdade minha maneira de construir um ninho. Quando cheguei na casa, dormia em cima de um edredom. Eu sabia que precisava comprar mais coisas, mas o dinheiro era pouco e fiz a seguinte promessa: se o Gabriel (objeto da minha paixão) ficasse comigo, eu comprava um colchão. Comecei a relacionar minhas compras com a evolução do nosso namoro. Se ficasse solteira, eu pensava, preferia usar meu dinheiro com coisas mais importantes, como roupas, cerveja e pizza no bar da esquina. Mas se ele quisesse namorar comigo, então eu podia abrir mão de algumas baladas e comprar um colchão, um travesseiro extra, uma xícara a mais.

O frio este ano me faz lembrar essa história, principalmente quando minhas amigas falam de suas pseudo-terapeutas que só repetem que tudo é sintoma de baixa auto-estima. Também faço terapia e curto o processo, mas essa história de auto-estima me enche a paciência. Ok, eu dormia no chão e só comprei um colchão por causa do Gabriel. Isso significa que eu não gostava de mim mesma? Sinceramente, acho que as coisas não são bem assim."

domingo, 2 de novembro de 2008

Na garagem

Hoje os cachorros estavam lambendo um filhote de passarinho morto. Devia ser recém-nascido; o corpo do tamanho de uma azeitona pequena, sem penas ainda.

Pode ter caído já morto no quintal, mas não acredito. Os cachorros defendem seu terreno. Pobre filhote.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Nené - letra e tradução

Ecco sto pensando a te
Nené la mia
Capire no
Né dire so
Per me che sia
Forse ti confondo il viso
Creatura mia
Mi passi e vai
Poi torna ancora
Poi non ci sei
Piccina mia
Bambina mia
Noi fra di noi
Non fummo mai
Per sempre
Stati veri e sinceri
Bello è stato invece e vero
Il gesto che fu mio
Che fu tuo
Fra di noi
Così cammino nella vita anche con te
Ci accompagniamo e come in mezzo al mare
Tu diventi un'isola Nené
E si ammonticchiano le storie sulla via
E tutti insieme sono la memoria mia
Come siamo noi
A me sembra così
A me sembra così
Forse è anche nostalgia
Ma che dolce sia
Che scenda in fondo al cuore mio
Circondi il mondo
E insieme a te respiri
Un'altra volta ancora
Ci ritroviamo fra di noi
Fra di noi
Fra di noi
Così cammino nella vita anche con te
Ci accompagniamo e come in mezzo al mare
Tu diventi un'isola Nené
E si ammonticchiano le storie sulla via
E tutte insieme sono la memoria mia
A me sembra così

- - -

Ó, estou pensando em você
Nené, minha garota
Entender não
Nem dizer eu sei
Por mim, que seja
Talvez eu confunda teu rosto
Criatura minha
Você passa e vai
Depois ainda volta
Depois não está aqui
Pequena minha
Menina minha
Nós entre nós
Não fomos nunca
para sempre
verdadeiros e sinceros
Mas foi bonito, e verdadeiro
o gesto - que foi meu
que foi teu
de nós dois
Assim caminho na vida também com você
Nos acompanhamos e como em meio ao mar
Você se torna uma ilha, Nené
E vão se amontoando as histórias no caminho
E todas juntas são a minha memória
Como somos nós
É o que me parece
Talvez seja também saudade
Mas que seja
que desça fundo no meu coração
circule o mundo
e respire junto a você
Ainda uma vez
Nos encontramos, nós dois
Nós dois

Ascendente em câncer

Em Brasília, lendo o romance do Contardo Calligaris, assistindo várias palestras sobre história do cinema, conversando com gente demais. Quando estudava astrologia, li que "pessoas com ascendente em câncer precisam de sua casa como proteção às agressões do mundo externo".

Estranho é que mesmo coisas suaves parecem agressivas, simplesmente por que não estou em casa.