Recomendação de minha ex-aluna Lia Udi:
- - -
"Flight of the Conchords é um dueto da Nova Zelândia, formado por Bret McKenzie e Jemaine Clement. O grupo usa uma combinação de observação sagaz e guitarras acústicas em suas músicas. O dueto da comédia e da música se tornou a primeira base de uma série de rádio da BBC e, em seguida, uma série de TV americana, que estreou em 2006, também chamado de "Flight of the Conchords". (da wikipedia)
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Titanic
terça-feira, 27 de outubro de 2009
As coisas todinhas
Tentei cantar Trocando em miúdos em tom pacífico e carinhoso, imaginando se haveria uma interpretação alternativa ao rasga-coração. Mas algumas palavras - sobras, sombra, e todo o trecho a partir das alianças - desmontam a possível ambiguidade do início.
Então escrevi uma versão alternativa da letra:
- - -
Eu vou te deixar a medida do Bonfim, pode valer
Te peço só o disco do Pixinguinha assim, se eu merecer
Trocando em miúdos, pode guardar
as coisas todinhas do nosso lar
as fotos daquilo que fomos nós
algumas pra mim eu pego depois
afinal também são as minhas lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar, bem que eu tentei
A aliança um tempo ainda vou usar, eu nem tirei
Queria dizer que eu tentei poupar
todo desprazer que pude evitar
Não chore demais pelo meu estrago, pudesse eu teria evitado
Aliás, boto fé que aquele futuro amor vai te encontrar
Se não for demais uns livros antigos teus, posso levar?
Eu abro o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade,
se finjo na hora não ter saudade
é porque prefiro chorar mais tarde.
Então escrevi uma versão alternativa da letra:
- - -
Eu vou te deixar a medida do Bonfim, pode valer
Te peço só o disco do Pixinguinha assim, se eu merecer
Trocando em miúdos, pode guardar
as coisas todinhas do nosso lar
as fotos daquilo que fomos nós
algumas pra mim eu pego depois
afinal também são as minhas lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar, bem que eu tentei
A aliança um tempo ainda vou usar, eu nem tirei
Queria dizer que eu tentei poupar
todo desprazer que pude evitar
Não chore demais pelo meu estrago, pudesse eu teria evitado
Aliás, boto fé que aquele futuro amor vai te encontrar
Se não for demais uns livros antigos teus, posso levar?
Eu abro o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade,
se finjo na hora não ter saudade
é porque prefiro chorar mais tarde.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Acham que é bobagem tentar
Peço perdão aos amigos... ando atolada em trabalho e não consigo acompanhar meus blogs preferidos.
Segue um trecho de reportagem sobre Plinio Marcos, que encontrei em minha pesquisa:
- - -
"O sucesso que está fazendo agora na televisão não assusta Plínio Marcos. Na verdade ele a conhece bem, porque foi nela que começou, trabalhando no Departamento de Tráfego. Desde então a vê como um grande veículo de comunicação.
Plínio gostaria de escrever novelas, mas, como ele diz, "os diretores de televisão começaram a me achar maldito. Acham que é bobagem tentar porque não passa na censura. Com essas e outras ninguém me convida pra escrever coisa nenhuma. Eu gostaria muito e me ofereço sempre, mas eles não querem."
Tinha certeza que sua novela "Dentro da Noite" seria um sucesso, embora não possa dizer que fosse igual ao de "Beto", que entrou no lugar dela e de que, aliás, Plínio é um entusiasta. Mas o problema, para ele, é que não está preocupado com formas, mas com "dar o recado".
- Bráulio, que é um homem bastante culto, pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo."
- - -
Plinio Marcos ou "João Juca Jr.", o anti-heroi. FSP, 14/01/70.
- - -
A reportagem se refere à novela João Juca Jr., exibida na Tupi entre 1969-70.
Braulio Pedroso, mencionado ao final, escreveu Beto Rockefeller, também da Tupi, em que Plinio se destacou como ator.
Segue um trecho de reportagem sobre Plinio Marcos, que encontrei em minha pesquisa:
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"O sucesso que está fazendo agora na televisão não assusta Plínio Marcos. Na verdade ele a conhece bem, porque foi nela que começou, trabalhando no Departamento de Tráfego. Desde então a vê como um grande veículo de comunicação.
Plínio gostaria de escrever novelas, mas, como ele diz, "os diretores de televisão começaram a me achar maldito. Acham que é bobagem tentar porque não passa na censura. Com essas e outras ninguém me convida pra escrever coisa nenhuma. Eu gostaria muito e me ofereço sempre, mas eles não querem."
Tinha certeza que sua novela "Dentro da Noite" seria um sucesso, embora não possa dizer que fosse igual ao de "Beto", que entrou no lugar dela e de que, aliás, Plínio é um entusiasta. Mas o problema, para ele, é que não está preocupado com formas, mas com "dar o recado".
- Bráulio, que é um homem bastante culto, pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo."
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Plinio Marcos ou "João Juca Jr.", o anti-heroi. FSP, 14/01/70.
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A reportagem se refere à novela João Juca Jr., exibida na Tupi entre 1969-70.
Braulio Pedroso, mencionado ao final, escreveu Beto Rockefeller, também da Tupi, em que Plinio se destacou como ator.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Peguei uma onda maneira
Ontem pensei em colocar um trecho de entrevista do Glauber Rocha, do ótimo livro indicado pelo Paulo (Patrulhas ideológicas).
Mas é sexta, está sol, de repente me lembrei dessa maravilhosa música do João Penca e seus Miquinhos Amestrados. Tenho uma enorme birra da moda trash eighties, mas essa música era demais!
Popstar
Peguei uma onda maneira
Dei "cutback", "hang five, "hang ten"
Eu sou melhor surfista da minha rua
Não tenho saco pra escola
As minha notas sempre são vermelhas
Mas eu nao tô nem aí
Arrumo as malas e me mando pro Hawaii
A sua mãe não percebe,
O "feeling" da minha guitarra no dez
E ela vendo a novela no quatro
Acho que ninguém me entende
Me dizem que eu sou "new wave" demais
Eu vou na onda que mais longe me levar, me levar
Me levar...
A sua mãe diz que eu sou vagabundo
E o seu pai é tão esnobe:
"Esse garoto não combina contigo,
A gente arranja pra você bom partido."
Mas quando eu virar um astro
Com a minha guitarra e uma prancha do lado
Eu quero ver na hora do jantar
O seu pai sentado à mesa ao lado de um popstar
E o neto dele tambem vai ser "new wave"
Filho de popstar, popstar é
E vamos todos morar no Hawaii
Tocar guitarra as 3 da manhã
E a vizinhança de cabelo em pé
E da maneira que a gente quiser
Mas é sexta, está sol, de repente me lembrei dessa maravilhosa música do João Penca e seus Miquinhos Amestrados. Tenho uma enorme birra da moda trash eighties, mas essa música era demais!
Popstar
Peguei uma onda maneira
Dei "cutback", "hang five, "hang ten"
Eu sou melhor surfista da minha rua
Não tenho saco pra escola
As minha notas sempre são vermelhas
Mas eu nao tô nem aí
Arrumo as malas e me mando pro Hawaii
A sua mãe não percebe,
O "feeling" da minha guitarra no dez
E ela vendo a novela no quatro
Acho que ninguém me entende
Me dizem que eu sou "new wave" demais
Eu vou na onda que mais longe me levar, me levar
Me levar...
A sua mãe diz que eu sou vagabundo
E o seu pai é tão esnobe:
"Esse garoto não combina contigo,
A gente arranja pra você bom partido."
Mas quando eu virar um astro
Com a minha guitarra e uma prancha do lado
Eu quero ver na hora do jantar
O seu pai sentado à mesa ao lado de um popstar
E o neto dele tambem vai ser "new wave"
Filho de popstar, popstar é
E vamos todos morar no Hawaii
Tocar guitarra as 3 da manhã
E a vizinhança de cabelo em pé
E da maneira que a gente quiser
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Ataídes para todas as épocas
"- Ele diz que os tempos são outros e é natural que a nova geração substitua a velha, mas desconfio que tem esperanças de não ficar esquecido. Acredita que o Brasil vai mudar muito, principalmente se houver guerra na Europa. Foi revolucionário em 1922, 1924, e 1930. Agora, é de paz... Ainda espera assistir à evolução social do Brasil, mas deseja que as modificações venham sem violência, pela simples pressão das massas. É o que está sempre a dizer... Se o senhor visse a cara que mamãe faz com essas conversas... Papai lhe chama "latifundiária" e diz que os Ataídes têm mentalidade feudal. O senhor acha?
Respondi que, tanto quanto conhecia a história da família, podia assegurar que sempre houve Ataídes para todas as épocas. A prova é que tínhamos ali uma Ataíde socialista...
Estas palavras lisonjeiras fizeram-lhe os olhos brilhar de prazer. Certamente por ter vindo à baila a palavra "socialista", Gabriela exclamou, de súbito:
- Xi!... Estamos perdendo tempo em conversas. Precisamos trabalhar... Ia-lhe dizendo que podíamos formar duas comissões, para que o grupo não fique muito grande. Cada uma poderá agir num setor..."
(Abdias, de Cyro dos Anjos, p. 114)
Respondi que, tanto quanto conhecia a história da família, podia assegurar que sempre houve Ataídes para todas as épocas. A prova é que tínhamos ali uma Ataíde socialista...
Estas palavras lisonjeiras fizeram-lhe os olhos brilhar de prazer. Certamente por ter vindo à baila a palavra "socialista", Gabriela exclamou, de súbito:
- Xi!... Estamos perdendo tempo em conversas. Precisamos trabalhar... Ia-lhe dizendo que podíamos formar duas comissões, para que o grupo não fique muito grande. Cada uma poderá agir num setor..."
(Abdias, de Cyro dos Anjos, p. 114)
domingo, 18 de outubro de 2009
Gilberto Braga e Janete Clair
Trecho da entrevista a Roberto D'Avila, no programa Conexão, exibido provavelmente em 2001 (não encontrei a referência exata). O programa completo está no You Tube.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Ferir a ninguém
"Não sou fraco. Posso dar aparência disso, por me deixar levar facilmente, em determinadas circunstâncias. Mas, de fato, só transijo quando não há, em causa, um interesse fundamental. Sei que não me faltam vontade e ânimo, pois sempre procurei a verdade e nunca temi enfrentá-la.
Amo Gabriela, eis o que se passa comigo. Há uma semana que não a vejo, e nada supre a falta que ela me faz. Dirão que é ridículo, além de desonesto e absurdo. Será o que quiserem mas, à margem de tudo isso, é algo que tem a grandeza da verdade e que não me envergonho de confessar.
(...)
Bem sinto que há, em nosso coração, uma lei moral, mas o que esta lei me prescreve é que não cause dano a ninguém. Não estou causando mal a ninguém. Carlota não sofrerá com isso, pois jamais o saberá. Nem este sentimento é qualquer coisa que possa molestar Gabriela: existe comigo e é só para mim.
Acho-me tranquilo, convicto de que nada vai haver de extraordinário. Não tenho capacidade para dramas. Possuo um terrível bom senso, e o bom senso nunca dramatiza as coisas.
É verdade que não sermos capazes de dramas já constitui, por si só, um drama. Para os que o são, um lance épico tudo resolve. Nós outros roemos ingloriamente a nossa dor, burocratizamos o nosso sofrimento.
(...)
Por que não reprimir este sentimento? Talvez com um pequeno esforço ainda pudesse extirpá-lo, se é que não tem raízes mais profundas do que suponho.
Valeria a pena, entretanto? Se não vou ferir a ninguém, por que me hei de privar da agradável emoção que me traz o convívio de Gabriela? Por que cortar este último contato coma a vida e com a poesia?"
(Abdias, de Cyro dos Anjos, pp. 80-81)
Amo Gabriela, eis o que se passa comigo. Há uma semana que não a vejo, e nada supre a falta que ela me faz. Dirão que é ridículo, além de desonesto e absurdo. Será o que quiserem mas, à margem de tudo isso, é algo que tem a grandeza da verdade e que não me envergonho de confessar.
(...)
Bem sinto que há, em nosso coração, uma lei moral, mas o que esta lei me prescreve é que não cause dano a ninguém. Não estou causando mal a ninguém. Carlota não sofrerá com isso, pois jamais o saberá. Nem este sentimento é qualquer coisa que possa molestar Gabriela: existe comigo e é só para mim.
Acho-me tranquilo, convicto de que nada vai haver de extraordinário. Não tenho capacidade para dramas. Possuo um terrível bom senso, e o bom senso nunca dramatiza as coisas.
É verdade que não sermos capazes de dramas já constitui, por si só, um drama. Para os que o são, um lance épico tudo resolve. Nós outros roemos ingloriamente a nossa dor, burocratizamos o nosso sofrimento.
(...)
Por que não reprimir este sentimento? Talvez com um pequeno esforço ainda pudesse extirpá-lo, se é que não tem raízes mais profundas do que suponho.
Valeria a pena, entretanto? Se não vou ferir a ninguém, por que me hei de privar da agradável emoção que me traz o convívio de Gabriela? Por que cortar este último contato coma a vida e com a poesia?"
(Abdias, de Cyro dos Anjos, pp. 80-81)
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Abdias
Estou adorando Abdias, de Cyro dos Anjos.
Em algum lugar no posfácio, li uma reflexão sobre os defeitos do livro, uma tentativa de justificá-los e atenuá-los.
Algo sobre sua tentativa de racionalidade, que chegaria apenas ao meio do caminho - frio e distante num sentido de covarde, incompleto.
Não concordo com nada disso. A prosa ponderada e lenta me agrada... e não há nada de recalcado ou ingênuo nela.
Em algum lugar no posfácio, li uma reflexão sobre os defeitos do livro, uma tentativa de justificá-los e atenuá-los.
Algo sobre sua tentativa de racionalidade, que chegaria apenas ao meio do caminho - frio e distante num sentido de covarde, incompleto.
Não concordo com nada disso. A prosa ponderada e lenta me agrada... e não há nada de recalcado ou ingênuo nela.
sábado, 10 de outubro de 2009
O mendigo e o AC/DC
Notícia recomendada por Luciana Domingues, de Manaus, do site Jornal Supimpa:
- - -
Morador de rua encontra no lixo 200 ingressos para o show do AC/DC
Achando ser mensagem divina, os ingressos foram distribuídos no semáforo.
SÃO PAULO, 3 de outubro – Um morador de rua encontrou 200 ingressos para o show da banda australiana AC/DC no lixo da FNAC Pinheiros. A notícia se espalhou rapidamente na região, já que o morador de rua distribuiu os ingressos como se fossem panfletos no semáforo da Av. Pedroso de Moraes.
O estudante de enfermagem Douglas Tetto, que recebeu 3 ingressos no semáforo, pensou que se tratava de uma ação de marketing da empresa Ticketmaster. “Achei que eles estavam querendo recompensar as pessoas por causa dos problemas que tiveram com o site.”
Além do estudante, o taxista Florentino Petre, que trabalha num ponto nas imediações e conhece o morador de rua, também ganhou ingressos. “Falei pra ele (morador) que aquilo ali valia uma grana, que era de uma banda de rock que ia tocar no Brasil. Ele disse que ia procurar um pastor, que rock era coisa do demônio (risos)”
Localizado, o morador de rua se apresentou como Bento e disse que na busca por alimentos, encontrou os ingressos num saco de lixo próximo a FNAC. Segundo ele, no começo pensava em se tratar de uma mensagem cristã “AC/DC eu só conheço por causa de Jesus, nosso Senhor. Achei que tinha recebido um sinal pra espalhar a mensagem dele que tava jogada no lixo.”
Depois o mendigo se disse vítima de forças ocultas. “O Seu Florentino (taxista) me disse que era coisa de rock e procurei um pastor que me disse que era coisa do demo mesmo e que era uma provação que eu tavo (sic) passando e que eu tinha que superar. Ele disse pra mim deixar (sic) os papeis de Lúcifer na igreja, mas eu levei comigo pra queimar.” disse Bento, muito assustado com a repercussão do caso.
O morador distribuiu cerca de 50 ingressos no semáforo e queimou mais de 150 ingressos avaliados em R$ 30.000 no total.
Procurados por nossos repórteres, a FNAC e a Ticketmaster não quiseram comentar o caso.
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Morador de rua encontra no lixo 200 ingressos para o show do AC/DC
Achando ser mensagem divina, os ingressos foram distribuídos no semáforo.
SÃO PAULO, 3 de outubro – Um morador de rua encontrou 200 ingressos para o show da banda australiana AC/DC no lixo da FNAC Pinheiros. A notícia se espalhou rapidamente na região, já que o morador de rua distribuiu os ingressos como se fossem panfletos no semáforo da Av. Pedroso de Moraes.
O estudante de enfermagem Douglas Tetto, que recebeu 3 ingressos no semáforo, pensou que se tratava de uma ação de marketing da empresa Ticketmaster. “Achei que eles estavam querendo recompensar as pessoas por causa dos problemas que tiveram com o site.”
Além do estudante, o taxista Florentino Petre, que trabalha num ponto nas imediações e conhece o morador de rua, também ganhou ingressos. “Falei pra ele (morador) que aquilo ali valia uma grana, que era de uma banda de rock que ia tocar no Brasil. Ele disse que ia procurar um pastor, que rock era coisa do demônio (risos)”
Localizado, o morador de rua se apresentou como Bento e disse que na busca por alimentos, encontrou os ingressos num saco de lixo próximo a FNAC. Segundo ele, no começo pensava em se tratar de uma mensagem cristã “AC/DC eu só conheço por causa de Jesus, nosso Senhor. Achei que tinha recebido um sinal pra espalhar a mensagem dele que tava jogada no lixo.”
Depois o mendigo se disse vítima de forças ocultas. “O Seu Florentino (taxista) me disse que era coisa de rock e procurei um pastor que me disse que era coisa do demo mesmo e que era uma provação que eu tavo (sic) passando e que eu tinha que superar. Ele disse pra mim deixar (sic) os papeis de Lúcifer na igreja, mas eu levei comigo pra queimar.” disse Bento, muito assustado com a repercussão do caso.
O morador distribuiu cerca de 50 ingressos no semáforo e queimou mais de 150 ingressos avaliados em R$ 30.000 no total.
Procurados por nossos repórteres, a FNAC e a Ticketmaster não quiseram comentar o caso.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Pendurado num cantinho
O cabrito não costuma me acompanhar quando vou a Curitiba visitar minha mãe. Não insisto muito... eu mesma tenho preguiça da distância. Mas é minha família, minha cidade, então enfrento corajosamente horas de taxi, sala de espera, avião - ou metro, rodoviária, ônibus, dependendo da verba disponível.
Quando ele se anima, por insuspeitável motivo, vamos de carro e podemos admirar o progresso de nosso querido país, nas suaves oscilações de manutenção da rodovia Regis Bittencourt (engenheiro civil, de prenome Edmundo, segundo a Wikipedia).
O cabrito demora... mas quando se anima, anima tanto que dois anos atrás pegou uma foto da parede - eu penteadinha aos oito anos de idade - colocou na mala e trouxe pra São Paulo, sem pedir pra minha mãe.
Quando em casa mostrou sua proeza, tentei expressar alguma revolta, mas ele só ria.
Dois meses atrás, sua sutileza de gatuno atingiu maior sofisticação.
Minha mãe havia reformado o quarto de hóspedes - trocou colchão, mudou os quadros da parede - e, entre os novos porta-retratos, havia um pequeno, redondo, com minha foto de família preferida.
Uma foto com meus pais, eu e e meus irmãos, posando no quintal da casa do meu avô, pouco antes do divórcio. Todos sorrindo bestamente, de maneira leve e engraçada, como lembro que éramos, antes dos dramas todos de incompreensão e auto-realização que a modernidade ocidental impingiu às pacatas famílias suburbanas.
Comentei com o cabrito que era minha foto favorita, e ficou nisso. Passamos o dia em família, voltamos pra casa, fui trabalhar no dia seguinte, o habitual.
Dias depois, saindo do quarto, vejo o porta-retratos pendurado num cantinho do corredor - discreto, elegante, sustentado por um pequeno prego de aço.
As pessoas, francamente... elas gostam de se divertir.
Quando ele se anima, por insuspeitável motivo, vamos de carro e podemos admirar o progresso de nosso querido país, nas suaves oscilações de manutenção da rodovia Regis Bittencourt (engenheiro civil, de prenome Edmundo, segundo a Wikipedia).
O cabrito demora... mas quando se anima, anima tanto que dois anos atrás pegou uma foto da parede - eu penteadinha aos oito anos de idade - colocou na mala e trouxe pra São Paulo, sem pedir pra minha mãe.
Quando em casa mostrou sua proeza, tentei expressar alguma revolta, mas ele só ria.
Dois meses atrás, sua sutileza de gatuno atingiu maior sofisticação.
Minha mãe havia reformado o quarto de hóspedes - trocou colchão, mudou os quadros da parede - e, entre os novos porta-retratos, havia um pequeno, redondo, com minha foto de família preferida.
Uma foto com meus pais, eu e e meus irmãos, posando no quintal da casa do meu avô, pouco antes do divórcio. Todos sorrindo bestamente, de maneira leve e engraçada, como lembro que éramos, antes dos dramas todos de incompreensão e auto-realização que a modernidade ocidental impingiu às pacatas famílias suburbanas.
Comentei com o cabrito que era minha foto favorita, e ficou nisso. Passamos o dia em família, voltamos pra casa, fui trabalhar no dia seguinte, o habitual.
Dias depois, saindo do quarto, vejo o porta-retratos pendurado num cantinho do corredor - discreto, elegante, sustentado por um pequeno prego de aço.
As pessoas, francamente... elas gostam de se divertir.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Sempre estarei com Walt Whitman
Reportagem na Ilustrada hoje sobre Peter Handke. Minha admiração eterna por ele. Julia: há algo de bom na Áustria, mesmo que originário da Eslovênia.
- - -
"Essa pode ser uma boa descrição da ética do próprio Handke, que tem hábitos pré-tecnológicos. Como ocorreu em todos os seus livros, "A Perda da Imagem" foi escrito à mão. Ele não usa computador e ainda se comunica por fax -a forma como respondeu à Folha, por escrito.
Ele reuniu os tradutores das versões estrangeiras do livro na própria Sierra de Gredos, na Espanha, para que pudessem conhecer o local. Mas fez isso depois que todos já tinham terminado suas versões. É avesso a entrevistas e às badalações quase obrigatórias atualmente no meio literário.
Um dos principais autores de língua alemã do século 20, influenciado no início por Kafka e pelo nouveau roman de Alain Robbe-Grillet, Handke ficou conhecido em 1966 ao participar de um encontro do Grupo 47, em Princeton. A associação de escritores pregava a refundação da literatura alemã no pós-guerra, tendo entre seus membros Heinrich Böll, Günter Grass e Alexander Kluge.
Handke, entre outros insultos, disse que os autores sofriam de "impotência descritiva". Foi um episódio que contribuiu para o fim do grupo. Data dessa época sua peça mais famosa, "Insultando o Público".
Depois de tanta polêmica, Handke atualmente evita comentar o estado da literatura alemã, considerada muito difícil. A busca de um público mais amplo nas últimas décadas afetou a sua qualidade? "Sem resposta", respondeu. "Salvo que busca e grande público não caminham juntos."
E a omissão de lugares e referências no livro? Qual é a diferença entre ser realista e mostrar a verdade? "Boa questão", diz o escritor. "Eu respondo com uma parábola. Cézanne, como pintor, não era realista mas real. Esse é meu ideal."
No início da carreira, o escritor compartilhava com o cineasta Wim Wenders o interesse pela cultura americana, curtiam rock e eram companheiros de "jukebox". Atualmente, para um escritor de língua alemã, o país ainda exerce fascínio? "Ah, sim! Sempre estarei com Walt Whitman e William Faulkner. E também com os índios do Novo México ou de Yukon, no Alasca."
Natural de Griffen (Áustria), nascido em 1942, Handke viveu em Berlim (oriental) entre 1944 e 1948, antes de voltar para sua cidade natal. Retornou à Alemanha (Düsseldorf, Kronberg e Berlim), passou por Paris, foi para os EUA (em 1978 e 1979) e morou em Salzburgo (Áustria), antes de se fixar em Chaville, perto de Paris, em 1991. Mesmo tendo ligações íntimas com a Alemanha, evita temas que envolvam o país.
Por exemplo: as comemorações dos 20 anos da queda do Muro de Berlim, que impactou toda a cultura de língua alemã.
Como os alemães se relacionam com sua história hoje? "Sou austríaco, esloveno. Sou sobretudo vítima da história, pela questão dos Bálcãs".
Handke toca no ponto fundamental, que marcou sua carreira. Em março de 2006, ele compareceu ao funeral de Slobodan Milosevic, líder sérvio que era julgado por crimes de guerra durante o conflito na Iugoslávia. Ele nega que tivesse apoiado o ex-líder, mas seu discurso na ocasião causou controvérsia e levou ao cancelamento de suas peças e à retirada de um prêmio, o Heiner Heine.
Ele se arrepende? "O episódio me enriqueceu. Mas é uma pena por causa dos leitores, por causa do preconceito." (MARCOS STRECKER)
- - -
A reportagem se refere ao lançamento da seguinte tradução brasileira:
A PERDA DA IMAGEM OU ATRAVÉS DA SIERRA DE GREDOS
Autor: Peter Handke
Tradução: Simone Homem de Mello
Editora: Estação Liberdade
Quanto: R$ 68 (584 págs.)
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"Essa pode ser uma boa descrição da ética do próprio Handke, que tem hábitos pré-tecnológicos. Como ocorreu em todos os seus livros, "A Perda da Imagem" foi escrito à mão. Ele não usa computador e ainda se comunica por fax -a forma como respondeu à Folha, por escrito.
Ele reuniu os tradutores das versões estrangeiras do livro na própria Sierra de Gredos, na Espanha, para que pudessem conhecer o local. Mas fez isso depois que todos já tinham terminado suas versões. É avesso a entrevistas e às badalações quase obrigatórias atualmente no meio literário.
Um dos principais autores de língua alemã do século 20, influenciado no início por Kafka e pelo nouveau roman de Alain Robbe-Grillet, Handke ficou conhecido em 1966 ao participar de um encontro do Grupo 47, em Princeton. A associação de escritores pregava a refundação da literatura alemã no pós-guerra, tendo entre seus membros Heinrich Böll, Günter Grass e Alexander Kluge.
Handke, entre outros insultos, disse que os autores sofriam de "impotência descritiva". Foi um episódio que contribuiu para o fim do grupo. Data dessa época sua peça mais famosa, "Insultando o Público".
Depois de tanta polêmica, Handke atualmente evita comentar o estado da literatura alemã, considerada muito difícil. A busca de um público mais amplo nas últimas décadas afetou a sua qualidade? "Sem resposta", respondeu. "Salvo que busca e grande público não caminham juntos."
E a omissão de lugares e referências no livro? Qual é a diferença entre ser realista e mostrar a verdade? "Boa questão", diz o escritor. "Eu respondo com uma parábola. Cézanne, como pintor, não era realista mas real. Esse é meu ideal."
No início da carreira, o escritor compartilhava com o cineasta Wim Wenders o interesse pela cultura americana, curtiam rock e eram companheiros de "jukebox". Atualmente, para um escritor de língua alemã, o país ainda exerce fascínio? "Ah, sim! Sempre estarei com Walt Whitman e William Faulkner. E também com os índios do Novo México ou de Yukon, no Alasca."
Natural de Griffen (Áustria), nascido em 1942, Handke viveu em Berlim (oriental) entre 1944 e 1948, antes de voltar para sua cidade natal. Retornou à Alemanha (Düsseldorf, Kronberg e Berlim), passou por Paris, foi para os EUA (em 1978 e 1979) e morou em Salzburgo (Áustria), antes de se fixar em Chaville, perto de Paris, em 1991. Mesmo tendo ligações íntimas com a Alemanha, evita temas que envolvam o país.
Por exemplo: as comemorações dos 20 anos da queda do Muro de Berlim, que impactou toda a cultura de língua alemã.
Como os alemães se relacionam com sua história hoje? "Sou austríaco, esloveno. Sou sobretudo vítima da história, pela questão dos Bálcãs".
Handke toca no ponto fundamental, que marcou sua carreira. Em março de 2006, ele compareceu ao funeral de Slobodan Milosevic, líder sérvio que era julgado por crimes de guerra durante o conflito na Iugoslávia. Ele nega que tivesse apoiado o ex-líder, mas seu discurso na ocasião causou controvérsia e levou ao cancelamento de suas peças e à retirada de um prêmio, o Heiner Heine.
Ele se arrepende? "O episódio me enriqueceu. Mas é uma pena por causa dos leitores, por causa do preconceito." (MARCOS STRECKER)
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A reportagem se refere ao lançamento da seguinte tradução brasileira:
A PERDA DA IMAGEM OU ATRAVÉS DA SIERRA DE GREDOS
Autor: Peter Handke
Tradução: Simone Homem de Mello
Editora: Estação Liberdade
Quanto: R$ 68 (584 págs.)
sábado, 3 de outubro de 2009
O norte novamente
Amanhã cedo vou pra Manaus. Fico até quinta.
Se eu escrever pouco nesses dias, é culpa do boto.
Se eu escrever pouco nesses dias, é culpa do boto.
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