Cortei tudo o que havia de doce harmonia na versão anterior:
- - -
"Juliana me mostrou uma foto de sua irmã: era uma moça alta, magra, com um rosto delicado e nariz fino. Juliana estava ao seu lado, bem mais nova, pequena e menina; as duas tinham um sorriso aberto e feliz. Atrás dela havia um jardim com uma piscina.
- É a casa dela?
- Não. É a casa onde eu morava antes - Juliana disse, e abaixou os olhos.
Ela permaneceu em silêncio e percebi de repente, como num susto, que casa era aquela. Era a casa de seu Damasceno. Onde morava sua primeira esposa. Onde Juliana vivia antes, quando o padrinho era patrão, e sua mãe empregada. Fiquei excitada ao descobrir a confirmação desse enorme segredo, que nenhuma garota no condomíno sabia com certeza, nem Paula, nem as meninas do Colibri, nem talvez a minha mãe. Usei toda minha naturalidade para continuar falando como se não fosse nada:
- Você gostava de lá?
- Gostava.
- Você preferia morar lá ou aqui?
- Por que você está perguntando isso?
- Tem gente que prefere morar em casa. Tem gente que prefere apartamento.
- Eu prefiro apartamento. Quando eu fizer quatorze anos, vou morar com minha irmã em São Paulo.
- Ah.
A mudança para São Paulo não me interessava muito, mas ela parecia envolvida com o assunto e continuou a falar:
- Lá tem um curso de modelo que minha irmã conhece. Ela disse que sou muito baixa para ser manequim, mas meu rosto é fotogênico. Ela tem uma amiga que trabalha numa agência. Eles fazem um book para todas as alunas. É um álbum de fotos que toda modelo tem."
sexta-feira, 30 de maio de 2008
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Salto médio
Uma pequena mudança para aumentar a ironia contra o narrador: na descrição dos saltos, inseri um salto "médio". Porque a enumeração de saltos pequenos, grandes e médios, por ser completa, é também vazia, o que desmonta o sentido da observação. Também inseri o comentário, "talvez não me interessasse tanto". Bem, na primeira versão ela talvez se importasse, pois descrevia o braço do garoto e alguma relação com a cena. Preferi deixar bem claro o contrário.
Versão 1:
A cada salto de Aramis a bicicleta levantava numa posição diferente, a roda virada em novo ângulo. Às vezes ia alto, às vezes o salto era pequeno, e a bicicleta mal deixava o chão. Eu observava a velocidade com que ele vinha pela trilha, e tentava imaginar a altura que iria atingir. Olhava seus braços, tentando prever o ângulo que faria para girar o guidão. Eu queria que Juliana me visse ali. Se ela passasse por acaso, e me visse sentada, admirando Aramis, negro como ela, então ela perceberia que podia se aproximar de mim, pois eu iria admirá-la também. Eu era diferente. Ela iria perceber.
Versão 2:
A cada salto de Aramis a bicicleta levantava numa posição diferente, a roda virada em novo ângulo. Às vezes ia alto, às vezes o salto era pequeno, às vezes médio. Eu observava tudo isso mas talvez não me interessasse tanto. Queria que Juliana me visse ali. Se passasse por acaso e me visse com Aramis, então ela perceberia a diferença. Eu estava junto com ele, que era negro como ela. Eu não tinha preconceitos. Ela iria perceber.
Versão 1:
A cada salto de Aramis a bicicleta levantava numa posição diferente, a roda virada em novo ângulo. Às vezes ia alto, às vezes o salto era pequeno, e a bicicleta mal deixava o chão. Eu observava a velocidade com que ele vinha pela trilha, e tentava imaginar a altura que iria atingir. Olhava seus braços, tentando prever o ângulo que faria para girar o guidão. Eu queria que Juliana me visse ali. Se ela passasse por acaso, e me visse sentada, admirando Aramis, negro como ela, então ela perceberia que podia se aproximar de mim, pois eu iria admirá-la também. Eu era diferente. Ela iria perceber.
Versão 2:
A cada salto de Aramis a bicicleta levantava numa posição diferente, a roda virada em novo ângulo. Às vezes ia alto, às vezes o salto era pequeno, às vezes médio. Eu observava tudo isso mas talvez não me interessasse tanto. Queria que Juliana me visse ali. Se passasse por acaso e me visse com Aramis, então ela perceberia a diferença. Eu estava junto com ele, que era negro como ela. Eu não tinha preconceitos. Ela iria perceber.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Banquinho verde
Entre tantos lugares estranhos em que procurei a internet, este talvez seja o misto mais improvável entre um lar e o improviso tecnológico.
No fundo da minha casa fica o escritório do meu marido. É uma edícola de dois andares. No térreo há um quarto de empregada. Ela dorme aqui durante a semana porque tem um filho pequeno, difícil voltar de ônibus para seu bairro todo dia.
Nesse quarto o quadro com os fios de telefone. O fio principal de banda larga é dividido por um roteador entre 5 computadores. Desde quarta-feira o roteador estragou, e a única maneira de usar a internet é colocar um laptop ali dentro e puxar um cabo diretamente do modem.
No quarto há um berço, e o bebê dormindo.
A TV ligada no discovery kids.
O computador sobre a cama dela, e eu sentada num banquinho de madeira pintado de verde, que peguei da casa do meu avô quando ele morreu.
Ele gostava de verde claro, rosa claro, azul claro. Eram as cores usadas pelos imigrantes poloneses em Curitiba. Várias casas de madeira pintadas assim.
O bebê acordou e está olhando pra mim, me oferecendo seu brinquedo amarelo. Coloquei seu triciclo na porta, para os cachorros não invadirem o quarto.
Tudo isso para usar a internet.
Realmente muito estranho.
No fundo da minha casa fica o escritório do meu marido. É uma edícola de dois andares. No térreo há um quarto de empregada. Ela dorme aqui durante a semana porque tem um filho pequeno, difícil voltar de ônibus para seu bairro todo dia.
Nesse quarto o quadro com os fios de telefone. O fio principal de banda larga é dividido por um roteador entre 5 computadores. Desde quarta-feira o roteador estragou, e a única maneira de usar a internet é colocar um laptop ali dentro e puxar um cabo diretamente do modem.
No quarto há um berço, e o bebê dormindo.
A TV ligada no discovery kids.
O computador sobre a cama dela, e eu sentada num banquinho de madeira pintado de verde, que peguei da casa do meu avô quando ele morreu.
Ele gostava de verde claro, rosa claro, azul claro. Eram as cores usadas pelos imigrantes poloneses em Curitiba. Várias casas de madeira pintadas assim.
O bebê acordou e está olhando pra mim, me oferecendo seu brinquedo amarelo. Coloquei seu triciclo na porta, para os cachorros não invadirem o quarto.
Tudo isso para usar a internet.
Realmente muito estranho.
domingo, 25 de maio de 2008
Joelhos no armário
Minha relação ambígua com o serviço de casa.
Logo que entrei na faculdade e comecei a morar sozinha, tinha um ânimo metódico quanto à limpeza. No sábado de manhã ligava o rádio e arrumava a casa. Era uma estação especializada em rap, 1993, os Racionais estavam começando. Um grupo se chamava "Baseado nas ruas", eu gostava desse nome de sentido duplo. Ficava feliz com a música e a casa limpa.
Mas minha amiga reclamava. Ela também morava sozinha pela primeira vez e a faxina a incomodava por algum motivo. "Você parece minha mãe", ela dizia. Não é exatamente algo que gostamos de ouvir aos 18 anos, e passei a ter vergonha de limpar a casa na frente dela.
Nos anos seguintes, meu ânimo variava... quando estava namorando, os sábados eram mais ocupados e a limpeza ficava para depois. Durante um tempo, dividi a faxineira com meu namorado. Éramos vizinhos, e ela ficava 3 horas em cada apartamento.
Comecei a trabalhar e percebi que uma faxineira era realmente importante. Ela fazia a limpeza grossa (sempre odiei passar pano no chão) e eu completava os detalhes. Lavar um pouquinho de louça, colocar a roupa na máquina, tirar o lixo. É ok e me relaxa.
Em 2003 casei e fui morar numa casa maior, com empregada fixa, e a mudança me deixou sem referência por um tempo. No fim de semana pensava: por que vou lavar a louça no sábado, se na segunda-feira vem a empregada? Por que vou catar as roupas no chão, se ela pode catar? Durante uns meses, nem sabia onde estavam as coisas no armário. Ela organizava as coisas do seu jeito e quando precisava de uma jarra, tinha que abrir todos os armários até encontrar.
A casa foi reformada e mobiliada pelo meu marido, logo tive a sensação física de que "a casa não era minha". Não era minha de propriedade nem de estilo. E também não era minha de uso, porque eu não mexia nas coisas... estava ali como uma hóspede.
Foi então que comecei a limpar a casa num sentido psicológico... catava os sapatos dele, não porque me importasse ver a sala arrumada, mas para sentir que estava fazendo algo, interferindo na casa. Organizava a bagunça da sala sabendo que era um trabalho inútil, num certo sentido. Porque havia outra pessoa para fazer isso. Mas eu precisava fazer: porque precisava sentir que a casa era minha.
Detalhes "femininos" e "naturais": roupas, louça, produtos de limpeza, a casa. Tudo isso me parece arbitrário do ponto de vista material. Demorei a entender que havia uma importância emocional e social.
Realmente, não me importa muito que haja pratos sujos na pia durante 2 ou 3 dias. Mas às vezes aparecem visitas e já ouvi comentários (talvez indiretas) de mulheres que "não conseguem ver nada sujo na cozinha". Então lavo a louça no fim-de-semana, de maneira quase teatral: para que a casa esteja cuidada caso alguém apareça. E para que eu sinta: estou cuidando da casa.
É claro que, literariamente e existencialmente, a auto-ajuda é um horror. Dizer "você precisa cuidar de si mesmo", como mágico conselho, é fugir da questão essencial. Não se resolvem os problemas de fora para dentro.
Mas se você vai até o fundo da questão... o quem tem lá dentro é secreto e seu. Entendendo isso, o horror faz parte de você como o pâncreas ou uma vértebra. Então você pode aceitar o óbvio e "cuidar de si mesmo", no sentido banal e doméstico, limpando a casa e se vestindo bem. Mesmo acreditando que estaríamos igualmente bem sentados na terra, descalços e sujos.
O óbvio é talvez o mais difícil e as palavras são absorvidas pela auto-ajuda.
Aceitar o que somos.
O conselho é óbvio mas sua extensão implica um longo trabalho de compreensão e entendimento. A "aceitação" é tudo menos fácil. Quantos anos levei para controlar a inveja de quem é mais rico que eu? Quanto tempo demorei para controlar a compaixão excessiva pelos mais pobres? A sensação de que minha vida seria melhor se eu tivesse nascido em outro lugar, em outro tempo, com outro patrimônio de herança?
Entre o sentimento de auto-piedade, me lamentando porque preciso ter um emprego mesmo desejando viver de renda. Entre a comoção deprimida ao pensar que deveria ter estudado Assistência Social e trabalhar na Febem.
Aceitar que: aceitar. Não há complemento possível para essa frase.
Aceitar que existe um "eu". Isso é o mais arbitrário: eu + preciso + me + proteger.
Mas: apesar de arbitrário, eu preciso me proteger.
Às vezes me espanto com o tempo que demoro para perceber o óbvio.
Em casa a pia é muito baixa. Além de tudo o que expliquei acima, minhas costas doem quando lavo a louça. Tentei trocar a torneira mas não existem modelos tão longos que compensem a altura. Pensei em usar um banco, mas meus joelhos encostavam no armário.
Somente ontem pensei: mas por que não abro o armário?
Talvez alguém entre na cozinha e ache a cena ridícula: eu, diante da pia, lavando a louça sentada num banco, com os joelhos dentro do armário.
Mas até isso é preciso aceitar.
Logo que entrei na faculdade e comecei a morar sozinha, tinha um ânimo metódico quanto à limpeza. No sábado de manhã ligava o rádio e arrumava a casa. Era uma estação especializada em rap, 1993, os Racionais estavam começando. Um grupo se chamava "Baseado nas ruas", eu gostava desse nome de sentido duplo. Ficava feliz com a música e a casa limpa.
Mas minha amiga reclamava. Ela também morava sozinha pela primeira vez e a faxina a incomodava por algum motivo. "Você parece minha mãe", ela dizia. Não é exatamente algo que gostamos de ouvir aos 18 anos, e passei a ter vergonha de limpar a casa na frente dela.
Nos anos seguintes, meu ânimo variava... quando estava namorando, os sábados eram mais ocupados e a limpeza ficava para depois. Durante um tempo, dividi a faxineira com meu namorado. Éramos vizinhos, e ela ficava 3 horas em cada apartamento.
Comecei a trabalhar e percebi que uma faxineira era realmente importante. Ela fazia a limpeza grossa (sempre odiei passar pano no chão) e eu completava os detalhes. Lavar um pouquinho de louça, colocar a roupa na máquina, tirar o lixo. É ok e me relaxa.
Em 2003 casei e fui morar numa casa maior, com empregada fixa, e a mudança me deixou sem referência por um tempo. No fim de semana pensava: por que vou lavar a louça no sábado, se na segunda-feira vem a empregada? Por que vou catar as roupas no chão, se ela pode catar? Durante uns meses, nem sabia onde estavam as coisas no armário. Ela organizava as coisas do seu jeito e quando precisava de uma jarra, tinha que abrir todos os armários até encontrar.
A casa foi reformada e mobiliada pelo meu marido, logo tive a sensação física de que "a casa não era minha". Não era minha de propriedade nem de estilo. E também não era minha de uso, porque eu não mexia nas coisas... estava ali como uma hóspede.
Foi então que comecei a limpar a casa num sentido psicológico... catava os sapatos dele, não porque me importasse ver a sala arrumada, mas para sentir que estava fazendo algo, interferindo na casa. Organizava a bagunça da sala sabendo que era um trabalho inútil, num certo sentido. Porque havia outra pessoa para fazer isso. Mas eu precisava fazer: porque precisava sentir que a casa era minha.
Detalhes "femininos" e "naturais": roupas, louça, produtos de limpeza, a casa. Tudo isso me parece arbitrário do ponto de vista material. Demorei a entender que havia uma importância emocional e social.
Realmente, não me importa muito que haja pratos sujos na pia durante 2 ou 3 dias. Mas às vezes aparecem visitas e já ouvi comentários (talvez indiretas) de mulheres que "não conseguem ver nada sujo na cozinha". Então lavo a louça no fim-de-semana, de maneira quase teatral: para que a casa esteja cuidada caso alguém apareça. E para que eu sinta: estou cuidando da casa.
É claro que, literariamente e existencialmente, a auto-ajuda é um horror. Dizer "você precisa cuidar de si mesmo", como mágico conselho, é fugir da questão essencial. Não se resolvem os problemas de fora para dentro.
Mas se você vai até o fundo da questão... o quem tem lá dentro é secreto e seu. Entendendo isso, o horror faz parte de você como o pâncreas ou uma vértebra. Então você pode aceitar o óbvio e "cuidar de si mesmo", no sentido banal e doméstico, limpando a casa e se vestindo bem. Mesmo acreditando que estaríamos igualmente bem sentados na terra, descalços e sujos.
O óbvio é talvez o mais difícil e as palavras são absorvidas pela auto-ajuda.
Aceitar o que somos.
O conselho é óbvio mas sua extensão implica um longo trabalho de compreensão e entendimento. A "aceitação" é tudo menos fácil. Quantos anos levei para controlar a inveja de quem é mais rico que eu? Quanto tempo demorei para controlar a compaixão excessiva pelos mais pobres? A sensação de que minha vida seria melhor se eu tivesse nascido em outro lugar, em outro tempo, com outro patrimônio de herança?
Entre o sentimento de auto-piedade, me lamentando porque preciso ter um emprego mesmo desejando viver de renda. Entre a comoção deprimida ao pensar que deveria ter estudado Assistência Social e trabalhar na Febem.
Aceitar que: aceitar. Não há complemento possível para essa frase.
Aceitar que existe um "eu". Isso é o mais arbitrário: eu + preciso + me + proteger.
Mas: apesar de arbitrário, eu preciso me proteger.
Às vezes me espanto com o tempo que demoro para perceber o óbvio.
Em casa a pia é muito baixa. Além de tudo o que expliquei acima, minhas costas doem quando lavo a louça. Tentei trocar a torneira mas não existem modelos tão longos que compensem a altura. Pensei em usar um banco, mas meus joelhos encostavam no armário.
Somente ontem pensei: mas por que não abro o armário?
Talvez alguém entre na cozinha e ache a cena ridícula: eu, diante da pia, lavando a louça sentada num banco, com os joelhos dentro do armário.
Mas até isso é preciso aceitar.
terça-feira, 20 de maio de 2008
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Ricas e volumosas
Ontem conversei com meu marido sobre a indústria têxtil, porque sempre temos certo desacordo no respeito a roupas. Ele gosta de comprar marcas caras (na verdade, nem tantas marcas, nem tão caras assim: só uma relação de fidelidade com a Richard's).
Várias vezes ele reclama das roupas que compro, dizendo que são muito baratas, de má qualidade, etc. Já tentei explicar que meu problema principal é o tamanho. Tenho 1,80m e não sou muito magra, o que resulta num manequim 48 (em média, levando em conta a pouca regularidade das medidas no Brasil).
Bem, quase todas as marcas fabricam só até o GG, que equivale ao número 46. Assim, fico restrita às lojas de "tamanhos grandes". Essas lojas são bastante específicas: fazem roupas para mulheres de meia-idade, de classe média. Os preços são quase sempre iguais: uma blusa custa entre R$ 60 e R$ 80. Uma calça ou saia em torno de R$ 100. As cores, tecidos e modelos normalmente são aquilo que se entende por "roupa para velhas" ou "roupa para secretárias": crepe, poliéster, estampas floridas, cores pastel-escuro. Além dos horrores que variam conforme a moda popular: por exemplo, no ano passado, cores básicas e assustadoras de pincel-atômico.
É muito difícil achar roupas "jovens" nessas lojas. Uma camiseta listradinha, impossível. Algodão praticamente não existe. O tecido mais natural que encontro é a nova "malha de viscose", que é metade viscose, metade algodão. Como viscose é feita de madeira, digamos que ao menos não é sintético. Parecia uma solução, mas logo descobri que cria bolinhas facilmente.
A Hering fabrica camisetas de algodão tamanho 48 (o EXG), mas só uma vez, 4 anos atrás, encontrei um modelo adequado ao corpo feminino - que seria uma espécie de "baby look" extra-grande. Uma noção evidente: como a mulher tem quadril mais largo, a camiseta tem que ser um pouco mais curta para não virar uma salsicha depois da cintura. Por causa dos seios, a manga também deve ser menor e acabar antes do bico, para não criar dois volumes na mesma linha horizontal. E a gola poderia ser um pouco mais larga, se não fosse pedir demais. Bem: eles fizeram isso uma vez e nunca mais. As camisetas grandes são sempre modelo "unissex", ou seja, masculino.
No mês passado, porque eu estava sem dinheiro e cansada dessas roupas de senhora, resolvi comprar camisetas normais e fazer as adaptações eu mesma. Corto quase 10 cm do comprimento, 5 cm das mangas, e faço a barra arrematando com linha de bordado. Não fica profissional, mas como posso ser "alternativa", não precisa. Chamo isso de estilo "Leonilson", em homenagem às suas obras bordadas.
Nos perguntamos, eu e meu marido, onde as mulheres grandes e ricas compram suas roupas. Na Europa ou nos EUA? Ou fazem em costureiras?
Ah... a vida exige uma técnica.
Várias vezes ele reclama das roupas que compro, dizendo que são muito baratas, de má qualidade, etc. Já tentei explicar que meu problema principal é o tamanho. Tenho 1,80m e não sou muito magra, o que resulta num manequim 48 (em média, levando em conta a pouca regularidade das medidas no Brasil).
Bem, quase todas as marcas fabricam só até o GG, que equivale ao número 46. Assim, fico restrita às lojas de "tamanhos grandes". Essas lojas são bastante específicas: fazem roupas para mulheres de meia-idade, de classe média. Os preços são quase sempre iguais: uma blusa custa entre R$ 60 e R$ 80. Uma calça ou saia em torno de R$ 100. As cores, tecidos e modelos normalmente são aquilo que se entende por "roupa para velhas" ou "roupa para secretárias": crepe, poliéster, estampas floridas, cores pastel-escuro. Além dos horrores que variam conforme a moda popular: por exemplo, no ano passado, cores básicas e assustadoras de pincel-atômico.
É muito difícil achar roupas "jovens" nessas lojas. Uma camiseta listradinha, impossível. Algodão praticamente não existe. O tecido mais natural que encontro é a nova "malha de viscose", que é metade viscose, metade algodão. Como viscose é feita de madeira, digamos que ao menos não é sintético. Parecia uma solução, mas logo descobri que cria bolinhas facilmente.
A Hering fabrica camisetas de algodão tamanho 48 (o EXG), mas só uma vez, 4 anos atrás, encontrei um modelo adequado ao corpo feminino - que seria uma espécie de "baby look" extra-grande. Uma noção evidente: como a mulher tem quadril mais largo, a camiseta tem que ser um pouco mais curta para não virar uma salsicha depois da cintura. Por causa dos seios, a manga também deve ser menor e acabar antes do bico, para não criar dois volumes na mesma linha horizontal. E a gola poderia ser um pouco mais larga, se não fosse pedir demais. Bem: eles fizeram isso uma vez e nunca mais. As camisetas grandes são sempre modelo "unissex", ou seja, masculino.
No mês passado, porque eu estava sem dinheiro e cansada dessas roupas de senhora, resolvi comprar camisetas normais e fazer as adaptações eu mesma. Corto quase 10 cm do comprimento, 5 cm das mangas, e faço a barra arrematando com linha de bordado. Não fica profissional, mas como posso ser "alternativa", não precisa. Chamo isso de estilo "Leonilson", em homenagem às suas obras bordadas.
Nos perguntamos, eu e meu marido, onde as mulheres grandes e ricas compram suas roupas. Na Europa ou nos EUA? Ou fazem em costureiras?
Ah... a vida exige uma técnica.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Trancinhas
Hoje comprei um penhoar.
Alguns meses atrás, lendo "À sombra das raparigas em flor", estranhei uma passagem em que se descrevia a sra. Swann vestindo um. Como o texto era traduzido, pensei que havia algum erro... ela era elegante demais para isso. Perguntei a uma amiga especialista em moda, que me explicou o que era o "robe-de-chambre" no século XIX.
Nenhuma relação com essa espécie de roupão deselegante que as donas-de-casa usavam nos anos 60.
De todo modo, hoje vi um desses numa lojinha minúscula e não resisti. O tecido não é de espuma, e não tem flores. É azul de algodão. Uma perversão estética absolutamente pacífica e macia.
Tenho uma obsessão desde criança com as roupas da minha memória. Com 9 anos eu sonhava encontrar um mágico qualquer que fizesse reaparecer, me servindo novamente, as roupas preferidas de quando eu tinha 2, 3, 5 anos: um macacão de jeans desbotado, um vestido vermelho de bolinhas brancas, uma camiseta listrada de marinheiro.
Uma amiga dizia: é impossível não gostar de alguém que use macacão e trancinhas.
Checando a palavra na internet, achei o seguinte trecho:
Regrets sur ma vieille robe de chambre
ou avis à ceux qui ont plus de goût que de fortune
par Denis DIDEROT
"Ma vieille robe de chambre était une avec les autres guenilles qui m'environnaient. Une chaise de paille, une table de bois, une tapisserie de Bergame, une planche de sapin qui soutenait quelques livres, quelques estampes enfumées, sans bordure, clouées par les angles sur cette tapisserie ; entre ces estampes trois ou quatre plâtres suspendus formaient avec ma vieille robe de chambre l'indigence la plus harmonieuse.
Tout est désaccordé. Plus d'ensemble, plus d'unité, plus de beauté."
Alguns meses atrás, lendo "À sombra das raparigas em flor", estranhei uma passagem em que se descrevia a sra. Swann vestindo um. Como o texto era traduzido, pensei que havia algum erro... ela era elegante demais para isso. Perguntei a uma amiga especialista em moda, que me explicou o que era o "robe-de-chambre" no século XIX.
Nenhuma relação com essa espécie de roupão deselegante que as donas-de-casa usavam nos anos 60.
De todo modo, hoje vi um desses numa lojinha minúscula e não resisti. O tecido não é de espuma, e não tem flores. É azul de algodão. Uma perversão estética absolutamente pacífica e macia.
Tenho uma obsessão desde criança com as roupas da minha memória. Com 9 anos eu sonhava encontrar um mágico qualquer que fizesse reaparecer, me servindo novamente, as roupas preferidas de quando eu tinha 2, 3, 5 anos: um macacão de jeans desbotado, um vestido vermelho de bolinhas brancas, uma camiseta listrada de marinheiro.
Uma amiga dizia: é impossível não gostar de alguém que use macacão e trancinhas.
Checando a palavra na internet, achei o seguinte trecho:
Regrets sur ma vieille robe de chambre
ou avis à ceux qui ont plus de goût que de fortune
par Denis DIDEROT
"Ma vieille robe de chambre était une avec les autres guenilles qui m'environnaient. Une chaise de paille, une table de bois, une tapisserie de Bergame, une planche de sapin qui soutenait quelques livres, quelques estampes enfumées, sans bordure, clouées par les angles sur cette tapisserie ; entre ces estampes trois ou quatre plâtres suspendus formaient avec ma vieille robe de chambre l'indigence la plus harmonieuse.
Tout est désaccordé. Plus d'ensemble, plus d'unité, plus de beauté."
terça-feira, 13 de maio de 2008
Se era simbólico
Mudei ainda um pouco. Achei melhor negar a explicação:
"A psicóloga perguntou por que eu havia desenhado um muro à esquerda do papel, colocando minha amiga no centro desenho e minha casa no outro canto, somente um pedaço, o bico do telhado e a janela. Eu não soube responder. Ela repetiu a pergunta: por que havia uma janela e um muro separando meu quarto do quintal e minha amiga?
Eu pensei numa resposta, mas não disse. Parecia óbvio e tive medo de dizer, pareceria talvez agressivo? Havia realmente o muro, havia a janela. Se isso era simbólico, se o muro e a janela significavam qualquer outra coisa que eu não percebia, o que eu poderia fazer? Eu desenhei o que estava lá. Era o que eu via."
"A psicóloga perguntou por que eu havia desenhado um muro à esquerda do papel, colocando minha amiga no centro desenho e minha casa no outro canto, somente um pedaço, o bico do telhado e a janela. Eu não soube responder. Ela repetiu a pergunta: por que havia uma janela e um muro separando meu quarto do quintal e minha amiga?
Eu pensei numa resposta, mas não disse. Parecia óbvio e tive medo de dizer, pareceria talvez agressivo? Havia realmente o muro, havia a janela. Se isso era simbólico, se o muro e a janela significavam qualquer outra coisa que eu não percebia, o que eu poderia fazer? Eu desenhei o que estava lá. Era o que eu via."
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Aquele casal
Voltei a escrever o livro. Estou feliz.
Mudei o início e retirei a oficina literária, para evitar qualquer sinal de metalinguagem. A revisão é um processo doido - dar liberdade ao preciosismo. Por exemplo, resolvi inverter os gêneros de dois personagens, o terapeuta e a professora. Viraram uma só figura: uma psicóloga. Por quê? Acho que simplesmente para afastar de minha memória meu primeiro psicanalista, lembrança que me incomoda.
- - -
"Talvez eu estivesse errada quando decidi interromper o tratamento com a psicóloga. Meu irmão disse, ela era inteligente. Seria provavelmente mais capaz de interpretar o que não consegui.
Quando eu não queria falar, ela improvisava brincadeiras. Havia uma mesa larga no fundo do consultório, onde atendia as crianças. Um dia me chamou e colocou folhas de papel branco à minha frente. Me deu lápis coloridos e tinta guache. Pediu que eu desenhasse alguma coisa, qualquer coisa que passasse pela minha cabeça. Eu não sabia bem, demorei um pouco, envergonhada. Por fim pensei em desenhar o quintal da casa vizinha, onde morava minha amiga, que eu via da janela. Sempre que acordava e abria as cortinas, eu via esse quintal descuidado, com plantas e mato crescendo sem nenhuma ordem. Fiz o contorno do terreno e desenhei minha amiga cuidando das plantas, grávida. Eu tinha sua imagem muito clara na memória, não foi difícil. Então a psicóloga pediu que eu explicasse o que havia feito.
Comecei a falar sobre minha vizinha, sua relação com o marido que era militante de esquerda, como tomávamos café-da-manhã aos sábados e me impressionava tanto aquele casal, a barriga de minha amiga crescendo, essa criança que iria nascer mas nunca era mencionada, apenas crescia naquela barriga enquanto eles discutiam a relação da imprensa com o Movimento dos Sem-Terra.
A psicóloga perguntou por que eu havia desenhado um muro à esquerda do papel, colocando minha amiga no centro desenho e minha casa no outro canto, somente um pedaço, o bico do telhado e a janela. Eu não soube responder. Ela repetiu a pergunta: por que havia uma janela e um muro separando meu quarto do quintal e minha amiga?
Eu pensei num resposta, mas não disse. Parecia óbvio e tive vergonha de dizer. A gravidez significaria qualquer coisa que talvez não importe, mas eu percebia o sentimento: a sensação de que aquilo não era meu.
Aquilo - o que fosse - era dos outros."
Mudei o início e retirei a oficina literária, para evitar qualquer sinal de metalinguagem. A revisão é um processo doido - dar liberdade ao preciosismo. Por exemplo, resolvi inverter os gêneros de dois personagens, o terapeuta e a professora. Viraram uma só figura: uma psicóloga. Por quê? Acho que simplesmente para afastar de minha memória meu primeiro psicanalista, lembrança que me incomoda.
- - -
"Talvez eu estivesse errada quando decidi interromper o tratamento com a psicóloga. Meu irmão disse, ela era inteligente. Seria provavelmente mais capaz de interpretar o que não consegui.
Quando eu não queria falar, ela improvisava brincadeiras. Havia uma mesa larga no fundo do consultório, onde atendia as crianças. Um dia me chamou e colocou folhas de papel branco à minha frente. Me deu lápis coloridos e tinta guache. Pediu que eu desenhasse alguma coisa, qualquer coisa que passasse pela minha cabeça. Eu não sabia bem, demorei um pouco, envergonhada. Por fim pensei em desenhar o quintal da casa vizinha, onde morava minha amiga, que eu via da janela. Sempre que acordava e abria as cortinas, eu via esse quintal descuidado, com plantas e mato crescendo sem nenhuma ordem. Fiz o contorno do terreno e desenhei minha amiga cuidando das plantas, grávida. Eu tinha sua imagem muito clara na memória, não foi difícil. Então a psicóloga pediu que eu explicasse o que havia feito.
Comecei a falar sobre minha vizinha, sua relação com o marido que era militante de esquerda, como tomávamos café-da-manhã aos sábados e me impressionava tanto aquele casal, a barriga de minha amiga crescendo, essa criança que iria nascer mas nunca era mencionada, apenas crescia naquela barriga enquanto eles discutiam a relação da imprensa com o Movimento dos Sem-Terra.
A psicóloga perguntou por que eu havia desenhado um muro à esquerda do papel, colocando minha amiga no centro desenho e minha casa no outro canto, somente um pedaço, o bico do telhado e a janela. Eu não soube responder. Ela repetiu a pergunta: por que havia uma janela e um muro separando meu quarto do quintal e minha amiga?
Eu pensei num resposta, mas não disse. Parecia óbvio e tive vergonha de dizer. A gravidez significaria qualquer coisa que talvez não importe, mas eu percebia o sentimento: a sensação de que aquilo não era meu.
Aquilo - o que fosse - era dos outros."
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Um diplomata
Volto a digitar o poema. A tradução é de Marília Garcia.
No original há algumas margens que o blogger desmanchou, por isso as substituí por linhas vazias.
"a travessia durou uma hora e meia
o céu estava coberto e havia vento
o mar não estava bom
mas também não estava tão mal assim
a Ilha de Mallorca ficava às nossas costas
não era o trajeto habitual
o sol subia
e descia a bombordo
no enquadramento das janelas
também não era lá
que ele deveria estar
o barco perdeu sua velocidade inicial
isso dava para saber pelo barulho dos motores
às dez e meia
o sol desapareceu do enquadramento das janelas
as gaivotas o tinham substituído
elas nos acompanhavam
a Ilha de Mallorca começou a margear a costa da África
eu disse estamos descrevendo um círculo
por que
em breve avistaremos o cabo de Malabata
você vai ver
a chegada pelo mar na baía de Tanger
é a mais bela do mundo
como você sabe que é a mais bela
você nem conhece todas as baías do mundo
não não claro
foi um diplomata que me disse isso uma vez
é preciso confiar neles
esse também conhecia o mar da China
não estava pré-julgando"
No original há algumas margens que o blogger desmanchou, por isso as substituí por linhas vazias.
"a travessia durou uma hora e meia
o céu estava coberto e havia vento
o mar não estava bom
mas também não estava tão mal assim
a Ilha de Mallorca ficava às nossas costas
não era o trajeto habitual
o sol subia
e descia a bombordo
no enquadramento das janelas
também não era lá
que ele deveria estar
o barco perdeu sua velocidade inicial
isso dava para saber pelo barulho dos motores
às dez e meia
o sol desapareceu do enquadramento das janelas
as gaivotas o tinham substituído
elas nos acompanhavam
a Ilha de Mallorca começou a margear a costa da África
eu disse estamos descrevendo um círculo
por que
em breve avistaremos o cabo de Malabata
você vai ver
a chegada pelo mar na baía de Tanger
é a mais bela do mundo
como você sabe que é a mais bela
você nem conhece todas as baías do mundo
não não claro
foi um diplomata que me disse isso uma vez
é preciso confiar neles
esse também conhecia o mar da China
não estava pré-julgando"
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Vista para o estreito
Para descansar um pouco, reli algumas páginas da revista "Inimigo rumor" de 2007.
Encontrei um poema lindo, que havia esquecido. É longo e foi publicado em forma de livro, "Dois andares com terraço e vista para o estreito", de Emmanuel Hocquard. Tem forma narrativa, um personagem que parte do sul da Espanha e vai de balsa até Tanger, no Marrocos, onde ele passou a adolescência.
"a travessia durou uma hora e meia
o céu estava coberto e havia vento
o mar não estava bom
mas também não estava tão mal assim"
- - -
Ah, meu deus. Digitei umas 20 linhas e de repente tudo desapareceu.
Fui digitando sem olhar, como aprendi no curso de datilografia... quando olhei o monitor, esta surpresa desanimadora.
Agora não tenho tempo de repetir.
Amanhã continuo.
Encontrei um poema lindo, que havia esquecido. É longo e foi publicado em forma de livro, "Dois andares com terraço e vista para o estreito", de Emmanuel Hocquard. Tem forma narrativa, um personagem que parte do sul da Espanha e vai de balsa até Tanger, no Marrocos, onde ele passou a adolescência.
"a travessia durou uma hora e meia
o céu estava coberto e havia vento
o mar não estava bom
mas também não estava tão mal assim"
- - -
Ah, meu deus. Digitei umas 20 linhas e de repente tudo desapareceu.
Fui digitando sem olhar, como aprendi no curso de datilografia... quando olhei o monitor, esta surpresa desanimadora.
Agora não tenho tempo de repetir.
Amanhã continuo.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Figura rara
Bem, eu não tenho nenhum mérito na decoração da casa. A não ser talvez o mérito de ter casado com o Alain, que é uma figura rara.
Entre outras coisas, ele construiu uma estante com cabos de aço presos à parede.
Pendurada à estante, há esse meigo enfeite, com crianças num balão. Sobre a mesinha embaixo, ele colocou um bombeiro de brinquedo, que segundo ele vai salvar as crianças.
Entre outras coisas, ele construiu uma estante com cabos de aço presos à parede.
Pendurada à estante, há esse meigo enfeite, com crianças num balão. Sobre a mesinha embaixo, ele colocou um bombeiro de brinquedo, que segundo ele vai salvar as crianças.
Ando totalmente infantil, colocando só fotos do blog. Mas essa semana estou muito cansada mesmo. Depois volto a escrever algo mais sério.
terça-feira, 6 de maio de 2008
Girafa feliz
Hoje é um grande dia.
Chegou meu computador novo e terminei aquele trabalho.
Agora posso voltar ao meu livro.
Olha como a girafa está feliz.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Atrás da televisão
Minha casa foi decorada pelo meu marido. É cheia de móveis, tapetes, quadros e outros objetos estranhos. Vivo batendo as pernas porque não vejo as coisas no caminho.
Quatro anos atrás, nasceu sua neta. Ele comprou um cavalinho de madeira para ela. Depois, acho que deu vontade, e ele chamou um marceneiro para fazer outro cavalo de tamanho adulto. Fica atrás da televisão. Para vocês terem uma idéia da proporção, notem a poltrona do lado direito.
sábado, 3 de maio de 2008
Meu sofá
O sofá aqui em casa é verde-escuro. Mas a capa das almofadas está lavando, então cobrimos tudo com lençóis.
Muito hippie demais. Me sinto uma estudante.
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