segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Orkut, brega mas democrático

Pouca gente adulta lê o Folhateen, imagino. Por isso copio o artigo de Ronaldo Lemos (ronaldolemos09@gmail.com), publicado hoje:

- - -

"Tem uma mensagem subliminar aparecendo em muitas matérias e conversas na rede e na imprensa. Ela diz algo como "o Orkut já era, legal agora é o Facebook". Ela deu até origem a um novo verbo: "orkutização". Por exemplo, muita gente falando da "orkutização" do Twitter.

O significado é duplo. Por um lado, refere-se à excessiva exposição do Twitter na mídia, lembrando o que acontecia com o Orkut no final de 2004.
Por outro, reclama da "popularização", do fato de o site deixar de ser um reduto de antenados, geeks e nerds e ficar um pouco mais parecido com o mundo real (para o horror de muitos daqueles).

Pois bem, achei que valia fazer aqui uma pequena homenagem ao Orkut. Primeiro porque o site fez do Brasil uma espécie de pioneiro em redes sociais. A sensação de ter grande parte do seu círculo social on-line, que muitos brasileiros tiveram desde meados de 2004, levou pelo menos dois anos adicionais para acontecer de verdade em outros países (incluindo os EUA).

Além disso, muita gente aprendeu o bê-á-bá da internet (como fazer upload de uma foto, por exemplo) por causa dele. E aí incluem-se os milhões de pessoas que vieram pelas LAN houses de todo o Brasil e que nunca tinham acessado a rede.

Com isso, o Orkut tornou-se um espelho do que é o país, com uma diversidade inacreditável. Ficou para trás a fase em que era um clube ocupado por pessoas bastante homogêneas, com os mesmos gostos e perfil demográfico. O Orkut de hoje é uma ferramenta fascinante para conhecer o Brasil.

Onde mais na rede dá para ficar sabendo do movimento playsson "strondando" nos bairros pobres do Brasil ou da pisadinha, ritmo derivado do forró que está alucinando muita gente? Olhei no Facebook e não havia nada. Já no Orkut há centenas de referências (e comunidades com milhares de pessoas).

Parafraseando os irmãos Marx, prefiro a diversidade, conviver com clubes que não me aceitem como sócio. E por isso o Orkut nunca esteve tão legal".

- -

Ok, confesso que saí do Orkut por esses motivos elitistas. Já estou quase saindo do Facebook. Mas talvez volte incógnita para descobrir o que é playsson.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Limas da Pérsia, 1

Começando devagar o novo livro. As primeiras frases saem espremidas; destinadas talvez ao eterno rascunho.

- - -

"Eu não tinha trinta anos. Não sabia mais sobre a vida que a faculdade, algum sexo e o desprezo à pobreza me houvessem ensinado. Mas estava velha o suficiente para admirar com saudade o impulso juvenil, quando o encontrava.

Tinha sido contratada pela prefeitura para uma oficina cultural no Bom Retiro. Algum alívio em minha desilusão profissional, depois de alguns anos distante de amigos e colegas que admirava. Recém chegados aos trinta anos, estávamos todos aprisionados em escritórios dessa cidade horrível, dedicando nossas horas e esforço aos míseros empregos que nos permitiam sobrevivência pouco menos humilhante que o mais banal horror. Somente pouco menos esmagados que os serventes e empregados domésticos que enchiam ônibus e metrô desde as quatro da manhã: penteados e lavados e enfeitados em roupas mal costuradas de tecidos sintéticos."

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Coisas que escrevi faz tempo

Tudo vai mal. Em compensação, em São Paulo, no bairro da Vila Madalena, o mercado de velas aromáticas decorativas está cada vez melhor.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Da série: textos que dizem tudo

"Moradores observam barracos da favela Olga Benário, queimados durante confronto deflagrado por operação da PM para reintegração de posse do terreno, na região do Capão Redondo, zona sul de São Paulo; em meio a 250 policiais que participam da ação, o fotógrafo do Estado Felipe Araujo e um outro jornalista foram abordados por cinco assaltantes armados, que lhes roubaram os equipamentos e os mantiveram presos em um barraco, durante o incêndio."

OESP, 25/08/2009

- - -

Meu deus: favela Olga Benário!

Versos modernistas p/ o Estado de São Paulo

25 de agosto.
Ah, claro. Incêndio na favela.
2009. Certo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Capítulos

Fiz um planejamento dos possíveis capítulos do livro que recomeço hoje, para um concurso da Funarte.

Escrevi no projeto que faria uma narrativa linear.

Mas - agora - quero escrever as cenas impulsivamente.

De meu primeiro livro, alguém disse algo sobre o ritmo em avalanche - seria uma qualidade.

Dividida entre isso e a racionalidade.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Triste vinho

"Não chovas, maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.

Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma.

(...)

Pois chovendo atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,

que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva."


(Carlos Drummond de Andrade. Caso pluvioso, em Viola de bolso I)


- - -

Ah, melhor avisar: mudei duas palavras.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Fernando Bonassi

Em 1997, num impulso juvenil de libertação, liguei para a casa do Fernando Bonassi e disse na secretária eletrônica que largaria meu emprego e dedicaria todo meu tempo a escrever.

Ele era o único escritor vivo que eu conhecia, e costumava ser gentil comigo.

Encontrei-o em lançamentos uma ou duas vezes, e em alguns momentos tive novamente essa energia desvairada.

Depois ouvi de um amigo que ele me considerava "muito louca", o que não é ofensa nesses círculos, mas certamente um exagero no meu caso.

- - -

De todo modo, ainda hoje, tenho nostalgia dos juramentos impulsivos diante de estranhos. Ainda espero, em minha sensatez cotidiana, cumprir a promessa.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Auge da loucura, 4

(continuação do n. 3)

- - -

- Olha, não é muito mas dá pra vocês comprarem alguns pães.

Na viagem até Jacareí fui observando que a mulher de óculos dirigia muito bem e aliás melhor do que muito marmanjo que anda por aí, porém a mulher não falou nada a não ser perguntar se eu morava em São José dos Campos.

Em Jacareí eu fiquei esperando que algum carro passasse na saidinha que dá na Dutra porém ali também quase não havia movimento.

Porém, pouco depois, apareceu um andante que vinha com saco nas costas andando pelo acostamento da Dutra e como eu tenho muita pena desta gente eu me aproximei e dei uma nota de 1 real que eu tinha no bolso para ele.

Uma vez feito isso, voltei para o lugar onde eu estava parado antes e poucos segundos depois parou um carro na Dutra e me chamou.

E assim eu me aproximei e perguntei para o homem até onde ele ia.

- São Paulo.
- Então jóia.

Pouco depois o homem que estava vindo do litoral perguntou se eu sabia onde ficava a av. Angélica.

- Sei. Eu vou lá perto.
- Falaram para eu entrar pela Consolação.
- E o sr. sabe como fazer isso?
- Mais ou menos.
- Então não se preocupe pois eu lhe mostro.

Eram 8:30 quando desci do carro na esquina do cemitério da Consolação. Ou seja, a menos de 200 metros da gráfica onde vou tdas as semanas.

Geralmente, as minhas viagens de carona sempre correm bem porém cabe resalvar que todas as vezes que encontro com um andante e dou alguma coisa para ele, as coisas imediatamente parece que correm melhor ainda.


- - -

COMENTÁRIO: Deu certo, então jóia.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Belém high-tech

Tecnologia brasileira para uma porta maior que o espaço disponível. Notem o capricho no batente, pra tapar o buraquinho:





quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Auge da loucura, 3

Este é um blog feliz, porque alguém se interessou pelos folhetos do Auge da Loucura. Nos próximos dias, vou transcrever outros episódios.

Coloco hoje uma página digitalizada, para que vocês possam ver o rostinho do texto.



O AUGE DA LOUCURA CONTINUA VIAJANDO DE CARONA

O nosso folheto está sendo distribuido agora também em São Paulo e por isso muitos dos nossos novos leitores não sabem que isso foi inventado graças aos planos econômicos que andam tumultuando a vida de todo mundo aqui no Brasil pois como estes planos criaram recessão, crise e tal aconteceu que eu, por causa disso, também fiquei desempregado razão por que inventei o AUGE DA LOUCURA e que é um empreendimento que foi iniciado sem um só centavo de capital e mesmo por que os nossos métodos de trabalho são todos um tanto invulgares como viajar de carona por exemplo pois como os folhetos são impressos numa gráfica que fica nas proximidades da rua Augusta em São Paulo, eu vou de Caçapava e volto de São Paulo todas as semanas desta forma.

Uma viagem de ida e volta de Caçapava até São Paulo está custando 14 reais e como estou fazendo esta viagem há 3 anos, faça a conta e veja quanto dinheiro já foi economizado deste jeito. Não parece, porém já são mais de 2.000 reais que eu não precisei arrancar de alguém.

Agora veja como foi a minha última viagem para São Paulo na sexta-feira após o feriado do dia 12 de outubro pois as coisas aconteceram assim:

Primeiro, fui as 6:00 horas da manhã até a saída da av. Henry Nestlé que dá na Dutra e aí parei ali e comecei a rezar pedindo para Deus me dar a carona.

Mas como quase não havia ninguém passando por causa do feriado pois quase todo mundo emendou, aconteceu que este primeiro lance demorou mais de 40 minutos até que finalmente um carro parou e me levou até São José dos Campos.

AS VACAS DO FAZENDEIRO

Este carro era de um fazendeiro e na viagem ele foi contando que os bandidos andavam entrando de noite na fazenda dele e roubando vacas.

- Eles matam a vaca. Tiram a barrigada e depois levam embora. Já me roubaram 4 ou 5 vacas deste jeito. Depois eles vendem esta carne para alguns açougues que compram.

- E os açougues não sabem que se trata de carne roubada?

- Claro que sabem porém são todos uns sem-vergonhas. Sabe, hoje não existe mais ninguém honesto neste mundo. Por dinheiro, eles vendem até a mãe.

Pouco depois eu parei perto da ponte da Jonhson em São José dos Campos e comecei a rezar.

- Ó Senhor, faz favor, me dê uma carona que me permita recuperar o tempo que perdi em Caçapava.

Pouco depois apareceu uma mulher de óculos que me levou até Jacareí porém antes eu havia visto uns andantes que estavam parados perto do viaduto e como eu tinha umas moedas no bolso fui até lá e chamei um deles.

(Continua na página 3)


- - -

COMENTÁRIO: Adoro a última fala. É o que todos devíamos pedir a deus: uma carona que nos permitisse recuperar o tempo que perdemos em Caçapava.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Atravessei os sete mares e por todos os lugares...

Cheguei em Belém!

Estou feliz. Gostaria muito de ser aventureira, mas a verdade é que... o mundo não vale o meu lar.

Amanhã à noite volto a SP, para matar as saudades de meus lindos cachorrinhos!