terça-feira, 12 de maio de 2009

Sean Dreilinger

Ontem tive um pequeno e íntimo insight.

Insights normalmente significam muito para quem os tem, e pouco para quem ouve. Justamente pelo que são: instantes em que se percebe, numa iluminação repentina, um significado conectando muitas preocupações - variadas, recorrentes, semelhantes porém ainda isoladas.

Uma obsessão antiga: cenas do cotidiano doméstico.

Outra: jovens mães com filhos pequenos.

Outra: casas de campo frequentada por intelectuais (como mencionei há alguns dias).

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Eu estava procurando na internet fotos de mulheres morenas de cabelo cacheado (como já comentei), quando encontrei no Flickr as fotos da família de Sean Dreilinger.

Sua esposa, Rachel, não é exatamente parecida comigo, mas em alguns ângulos havia semelhança.

De repente um álbum capturou meu olhar - "Kathy & Mikaela visiting" - numa sensação de encantamento e nostalgia fortíssimos.

Passaram dias e eu não conseguia esquecer as fotos.

Voltando ao álbum, examinando novamente, tentando entender quem era aquela família razoavelmente comum, em que o pai trabalha com informática ou algo assim, com um único talento aparente para mim - tirar fotos bonitas de sua família - num instante tudo se relacionou.

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A obsessão não é um desejo.

São imagens gravada num canto fundo da memória; imagens apartadas de suas informações factuais e biográficas. Toda lembrança se foi - restaram símbolos e a sensação de que algo era importante.

12 comentários:

Felipe Rangel Prado disse...

Gostei do seu cotiano

.mari. disse...

Sempre achei o 'cotiddiano doméstico' encantador. Acho que é por isso que escuto conversas alheias no ônibus até hoje =P
Sobre as fotos...a sensação é tipo um deja vu, em que parece que vc ja esteve em determinado lugar mas nao lembra direito?

.mari. disse...
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Vitor Freire disse...

Sabina,
Te mandei e-mail. Caso ele não chegue direitinho, aqui vai outra pista:
estamos precisando de roteirista para um projeto, me mande seus contatos para: vfreire@tv1.com.br

Saravá!

Alex disse...

Que bom que falous dos insights, Sabina. É o que disse: para quem os entende é outra coisa, há outro olhar sobre isso. Quando os tenho, é coração quente e mente disparada. Imagens mexem muito comigo, tiro histórias inteiras de uma única fotografia. Agora vou lá seguir os links. Beijos.

Alex disse...
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sabina anzuategui disse...

Mari, um insight é como um segundo passo do deja-vu.

Num deja-vu você vê uma imagem, reconhece e sente como muito familiar, mas não consegue determinar a origem dessa sensação.

Um insight é quando você finalmente entende. Não só sente a familiaridade, mas consegue relacionar com um momento preciso de sua vida (muitas vezes, um momento da infância - período de marcas fortes emocionais, mas disperso nas referências temporais).

Bem... não sou psicologa, mas em resumo é isso.

Naturalmente há outros tipos de insight: em física, matemática, economia, politica... no meu caso, tem mais relação c/ psicanalise.

Bjs!

Anônimo disse...

Sabe do que eu lembrei quando li este post? Do final do Vanilla Sky, quando o personagem que eu esqueci o nome (e não vou dizer que é do Tom Cruise, porque tb já vi uma versão argentina e, pelo que sei, a original é ela) descobre que nada na vida dele era verdadeiro. Lembra que o "Dr." mostra de onde ele tinha tirado todos os desejos, sensações e percepções? Era tudo derivado de sugestões externas - uma cena de novela, um cartaz de filme, uma letra de música, uma dançarina famosa e etc. Eu nunca gostei daquele filme, por achar muito incomodo. Aliás, assisti aos pedaços, as duas versões, porque em toda casa de amigo que eu ia tinha alguém assistindo. Acontece que, de vez em quando, fico pensando em como seria a vida se não existissem tantos parâmetros externos, tanta informação – televisão, livros, viagens, internet, Orkut e etc.
Seu insight me pareceu um pouco com isso.

Paulodaluzmoreira disse...

Acho que obsessão é desejo, sim, mas não numa relação causa/consequência banal. Vc já leu o Camara Lucida do Bartes? É uma leitura - me perdoe se vc for fã - chatinha, um pouco narcisista demais pro meu gosto, mas no fim das contas ele faz uma reflexão muito aguda sobre o poder da fotografia, ou melhor, o poder de certas fotografias de nos tocar.

sabina anzuategui disse...

Tata, nesse caso não foi bem isso; eram imagens "reais" mesmo (embora o termo hoje seja tão problemático). É que simplesmente não me dei ao trabalho de explicar as origens pessoais.

Mas houve uma época, c/ meu primeiro namorado, que aconteciam umas coisas boas e eu tinha a sensação "nossa, parece que estou vivendo um filme!"... o que seria bem proximo do que você comenta.

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Paulo - ok, não tenha medo, não sou fã de carteirinha do Barthes.

O cara era figura, muito sensível e com bom gosto. Li uma biografia muito interessante e vi uma ótima exposição no centre Pompidou sobre ele, comparando os textos e os objetos que ele discutia.

Mas concordo com tigo sobre o que ele escreve: poderia ser ótimo, se não fosse tão chatinho.

Paulodaluzmoreira disse...

Ufa, que alívio... quem é fã não admite reparo aos gênios franceses...
No livro ele vai falando sobre como as fotogrofias descrevem, tem um conteúdo, digamos, cultural informativo que ele chama de studium e uma outra coisa, puxada de um detalhe, de um insight, digamos, que ele chama de punctum, coisa que algumas fotografias têm e outras não.

Jean disse...

Sabina, olá prazer!
Então, me identifiquei muuuito com o seu post, inclusive, achei-o pelas mesmas circunstancias.

Outro dia procurando fotos de casamento, porque acho bonitas, achei o perfil do sean, acabei caindo em uma foto da rachel, esposa dele.

me apaixonei pelas fotos
apaixoi mesmo,
no trabalho fiquei vendo boa parte das 10 mil fotos dele. Qdo digo boa parte, é boa parte. E salvando em meu computador.
Devo ter visto no minimo uns 70%, pricipalemtne as mais recentes.
As fotos, a casa deles, os filhos maravilhosos, e a forma q ele retrata tudo isso é magnifica, te dá esperança, te dá vontade de querer tudinho pra vc, tudo isso.

Acho que a beleza da rachel e seu sorriso ajudam muito!.
Enfim, hj tava procurando mais informaçoes sobre ele, sei la, fiquei meio obcessivo.

Dae pesquizando o nome dele, cai aki

como começei,
Prazer!
espero q me responda..

ahhh, inclusive, tambem tenho flickr, e mandei uma mensagem pra ele admirando seu trabalho e sua familia. Ele respondeu e me desejou felicidades na enghenharia e nas fotos.
Ele parece simpático!
enfim, tchau!