terça-feira, 29 de março de 2011
segunda-feira, 28 de março de 2011
Paula
Minha admiração por Paula era tão grande, o sentimento mais antigo que eu podia lembrar. Eu sempre agitada, correndo, ela quieta em seu apartamento. Paula vivia sob o olhar da mãe e não reagia a isso. Tinha horários certos para as tarefas, o lanche, os remédios. Gastava horas na sala de televisão, sentada num sofá baixo de criança. Passávamos a tarde assistindo a filmes que ela gravava em seu videocassete. Preferia filmes antigos em que as moças usavam saias rodadas e cantavam músicas enquanto dançavam. Encantava-se com algumas cenas, que assistia várias vezes seguidas. Paula era “tímida”. Em volta dessa palavra circulavam seu jeito calmo e minha admiração protetora por tudo o que ela tinha de frágil e diferente de mim.
A timidez de Paula era a meus olhos um sinônimo de beleza. Eu via nos detalhes de seu corpo os sinais de uma delicadeza que eu não tinha. Sua pele era mais branca que a minha, por natureza e hábitos familiares. Sob meus pelos castanhos não apareciam veias azuis como nos braços dela. Seu corpo muito magro, seus cabelos loiros. Não havia nenhuma criança tão clara quanto ela no condomínio. Entre o cabelo e sua pele, de tons tão parecidos, parecia não haver divisão, formando uma imagem límpida que me encantava como um foco de luz. Seu cabelo sempre preso em tranças ou rabo-de-cavalo, porque sua mãe “odiava cabelo no olho”. Essa mãe que escolhia e passava sua roupa todos os dias, num cuidado que me parecia tão antigo. “As crianças têm que se virar sozinhas”, minha mãe gostava de dizer. Mas nesse aspecto eu pensava que minha mãe estava errada e a de Paula certa: seu rigor mantinha a imagem da filha como uma criatura recolhida, preservada.
A timidez de Paula era a meus olhos um sinônimo de beleza. Eu via nos detalhes de seu corpo os sinais de uma delicadeza que eu não tinha. Sua pele era mais branca que a minha, por natureza e hábitos familiares. Sob meus pelos castanhos não apareciam veias azuis como nos braços dela. Seu corpo muito magro, seus cabelos loiros. Não havia nenhuma criança tão clara quanto ela no condomínio. Entre o cabelo e sua pele, de tons tão parecidos, parecia não haver divisão, formando uma imagem límpida que me encantava como um foco de luz. Seu cabelo sempre preso em tranças ou rabo-de-cavalo, porque sua mãe “odiava cabelo no olho”. Essa mãe que escolhia e passava sua roupa todos os dias, num cuidado que me parecia tão antigo. “As crianças têm que se virar sozinhas”, minha mãe gostava de dizer. Mas nesse aspecto eu pensava que minha mãe estava errada e a de Paula certa: seu rigor mantinha a imagem da filha como uma criatura recolhida, preservada.
quinta-feira, 24 de março de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
O afeto ou Caderno sobre a mesa
O livro deve sair neste semestre, pela editora 7Letras, com título duplo: O afeto ou Caderno sobre a mesa. Não consegui escolher, imprimi as duas opções, e ficou. Uma homenagem ao melodrama numa história em que tento mostrar, humildemente, como os truques do gênero não se aplicam à vida cotidiana.
Pensei que havia muito do livro neste blog, mas percebo que há pouco. Quase não se fala de Paula, a melhor amiga, o amor infantil da narradora.
Este é o início do segundo capítulo, quando ela surge aos onze anos:
- - -
"Eram férias. Minha mãe costumava nos levar acampar, então acampamos provavelmente. Fomos sorteados na colônia da Associação? Mas lá só podíamos ficar uma semana e as férias duravam três meses. Passávamos às vezes um mês inteiro no camping de nossa própria cidade, acampávamos na cidade em que morávamos: minha mãe achava que sair de casa, não importava a maneira, era bom para as crianças.
No camping comíamos arroz e sardinha, macarrão, feijoada em lata, salada de ovos cozidos. Tínhamos banquinhos dobráveis de fórmica e alumínio e às vezes montávamos a barraca encaixada à da amiga francesa de minha mãe, que gostava da natureza e acampava conosco quando estava no país.
Acampamos mesmo? Alguns dias não existem pra mim, não consigo lembrar. Mas me encontro novamente com Paula, vou ao apartamento dela, no meio das férias, quero saber como ela está. Paula abre a porta. Às vezes havia tédio nela, não um tédio dirigido a mim, um tédio dela que talvez, ao abrir a porta, ela fizesse questão de mostrar.
Era verão e Paula continuava muito branca. Usava camiseta fresca, sem manga, de uma cor escura, talvez azul. Um azul vivo, mas talvez não fosse escuro. Seus ombros brancos com algumas pintas apareciam, na cava das mangas. Seus ombros no verão, despidos, pareciam excessivamente nus, como se a exposição não fosse natural para eles.
Paula teria passado o verão no apartamento? Sua mãe não ia à praia; também não gostava de frutas frescas. Aos onze anos, Paula me disse:
- Hoje comi pela primeira vez um pêssego que não era de lata.
Não fui ao seu apartamento para saber o que havia feito, isso tenho certeza, não poderia perguntar: "Como você passou as férias? O que fez?". Ia ao seu apartamento para vê-la. Ia sempre a seu apartamento, poucas vezes, a não ser nos aniversários, ela vinha ao meu. Paula abre a porta com olhar de tédio, e entro. A sala está há alguns meses preparada para a reforma, sem móveis, só um sofá de três lugares e um aparelho de som três-em-um: toca-discos, rádio, toca-fitas com gravador. O rádio há algum tempo quebrado: o botão de sintonia não funciona. Uma parede foi coberta com massa corrida, mas a reforma está parada.
Paula senta ajoelhada no assoalho, e diz que a faxineira está passando aspirador de pó na sala de televisão. Enquanto ela limpa, precisamos esperar. Eu pergunto se ela quer ouvir música enquanto esperamos. Ela demora a responder, estou acostumada a seu modo lento de falar. Finalmente ela muda de posição e apóia as costas no sofá. “Estou enjoada dos meus discos”, ela diz. O barulho do aspirador chega abafado até a sala. Ela abraça as pernas e espera o barulho passar. Eu espero com ela."
Pensei que havia muito do livro neste blog, mas percebo que há pouco. Quase não se fala de Paula, a melhor amiga, o amor infantil da narradora.
Este é o início do segundo capítulo, quando ela surge aos onze anos:
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"Eram férias. Minha mãe costumava nos levar acampar, então acampamos provavelmente. Fomos sorteados na colônia da Associação? Mas lá só podíamos ficar uma semana e as férias duravam três meses. Passávamos às vezes um mês inteiro no camping de nossa própria cidade, acampávamos na cidade em que morávamos: minha mãe achava que sair de casa, não importava a maneira, era bom para as crianças.
No camping comíamos arroz e sardinha, macarrão, feijoada em lata, salada de ovos cozidos. Tínhamos banquinhos dobráveis de fórmica e alumínio e às vezes montávamos a barraca encaixada à da amiga francesa de minha mãe, que gostava da natureza e acampava conosco quando estava no país.
Acampamos mesmo? Alguns dias não existem pra mim, não consigo lembrar. Mas me encontro novamente com Paula, vou ao apartamento dela, no meio das férias, quero saber como ela está. Paula abre a porta. Às vezes havia tédio nela, não um tédio dirigido a mim, um tédio dela que talvez, ao abrir a porta, ela fizesse questão de mostrar.
Era verão e Paula continuava muito branca. Usava camiseta fresca, sem manga, de uma cor escura, talvez azul. Um azul vivo, mas talvez não fosse escuro. Seus ombros brancos com algumas pintas apareciam, na cava das mangas. Seus ombros no verão, despidos, pareciam excessivamente nus, como se a exposição não fosse natural para eles.
Paula teria passado o verão no apartamento? Sua mãe não ia à praia; também não gostava de frutas frescas. Aos onze anos, Paula me disse:
- Hoje comi pela primeira vez um pêssego que não era de lata.
Não fui ao seu apartamento para saber o que havia feito, isso tenho certeza, não poderia perguntar: "Como você passou as férias? O que fez?". Ia ao seu apartamento para vê-la. Ia sempre a seu apartamento, poucas vezes, a não ser nos aniversários, ela vinha ao meu. Paula abre a porta com olhar de tédio, e entro. A sala está há alguns meses preparada para a reforma, sem móveis, só um sofá de três lugares e um aparelho de som três-em-um: toca-discos, rádio, toca-fitas com gravador. O rádio há algum tempo quebrado: o botão de sintonia não funciona. Uma parede foi coberta com massa corrida, mas a reforma está parada.
Paula senta ajoelhada no assoalho, e diz que a faxineira está passando aspirador de pó na sala de televisão. Enquanto ela limpa, precisamos esperar. Eu pergunto se ela quer ouvir música enquanto esperamos. Ela demora a responder, estou acostumada a seu modo lento de falar. Finalmente ela muda de posição e apóia as costas no sofá. “Estou enjoada dos meus discos”, ela diz. O barulho do aspirador chega abafado até a sala. Ela abraça as pernas e espera o barulho passar. Eu espero com ela."
quarta-feira, 16 de março de 2011
Quem vai querer a minha periquita?
No primeiro bimestre de minhas aulas de roteiro, peço para os alunos fazerem vídeos curtos com imagens fixas. Normalmente mostrava como exemplo La Jetée, de Chris Marker, o lindo curta que inspirou o filme Os 12 macacos.
Hoje procurei exemplos diferentes. Encontrei várias animações com bonecos de risquinho.
Quem precisa de Chris Marker?
- - -
Bem, às vezes a gente precisa...
Hoje procurei exemplos diferentes. Encontrei várias animações com bonecos de risquinho.
Quem precisa de Chris Marker?
- - -
Bem, às vezes a gente precisa...
segunda-feira, 14 de março de 2011
Sentir o chão
Entre 2005 e 2006, escrevi crônicas para a revista TPM. Devia falar da vida de casada, enquanto Antonia Pellegrino tratava das solteiras.
Não conheço Antonia, mas desconfio que ela, assim como eu, não gostava de seu papel. Embora eu fosse casada, não tinha naturalidade para falar dos casamentos de maneira geral. Não acreditava que ser casada fosse algo fundamental da minha existência.
Tinha horror das mulheres que reclamam da toalha molhada no chão, o sapato espalhado na sala, bagunças de marido que deixam as mulheres histéricas.
A toalha está chão? Cata e pendura.
Ou deixa lá. Qual o problema? A irritação vem da mulher e não da toalha. A mulher que não pode ver nada fugindo de sua ordem mental pre-estabelecida.
Eu tentava fugir desses assuntos, mas não queria expor minha vida íntima. Então procurava detalhes que fossem narráveis, e tivessem algum significado, sendo pessoal no limite da prudência.
O estilo não causava suficiente polêmica, e a coluna foi cancelada.
Ontem resolvi recortar as revistas arquivadas, para guardar só meus textos, e jogar o resto fora.
Encontrei esta crônica especialmente triste.
- - -
"Meu marido construiu uma oficina no fundo da casa e agora passa todo o seu tempo livre lá atrás: organizando parafusos, arrumando cadeiras, construindo um portão de madeira para que a cachorra não entre no quarto. Às vezes acorda cedo, antes das sete horas, e já vai para a oficina. Fica ali entre suas ferramentas até a hora de sair para trabalhar. Meu avô tinha uma oficina e a cena me parece absolutamente familiar: os homens gostam de ter seu canto para inventar coisas.
Enquanto isso, eu ando em crise de relacionamento com nossa cachorra. Sempre adorei cães, e para mim a amizade canina era a mais carinhosa que existia: era só oferecer um cafuné e o cachorro deitava, abria as pernas, rolava no chão. Mas nossa cadela nova não se entrega a dengos: ágil demais e hiperativa, ela quer apenas correr pelo quintal e latir para os gatos em cima do muro. Eu a chamo para um cafuné, e ela não vem.
Nossos fins-de-semana vão passando lentamente, entre a oficina, a cachorra, e o sofá. Tomamos café, lemos o jornal, ele vai mexer em seus parafusos, eu continuo a ler. Eu pego a agenda e tento ligar para nossos amigos habituais: não encontro ninguém em casa. Saímos então para almoçar só os dois. No restaurante, eu observo os casais nas outras mesas. O mundo é cheio de casais, alguns parecem fixos, outros passageiros. A imagem me traz a lembrança de outra época, com outro namorado, e outros fins-de-semana em que não encontrávamos amigos para sair. Nesse passado já distante, estarmos só em dois era sinal de tédio. Agora não. Sentamos um em frente ao outro, olhamos o cardápio, e o tempo corre tranqüilo. Pedimos sempre a mesma comida. Experimentamos cervejas de marcas diferentes. Comemos, bebemos, e voltamos para casa pra deitar um pouco no sofá.
A casa em que moramos é térrea e sólida. No quintal tem uma oficina e uma cachorra que late muito à noite. Às vezes eu me angustio e acho que tudo vai desmoronar. Mas é só sentir o chão, pisar firme sobre o tapete, que a calma volta."
Não conheço Antonia, mas desconfio que ela, assim como eu, não gostava de seu papel. Embora eu fosse casada, não tinha naturalidade para falar dos casamentos de maneira geral. Não acreditava que ser casada fosse algo fundamental da minha existência.
Tinha horror das mulheres que reclamam da toalha molhada no chão, o sapato espalhado na sala, bagunças de marido que deixam as mulheres histéricas.
A toalha está chão? Cata e pendura.
Ou deixa lá. Qual o problema? A irritação vem da mulher e não da toalha. A mulher que não pode ver nada fugindo de sua ordem mental pre-estabelecida.
Eu tentava fugir desses assuntos, mas não queria expor minha vida íntima. Então procurava detalhes que fossem narráveis, e tivessem algum significado, sendo pessoal no limite da prudência.
O estilo não causava suficiente polêmica, e a coluna foi cancelada.
Ontem resolvi recortar as revistas arquivadas, para guardar só meus textos, e jogar o resto fora.
Encontrei esta crônica especialmente triste.
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"Meu marido construiu uma oficina no fundo da casa e agora passa todo o seu tempo livre lá atrás: organizando parafusos, arrumando cadeiras, construindo um portão de madeira para que a cachorra não entre no quarto. Às vezes acorda cedo, antes das sete horas, e já vai para a oficina. Fica ali entre suas ferramentas até a hora de sair para trabalhar. Meu avô tinha uma oficina e a cena me parece absolutamente familiar: os homens gostam de ter seu canto para inventar coisas.
Enquanto isso, eu ando em crise de relacionamento com nossa cachorra. Sempre adorei cães, e para mim a amizade canina era a mais carinhosa que existia: era só oferecer um cafuné e o cachorro deitava, abria as pernas, rolava no chão. Mas nossa cadela nova não se entrega a dengos: ágil demais e hiperativa, ela quer apenas correr pelo quintal e latir para os gatos em cima do muro. Eu a chamo para um cafuné, e ela não vem.
Nossos fins-de-semana vão passando lentamente, entre a oficina, a cachorra, e o sofá. Tomamos café, lemos o jornal, ele vai mexer em seus parafusos, eu continuo a ler. Eu pego a agenda e tento ligar para nossos amigos habituais: não encontro ninguém em casa. Saímos então para almoçar só os dois. No restaurante, eu observo os casais nas outras mesas. O mundo é cheio de casais, alguns parecem fixos, outros passageiros. A imagem me traz a lembrança de outra época, com outro namorado, e outros fins-de-semana em que não encontrávamos amigos para sair. Nesse passado já distante, estarmos só em dois era sinal de tédio. Agora não. Sentamos um em frente ao outro, olhamos o cardápio, e o tempo corre tranqüilo. Pedimos sempre a mesma comida. Experimentamos cervejas de marcas diferentes. Comemos, bebemos, e voltamos para casa pra deitar um pouco no sofá.
A casa em que moramos é térrea e sólida. No quintal tem uma oficina e uma cachorra que late muito à noite. Às vezes eu me angustio e acho que tudo vai desmoronar. Mas é só sentir o chão, pisar firme sobre o tapete, que a calma volta."
sexta-feira, 11 de março de 2011
Concordância verbal no SBT
É o fim do carnê do baú. A emissora transmite anúncios lembrando que todos devem trocar suas mercadorias, para que ninguém seja prejudicado. O texto corre na tela: não esqueça de buscar AS MERCADORIAS QUE LHE PERTENCE.
quinta-feira, 10 de março de 2011
José Martí por Pablo Milanés
Em 1994, no segundo ano da faculdade, ouvi um programa na Rádio Cultura. Alternava poemas de Rubén Darío declamados por uma atriz argentina, e outros de José Martí, cantados por Pablo Milanés.
Me pareceu tão lindo que peguei uma fita e consegui gravar quase tudo. Ouvi a gravação muitas vezes, até que emprestei a uma amiga que nunca a devolveu.
Tentei encontrar outra cópia através da rádio, mas não consegui.
Finalmente, quando ficou mais simples a venda de discos pela internet, encontrei um site americano dedicado a compositores de esquerda (!!!). Comprei o disco com meu cartão de crédito internacional (transação pouco adequada ao tema), e o recebi depois de quarenta dias.
Talvez eu seja muito ingênua: mas até hoje fico impressionada com a beleza das canções.
- - -
"Mi pan rebano en solitaria mesa
Pidiendo ¡oh triste! al aire sordo modo
De libertar de su infortunio al siervo
Y de tu infamia a ti!"
Me pareceu tão lindo que peguei uma fita e consegui gravar quase tudo. Ouvi a gravação muitas vezes, até que emprestei a uma amiga que nunca a devolveu.
Tentei encontrar outra cópia através da rádio, mas não consegui.
Finalmente, quando ficou mais simples a venda de discos pela internet, encontrei um site americano dedicado a compositores de esquerda (!!!). Comprei o disco com meu cartão de crédito internacional (transação pouco adequada ao tema), e o recebi depois de quarenta dias.
Talvez eu seja muito ingênua: mas até hoje fico impressionada com a beleza das canções.
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"Mi pan rebano en solitaria mesa
Pidiendo ¡oh triste! al aire sordo modo
De libertar de su infortunio al siervo
Y de tu infamia a ti!"
quinta-feira, 3 de março de 2011
E isso eu perdi
Nas últimas semanas tenho dirigido pouco. No metrô e na rua, ouço conversas de gente que fala alto demais.
- - -
Uma mulher, referindo-se à dor nas costas causada pelo trabalho no dia anterior:
- Minha filha passou pomada e fez uma massagem. Foi onde eu melhorei.
OBS: adoro quando substituem "quando" por "onde". "Foi onde eu percebi que ela não ia pagar...", etc.
- - -
Um casal na Vila Mariana, caminhando rápido. Ela fumava, ele seguia no meio da rua.
Ela: - Eu vou voltar pro Jardim Miriam. Lá pelo menos eu tinha alguém pra cuidar dos meus filhos.
(não escuto o que o homem diz)
Ela: - Eu só vivo pra pagar conta. Não gasto nada pra mim.
O homem diz algo como: se quer voltar, volta, problema seu.
Ela: - Se eu vivia com trezentos, posso viver com seiscentos.
- - -
Uma mulher, no vestiário da escola de natação, falando sobre sua cirurgia de correção de miopia.
- Só uma coisa foi ruim. Antes, quando eu deitava de noite, eu tirava os óculos e apagava. E isso eu perdi.
- - -
Uma mulher, referindo-se à dor nas costas causada pelo trabalho no dia anterior:
- Minha filha passou pomada e fez uma massagem. Foi onde eu melhorei.
OBS: adoro quando substituem "quando" por "onde". "Foi onde eu percebi que ela não ia pagar...", etc.
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Um casal na Vila Mariana, caminhando rápido. Ela fumava, ele seguia no meio da rua.
Ela: - Eu vou voltar pro Jardim Miriam. Lá pelo menos eu tinha alguém pra cuidar dos meus filhos.
(não escuto o que o homem diz)
Ela: - Eu só vivo pra pagar conta. Não gasto nada pra mim.
O homem diz algo como: se quer voltar, volta, problema seu.
Ela: - Se eu vivia com trezentos, posso viver com seiscentos.
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Uma mulher, no vestiário da escola de natação, falando sobre sua cirurgia de correção de miopia.
- Só uma coisa foi ruim. Antes, quando eu deitava de noite, eu tirava os óculos e apagava. E isso eu perdi.
terça-feira, 1 de março de 2011
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