Reportagem na Ilustrada hoje sobre Peter Handke. Minha admiração eterna por ele. Julia: há algo de bom na Áustria, mesmo que originário da Eslovênia.
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"Essa pode ser uma boa descrição da ética do próprio Handke, que tem hábitos pré-tecnológicos. Como ocorreu em todos os seus livros, "A Perda da Imagem" foi escrito à mão. Ele não usa computador e ainda se comunica por fax -a forma como respondeu à Folha, por escrito.
Ele reuniu os tradutores das versões estrangeiras do livro na própria Sierra de Gredos, na Espanha, para que pudessem conhecer o local. Mas fez isso depois que todos já tinham terminado suas versões. É avesso a entrevistas e às badalações quase obrigatórias atualmente no meio literário.
Um dos principais autores de língua alemã do século 20, influenciado no início por Kafka e pelo nouveau roman de Alain Robbe-Grillet, Handke ficou conhecido em 1966 ao participar de um encontro do Grupo 47, em Princeton. A associação de escritores pregava a refundação da literatura alemã no pós-guerra, tendo entre seus membros Heinrich Böll, Günter Grass e Alexander Kluge.
Handke, entre outros insultos, disse que os autores sofriam de "impotência descritiva". Foi um episódio que contribuiu para o fim do grupo. Data dessa época sua peça mais famosa, "Insultando o Público".
Depois de tanta polêmica, Handke atualmente evita comentar o estado da literatura alemã, considerada muito difícil. A busca de um público mais amplo nas últimas décadas afetou a sua qualidade? "Sem resposta", respondeu. "Salvo que busca e grande público não caminham juntos."
E a omissão de lugares e referências no livro? Qual é a diferença entre ser realista e mostrar a verdade? "Boa questão", diz o escritor. "Eu respondo com uma parábola. Cézanne, como pintor, não era realista mas real. Esse é meu ideal."
No início da carreira, o escritor compartilhava com o cineasta Wim Wenders o interesse pela cultura americana, curtiam rock e eram companheiros de "jukebox". Atualmente, para um escritor de língua alemã, o país ainda exerce fascínio? "Ah, sim! Sempre estarei com Walt Whitman e William Faulkner. E também com os índios do Novo México ou de Yukon, no Alasca."
Natural de Griffen (Áustria), nascido em 1942, Handke viveu em Berlim (oriental) entre 1944 e 1948, antes de voltar para sua cidade natal. Retornou à Alemanha (Düsseldorf, Kronberg e Berlim), passou por Paris, foi para os EUA (em 1978 e 1979) e morou em Salzburgo (Áustria), antes de se fixar em Chaville, perto de Paris, em 1991. Mesmo tendo ligações íntimas com a Alemanha, evita temas que envolvam o país.
Por exemplo: as comemorações dos 20 anos da queda do Muro de Berlim, que impactou toda a cultura de língua alemã.
Como os alemães se relacionam com sua história hoje? "Sou austríaco, esloveno. Sou sobretudo vítima da história, pela questão dos Bálcãs".
Handke toca no ponto fundamental, que marcou sua carreira. Em março de 2006, ele compareceu ao funeral de Slobodan Milosevic, líder sérvio que era julgado por crimes de guerra durante o conflito na Iugoslávia. Ele nega que tivesse apoiado o ex-líder, mas seu discurso na ocasião causou controvérsia e levou ao cancelamento de suas peças e à retirada de um prêmio, o Heiner Heine.
Ele se arrepende? "O episódio me enriqueceu. Mas é uma pena por causa dos leitores, por causa do preconceito." (MARCOS STRECKER)
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A reportagem se refere ao lançamento da seguinte tradução brasileira:
A PERDA DA IMAGEM OU ATRAVÉS DA SIERRA DE GREDOS
Autor: Peter Handke
Tradução: Simone Homem de Mello
Editora: Estação Liberdade
Quanto: R$ 68 (584 págs.)
2 comentários:
OLÁ,
Estás em Manaus...então pudestes presenciar a perda da imagem do horizonte da cidade e das bordas em verde, todas apagadas por uma fumaça de grelha, um fog de set.
Sou o Sérgio, que venceu o concurso do ano passado com Um Rio Entre Nós! Boa sorte com o(a) próximo (a) vencedor (a)
Abs
Sérgio Andrade
querida, agora tenho que ir pra ESCOLa e não tenho tempo de ler, mas te digo que tenho visto muitos livros do Handke em livrarias aqui dos gajos e sempre lembro de você.
beijos.
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