sexta-feira, 15 de maio de 2009

Embaixo do olmeiro fresco

Ando tão corrida que nem comentei sobre o curso intelectualmente engajado que estou fazendo na pós... "Aspectos da dialética no teatro de Bertolt Brecht".

Pareceria ressurgido das cinzas dos anos 60 se não fossem os "aspectos". Hoje em dia, nas universidades, ninguém se arrisca a saber algo sobre alguma coisa. Falamos apenas de aspectos.

De todo modo, o professor é ótimo e as peças do Brecht são encantadoras. Ainda aproveito pra ler um pouco mais sobre Marx, tema que me interessa mas nunca estudei direito.

Segue um trecho romântico do Círculo de giz caucasiano, traduzido por Manuel Bandeira (Ed. Cosac & Naify):

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GRUCHA
Simão Chachava, esperarei por ti.
Vai tranquilo para a batalha, soldado,
Para a sangrenta batalha, a amarga batalha,
Da qual nem todos voltam:
Quando voltares, estarei aqui.
Te esperarei embaixo do olmeiro verde,
Te esperarei embaixo do olmeiro fresco,
Te esperarei até que o último tenha voltado
E mais ainda.
Quando voltares da batalha
Não verás nenhuma bota à soleira de minha porta,
O travesseiro ao lado do meu estará vazio,
E minha boca não terá sido beijada.
Quando voltares, quando voltares,
Poderás dizer: tudo está como dantes.

5 comentários:

Rachel Souza disse...

Feliz por sua fase Marxista!rs
Dá-lhe Brecht e realismo socialista! :)

Anônimo disse...

ok, mas brecht é o oposto do r.s.

aliás, quadros do realismo socialista viraram fetiche de compradores de arte ricos da europa.

coisas da vida.

(sabina)

Paulodaluzmoreira disse...

Conheço só um pouquinho [o Grupo Galpão fez uma adaptação fantástica de Brecht] mas para mim Brecht é um dos modernistas mais interessantes, porque nunca esqueceu que escrevia para alguém além dele mesmo, e é um dos engajados mais interessantes porque acreditava que arte revolucionária de verdade não podia ser uma combinação tipo Frankenstein de forma "quadrada" e conteúdo "subversivo".

sabina anzuategui disse...

ah, ele é demais.

lembra de uma cena das viagens de gulliver, em que o proprio chega no mundo dos mortos e encontra os comentadores de aristoteles num canto? (acho que era aristoteles)

enfim, gulliver se surpreende e pergunta por que, se todos no mundo dos mortos são iguais, eles não estão juntos do proprio aristoteles?

nem explico a conclusão.

mas: vale o mesmo p/ brecht.

Anônimo disse...

Ah, Marx pra mim é uma novela! Aliás, é uma pena q não tenha dado tempo de vc postar nada a respeito das suas aulas. Eu gostaria de ler.
Bjos.