Um dos trechos que tive mais dificuldade para cortar, na primeira versão do livro, era a descrição da escola estadual atrás do prédio da narradora. Era um detalhe, talvez. Mas traduzia para mim um medo que a pobreza às vezes causa na criança: um medo ligado ao mistério do escuro, do profundo, do fantasmagórico. Diferente do medo cruel de ser assaltado: cruel não pelo assalto, mas porque te faz cruel.
Era assim:
"Às vezes, quando eram férias, passávamos o dia em casa e eu via Aramis brincando no jardim de trás do prédio. Um gramado aonde eu nunca ia, no fundo do condomínio, entre nosso prédio e o muro da escola estadual. Ninguém mais do condomínio estudava ali, apenas Juliana e Aramis. Quase não olhávamos para aquele lado da rua. Ficava atrás de um muro alto que cobria todo o prédio. Só se ouvia o sinal, na hora da entrada, no recreio, e na saída. Era uma campainha estridente que soava por todo o condomínio.
À noite, quando meus pais iam ao cinema, eu observava a escola estadual da janela da despensa. Por trás de uma árvore eu podia ver o pátio. Tinha uma quadra com traves sem rede, uma tabela de basquete quebrada. Calçada de cimento, um prédio com pintura descascada, e janelas basculantes. Alguns vidros estavam quebrados e sobravam cacos entre os contornos de metal. Por trás da árvore e dos vidros, eu via os alunos dentro das salas. As cadeiras ficavam voltadas na direção do prédio, eu não podia ver detalhes, mas todos os corpos juntos, virados pra mim, olhando um professor que eu não enxergava, escondido pela parede. Eu tinha medo quando estava sozinha. Tinha a sensação de que não eram crianças, eram mais velhos, mas não como os alunos das sextas às oitavas-séries da minha escola. Eram velhos em outro sentido que eu não sabia identificar e que me parecia perigoso."
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Ignota região lunar
Outro dia atarefado. Talvez só consiga voltar ao livro na sexta-feira.
Um trecho de "Sonho de um sonho", de "Claro Enigma":
"Sonhei que os entes cativos
dessa livre disciplina
plenamente floresciam
permutando no universo
uma dileta substância
e um desejo apaziguado
de ser um com ser milhares,
pois o centro era eu de tudo,
como era cada um dos raios
desfechados para longe,
alcançando além da terra
ignota região lunar,
na perturbadora rota
que antigos não palmilharam
mas ficou traçada em branco
nos mais velhos portulanos
e no pó dos marinheiros
afogados em mar alto."
Um trecho de "Sonho de um sonho", de "Claro Enigma":
"Sonhei que os entes cativos
dessa livre disciplina
plenamente floresciam
permutando no universo
uma dileta substância
e um desejo apaziguado
de ser um com ser milhares,
pois o centro era eu de tudo,
como era cada um dos raios
desfechados para longe,
alcançando além da terra
ignota região lunar,
na perturbadora rota
que antigos não palmilharam
mas ficou traçada em branco
nos mais velhos portulanos
e no pó dos marinheiros
afogados em mar alto."
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Três horas
Encontrei Heloisa no café do Reserva Cultural na sexta-feira. Eu havia escrito sobre minhas dúvidas na revisão do livro. Antes que ela começasse a falar, eu adiantei que havia pensado um pouco mais, e quase já desistira de transformar o texto num diário da narradora quando criança. Iria apenas escrever um prefácio e deixar o texto como está.
Heloisa sugeriu que eu recuperasse os trechos que cortei depois das críticas de L.S. Segundo ela, esses trechos deixavam o livro mais ambíguo e adulto. Sem eles, a narrativa perdia o senso de estranhamento e a história das crianças parecia apenas infantil.
Voltando pra casa, tive uma sensação de confiança, de respeito. Embora eu me esforce para ser sempre técnica quando escrevo, não consegui evitar o sentimento de reconforto por recuperar coisas que escrevi com intensidade, e havia hesitado em cortar, e finalmente cortei para deixar o texto mais "ágil", e ao final percebi que a agilidade não havia ajudado. Pensar agora que essa decisão foi errada, e voltar atrás, me fez sentir muito bem.
Hoje trabalhei quase três horas sem parar, o que nunca faço. O excesso de concentração deixa minha cabeça agitada e tenho medo de entrar em euforia. Mas só preciso tomar cuidado: me dedicar, depois parar.
Heloisa sugeriu que eu recuperasse os trechos que cortei depois das críticas de L.S. Segundo ela, esses trechos deixavam o livro mais ambíguo e adulto. Sem eles, a narrativa perdia o senso de estranhamento e a história das crianças parecia apenas infantil.
Voltando pra casa, tive uma sensação de confiança, de respeito. Embora eu me esforce para ser sempre técnica quando escrevo, não consegui evitar o sentimento de reconforto por recuperar coisas que escrevi com intensidade, e havia hesitado em cortar, e finalmente cortei para deixar o texto mais "ágil", e ao final percebi que a agilidade não havia ajudado. Pensar agora que essa decisão foi errada, e voltar atrás, me fez sentir muito bem.
Hoje trabalhei quase três horas sem parar, o que nunca faço. O excesso de concentração deixa minha cabeça agitada e tenho medo de entrar em euforia. Mas só preciso tomar cuidado: me dedicar, depois parar.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
A vida material
Nos últimos dias tenho pensado muito sobre as coisas materiais. Começou com a decisão de fazer um regime para voltar ao corpo de quando eu era nova, ágil e provocativa. O impulso não é unicamente sexual: estou também cansada da imagem maternal e pacífica que tive nos últimos anos.
Sei bastante sobre nutrição, posso calcular as calorias de qualquer alimento ser precisar de nenhuma tabela, mas sempre tive dificuldades para manter um regime por tempo longo. Agora decidi adotar um método baseado no estímulo infantil e bastante frívolo: prometi a mim mesma um presente lindo a cada quilo que eu perder.
Pois houve épocas em que eu não queria coisas lindas. Agora eu quero.
Por coincidência jantei com minha amiga Simone no sábado, e ela me disse que está escrevendo um blog chamado "C'est Sissi Bon".
De certa maneira, vejo uma relação próxima entre sua visão da moda e minha dedicação à literatura. Eu não poderia agora explicar o motivo, mas somente dizer que antes da aparência vem a forma - antes da forma vem a confecção - antes da confecção a concepção - e antes da concepção vêm os materiais. E nosso desejo permeia esse processo em busca de vínculos emotivos que não encontrariam outra tradução a não ser na melhor escolha e na mais sincera dedicação a todas essas etapas.
Eu gostaria de transcrever um trecho do texto "O uniforme M.D.". Está na página 67 de "A vida material", que talvez tenha sido o último livro escrito por Marguerite Duras:
"Já há quinze anos tenho um uniforme, é o uniforme M.D., esse uniforme que inspirou, ao que parece, um costureiro no ano passado: colete preto, saia reta, pulôver de gola alta e botas curtas no inverno. Eu disse: sem vaidade, mas não é bem isso. A busca do uniforme é a busca de uma conformidade entre a forma e o fundo, entre aquilo que pensamos parecer e o que gostaríamos de parecer, entre aquilo que pensamos ser e o que desejamos mostrar de forma alusiva na roupa que usamos... Sou muito baixa. Por isso não posso usar a maior parte das roupas usadas pela grande maioria das mulheres. Toda minha vida ficou marcada por essa dificuldade, esse problema; não sobressair de forma alguma pelo vestuário para não chamar a atenção para o caso de uma mulher muito baixa. Usando sempre a mesma roupa, fazer com que as pessoas deixem de preocupar-se com minha estatura. De maneira que elas passem a observar a uniformidade do vestuário, não a razão da coisa."
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Um livro comum
Tenho uma raiva terrível de textos absolutamente caretas que as pessoas vão respeitando por imitação e sem questionar.
Um trecho de "Homem comum", de Philip Roth, em que se descreve o cemitério onde o pai do protagonista foi enterrado:
"Nas sepulturas de crianças pequenas e recém-nascidas - e não eram poucas, embora menos numerosas que as de mulheres que haviam morrido na faixa dos vinte anos, muito provavelmente de parto - encontraram uma ou outra lápide encimada pela escultura de um cordeiro..."
Acho bonita a imagem dos cordeiros nas lápides. Mas o que é essa digressão sobre as mulheres que morreram de parto? Nenhum personagem estaria pensando nisso naquele momento. De maneira nenhuma eles poderiam observar essas lápides, porque a cena não oferece nenhum detalhe. A fatalidade do parto é uma informação completamente externa ao livro, e além disso não é novidade pra ninguém.
Se fosse apenas uma frase mal escolhida num livro cuidadoso... mas o texto é tão comum que me cansa. Ao mesmo tempo, me descansa. O estilo é tão igual a tantos outros livros que a leitura não exige esforço e é útil de noite quando preciso dormir.
Esse estímulo à preguiça, me parece, é o motivo de admirações que às vezes se pretendem literárias.
Resta a figura simpática do pai e de Phoebe, ex-mulher do protagonista. Talvez salve o livro, mas acho pouco.
Um trecho de "Homem comum", de Philip Roth, em que se descreve o cemitério onde o pai do protagonista foi enterrado:
"Nas sepulturas de crianças pequenas e recém-nascidas - e não eram poucas, embora menos numerosas que as de mulheres que haviam morrido na faixa dos vinte anos, muito provavelmente de parto - encontraram uma ou outra lápide encimada pela escultura de um cordeiro..."
Acho bonita a imagem dos cordeiros nas lápides. Mas o que é essa digressão sobre as mulheres que morreram de parto? Nenhum personagem estaria pensando nisso naquele momento. De maneira nenhuma eles poderiam observar essas lápides, porque a cena não oferece nenhum detalhe. A fatalidade do parto é uma informação completamente externa ao livro, e além disso não é novidade pra ninguém.
Se fosse apenas uma frase mal escolhida num livro cuidadoso... mas o texto é tão comum que me cansa. Ao mesmo tempo, me descansa. O estilo é tão igual a tantos outros livros que a leitura não exige esforço e é útil de noite quando preciso dormir.
Esse estímulo à preguiça, me parece, é o motivo de admirações que às vezes se pretendem literárias.
Resta a figura simpática do pai e de Phoebe, ex-mulher do protagonista. Talvez salve o livro, mas acho pouco.
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Sua celeste tábua
O fim desta semana foi muito corrido, e não consegui escrever nada.
Fiquei muitas horas no carro, com o trânsito parado.
Para ter alguma alegria nesse horror, repetia insistentemente a mesma música no rádio, cantando alto, batucando no volante.
HERMES TRISMEGISTO:
"Tu separarás a terra do fogo
e o sutil do espesso,
docemente, com grande desvelo,
pois ele ascende da terra
e descende do céu
e recebe a força das coisas superiores
e das coisas inferiores.
Tu terás por esse meio a glória do mundo,
e toda obscuridade fugirá de ti."
- - -
Gostaria de acreditar nisso: que toda obscuridade fugirá de mim.
Fiquei muitas horas no carro, com o trânsito parado.
Para ter alguma alegria nesse horror, repetia insistentemente a mesma música no rádio, cantando alto, batucando no volante.
HERMES TRISMEGISTO:
"Tu separarás a terra do fogo
e o sutil do espesso,
docemente, com grande desvelo,
pois ele ascende da terra
e descende do céu
e recebe a força das coisas superiores
e das coisas inferiores.
Tu terás por esse meio a glória do mundo,
e toda obscuridade fugirá de ti."
- - -
Gostaria de acreditar nisso: que toda obscuridade fugirá de mim.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Carinho no cabelo
Tento continuar a revisão. Durante a noite, imaginei que poderia manter um texto seco, próximo ao diário de Carolina de Jesus, para evitar o que me irrita na literatura infanto-juvenil atual: um estilo Bridget Jones adolescente.
Um trecho do que fiz hoje:
VERSÃO ANTERIOR
Enquanto nossa professora conversava no corredor, as meninas da outra classe chegaram, e abraçaram Verinha. Ficaram aninhadas a ela, que fazia carinho em seus cabelos - as meninas crescidas, já do tamanho da professora morena e miúda. Eu estava com Paula dentro de nossa sala, entre os restos da festa. A imagem das meninas abraçadas me chamou a atenção: durante todo o ano, ouvimos os gritos de Verinha, a professora mais famosa no colégio, por ser baixa e brava. Lembro de ficar parada, observando o abraço, os carinhos, uma ligação que eu não suspeitara antes entre braveza e afeto. Enquanto nossa professora, que eu considerava tão próxima a nós, estava agora distante, com as outras meninas, que não éramos nós, eram outras.
VERSÃO ATUAL
Eu não tinha nada para fazer porque Paula estava cansada. Olhei para o corredor e vi Cíntia e outras meninas da 4aB abraçando a Verinha. Ela fez carinho no cabelo de Cíntia e achei estranho. Quando a Verinha fica brava, nós ouvimos seus gritos da nossa classe. Nossa professora nunca grita. Mas nunca fez carinho no cabelo de nenhum aluno.
- - -
Também excluí a observação sobre a altura de Cíntia. Achei muito improvável que uma menina de 10 anos fosse maior que a professora, por mais baixa que esta pudesse ser.
Um trecho do que fiz hoje:
VERSÃO ANTERIOR
Enquanto nossa professora conversava no corredor, as meninas da outra classe chegaram, e abraçaram Verinha. Ficaram aninhadas a ela, que fazia carinho em seus cabelos - as meninas crescidas, já do tamanho da professora morena e miúda. Eu estava com Paula dentro de nossa sala, entre os restos da festa. A imagem das meninas abraçadas me chamou a atenção: durante todo o ano, ouvimos os gritos de Verinha, a professora mais famosa no colégio, por ser baixa e brava. Lembro de ficar parada, observando o abraço, os carinhos, uma ligação que eu não suspeitara antes entre braveza e afeto. Enquanto nossa professora, que eu considerava tão próxima a nós, estava agora distante, com as outras meninas, que não éramos nós, eram outras.
VERSÃO ATUAL
Eu não tinha nada para fazer porque Paula estava cansada. Olhei para o corredor e vi Cíntia e outras meninas da 4aB abraçando a Verinha. Ela fez carinho no cabelo de Cíntia e achei estranho. Quando a Verinha fica brava, nós ouvimos seus gritos da nossa classe. Nossa professora nunca grita. Mas nunca fez carinho no cabelo de nenhum aluno.
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Também excluí a observação sobre a altura de Cíntia. Achei muito improvável que uma menina de 10 anos fosse maior que a professora, por mais baixa que esta pudesse ser.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Os dramas se repetem
Hoje fiz a matrícula no doutorado. Estou realmente pasmada com os textos que tenho lido por causa disso. Alain me deu uma coletânea de artigos em homenagem ao trabalho de Roberto Schwarz. Eu já havia lido e gostado de "Um mestre na periferia do capitalismo" - mas agora, mais velha, certas idéias me parecem bem mais fortes.
Antes eu não sabia quase nada sobre história e literatura no Brasil, e o livro dele teve uma função basicamente informativa. Agora essas idéias me fazem reavaliar muitas outras coisas que aprendi recentemente, mas me pareciam confusas (idéias que me pareciam erradas mas eu não entendia por quê).
Durante o Carnaval, Alain insistiu novamente na idéia de que eu revisasse o texto de "O afeto", transformando o tom de memória num texto mais atual, que a narradora, ainda criança, estaria escrevendo enquanto a história acontece. Por um momento achei que ele tinha razão, e imaginei várias cenas que poderia escrever se mudasse o estilo da narrativa.
Mas hoje, ao sentar para escrever, enfrentei a primeira frase. O parágrafo que eu precisava revisar era este:
"No último dia de aulas da quarta-série, tivemos bolo e amigo-secreto com a professora. Ouvimos discos que trouxemos de casa, as carteiras estavam desarrumadas e muitos alunos já tinham deixado a sala. Nossa professora conversava no corredor com Verinha, a professora da outra turma. No período da tarde estudavam apenas as classes do primário. Éramos os mais velhos da escola, tínhamos respeito dos outros."
Para transformar esse texto em um diário de menina, pensei em fazer frases mais curtas. Por exemplo: "Hoje foi o último dia de aula. Teve bolo e amigo-secreto." Mas de repente me deu uma repulsa desses textos engraçadinhos, com frases curtas e vazias. Parei o trabalho, com sérias dúvidas se devia continuar essa revisão ou não.
Talvez haja a possibilidade de transformar o tom do texto sem alterar o ritmo das frases. Mas será que o resultado vai combinar com uma personagem de 11 anos? Não sei.
Antes eu não sabia quase nada sobre história e literatura no Brasil, e o livro dele teve uma função basicamente informativa. Agora essas idéias me fazem reavaliar muitas outras coisas que aprendi recentemente, mas me pareciam confusas (idéias que me pareciam erradas mas eu não entendia por quê).
Durante o Carnaval, Alain insistiu novamente na idéia de que eu revisasse o texto de "O afeto", transformando o tom de memória num texto mais atual, que a narradora, ainda criança, estaria escrevendo enquanto a história acontece. Por um momento achei que ele tinha razão, e imaginei várias cenas que poderia escrever se mudasse o estilo da narrativa.
Mas hoje, ao sentar para escrever, enfrentei a primeira frase. O parágrafo que eu precisava revisar era este:
"No último dia de aulas da quarta-série, tivemos bolo e amigo-secreto com a professora. Ouvimos discos que trouxemos de casa, as carteiras estavam desarrumadas e muitos alunos já tinham deixado a sala. Nossa professora conversava no corredor com Verinha, a professora da outra turma. No período da tarde estudavam apenas as classes do primário. Éramos os mais velhos da escola, tínhamos respeito dos outros."
Para transformar esse texto em um diário de menina, pensei em fazer frases mais curtas. Por exemplo: "Hoje foi o último dia de aula. Teve bolo e amigo-secreto." Mas de repente me deu uma repulsa desses textos engraçadinhos, com frases curtas e vazias. Parei o trabalho, com sérias dúvidas se devia continuar essa revisão ou não.
Talvez haja a possibilidade de transformar o tom do texto sem alterar o ritmo das frases. Mas será que o resultado vai combinar com uma personagem de 11 anos? Não sei.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Intelectual e proletária
Neste ano volto a estudar. Faço a matrícula no doutorado na próxima segunda-feira.
Durante o carnaval li uma coletânea de artigos de Iná Camargo Costa, chamada "Sinta o drama". Embora em alguns momentos ela escreva de maneira engajada demais para meu gosto (mais discreto), o livro me esclareceu tantas coisas sobre literatura e ideologia que fiquei assustada.
Lembrei principalmente do estilo de escrita que eu buscava na faculdade, cheio de silêncios e coisas não ditas. Eu já desconfiava, mas agora me pareceu tão claro: como esses silêncios eram sinal de uma repressão minha, pessoal, e não literária.
Tristemente burguês.
Durante o carnaval li uma coletânea de artigos de Iná Camargo Costa, chamada "Sinta o drama". Embora em alguns momentos ela escreva de maneira engajada demais para meu gosto (mais discreto), o livro me esclareceu tantas coisas sobre literatura e ideologia que fiquei assustada.
Lembrei principalmente do estilo de escrita que eu buscava na faculdade, cheio de silêncios e coisas não ditas. Eu já desconfiava, mas agora me pareceu tão claro: como esses silêncios eram sinal de uma repressão minha, pessoal, e não literária.
Tristemente burguês.
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