segunda-feira, 19 de maio de 2008

Ricas e volumosas

Ontem conversei com meu marido sobre a indústria têxtil, porque sempre temos certo desacordo no respeito a roupas. Ele gosta de comprar marcas caras (na verdade, nem tantas marcas, nem tão caras assim: só uma relação de fidelidade com a Richard's).

Várias vezes ele reclama das roupas que compro, dizendo que são muito baratas, de má qualidade, etc. Já tentei explicar que meu problema principal é o tamanho. Tenho 1,80m e não sou muito magra, o que resulta num manequim 48 (em média, levando em conta a pouca regularidade das medidas no Brasil).

Bem, quase todas as marcas fabricam só até o GG, que equivale ao número 46. Assim, fico restrita às lojas de "tamanhos grandes". Essas lojas são bastante específicas: fazem roupas para mulheres de meia-idade, de classe média. Os preços são quase sempre iguais: uma blusa custa entre R$ 60 e R$ 80. Uma calça ou saia em torno de R$ 100. As cores, tecidos e modelos normalmente são aquilo que se entende por "roupa para velhas" ou "roupa para secretárias": crepe, poliéster, estampas floridas, cores pastel-escuro. Além dos horrores que variam conforme a moda popular: por exemplo, no ano passado, cores básicas e assustadoras de pincel-atômico.

É muito difícil achar roupas "jovens" nessas lojas. Uma camiseta listradinha, impossível. Algodão praticamente não existe. O tecido mais natural que encontro é a nova "malha de viscose", que é metade viscose, metade algodão. Como viscose é feita de madeira, digamos que ao menos não é sintético. Parecia uma solução, mas logo descobri que cria bolinhas facilmente.

A Hering fabrica camisetas de algodão tamanho 48 (o EXG), mas só uma vez, 4 anos atrás, encontrei um modelo adequado ao corpo feminino - que seria uma espécie de "baby look" extra-grande. Uma noção evidente: como a mulher tem quadril mais largo, a camiseta tem que ser um pouco mais curta para não virar uma salsicha depois da cintura. Por causa dos seios, a manga também deve ser menor e acabar antes do bico, para não criar dois volumes na mesma linha horizontal. E a gola poderia ser um pouco mais larga, se não fosse pedir demais. Bem: eles fizeram isso uma vez e nunca mais. As camisetas grandes são sempre modelo "unissex", ou seja, masculino.

No mês passado, porque eu estava sem dinheiro e cansada dessas roupas de senhora, resolvi comprar camisetas normais e fazer as adaptações eu mesma. Corto quase 10 cm do comprimento, 5 cm das mangas, e faço a barra arrematando com linha de bordado. Não fica profissional, mas como posso ser "alternativa", não precisa. Chamo isso de estilo "Leonilson", em homenagem às suas obras bordadas.

Nos perguntamos, eu e meu marido, onde as mulheres grandes e ricas compram suas roupas. Na Europa ou nos EUA? Ou fazem em costureiras?

Ah... a vida exige uma técnica.

7 comentários:

Unknown disse...

sasá, é uma pena que o mercado queira vestir apenas as kate-moss wannabes. sei que muitas marcas não querem vender moda para mulheres grandes porque pega mal para elas ser vista sobre corpos maiores. na mesma proporção, acho que a falta de ABTN - normas, medidas estabelecidas para tamanhos - faz com que o que é, na real, 40 vire 36 e por aí vai. É aquela injeção de felicidade par aum consumidora que só quer saber se é tamanho PP e é capaz de comprar mais numa loja em que o tamanho da etiqueta dê a ela a ilusão de ser míni. você acha que eu deveria investigar? ah, vi a história dos profs da cásper. estou acostumada a essa ignorância. é uma profissão negligenciada aqui no Brasil, nova eu diria, e que fala de uma indústria ainda inexpressiva para o PIB. Diferente da França, onde moda sempre foi uma indústria poderosérrima, segunda no posto das riquezas nacionais, e que tem jornalistas de moda desde o fim do século 19. obtusos, esses professores, como se poderia esperar. como eles pretendem falar de jornalismo cultural se não enxergam a moda como uma expressão de uma cultura? dããããã. ah... a vida exige uma técnica. bjs

Anônimo disse...

Fazem em costureiras. Adoro copiar o modelo de vestidos de 300,00, 600,00 e mandar fazer a mesma coisa por 30,00. A melhor parte é que o dinheiro que (quando) sobra, uso nos sapatos.

Anônimo disse...

Ah, e um detalhe eu ia esquecendo: Elas são ricas porque poupam. rs...

maria claudia disse...

oi s�. outro dia me deparei com um problema semelhante. ganhei uma blusa nike no dia das m�es. como ficou pequeno fui trocar. na loja da nike, havia muitos modelos de cal�as, camisas, casacos, blusas, etc. provei v�rias pe�as. eram bonitas, mas pequenas e com modelos pra garotas de 15 anos. depois de muito tira e p�e, s� me restou uma cal�a! mesmo assim, com a cintura baixa demais pro meu gosto. conclus�o: se sua m�e passa dos cinquenta e tantos, n�o compre roupas em lojas de adolescentes.

sabina anzuategui disse...

Puxa, não imaginava que a Nike fosse loja para adolescentes.

Paulodaluzmoreira disse...

Nos EUA isso não é problema porque os tamanhos das roupas são maiores. Isso porque as pessoas em média são mais altas e mais gordas que os brasileiros. Eu, que no Brasil sempre comprei roupas do maior tamanho possível [inclusive sapatos] sinto-me estranhamente um homem de estatura mediana e, melhor, não tão gordo quando compro roupas por aqui.

Rachel Souza disse...

É, a vida exige técnica!
Descobri que fazer roupas em costureira é muito mais divertido e barato do que comprar em lojas, já que "a vida exige técnicas", aprimorei as minhas!
Bjo.