quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Travessa do Leblon

Lançamento ontem, no Rio, de O afeto ou Caderno sobre a mesa.

Estiveram presentes as amigas Rachel Souza e Malu de Martino. Rachel fez a foto.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Lançamento no Rio de Janeiro

Amigos do Rio:

Na próxima terça, 25 de outubro, às 19h, haverá o lançamento do meu novo livro: O afeto ou Caderno sobre a mesa, pela editora 7 Letras.

Será um lançamento conjunto com a nova coleção de prosa da editora, na livraria Travessa do Leblon.

Eu estarei lá, e adoraria encontrar os amigos.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Inatingíveis, perfeitos, olimpianos

Tese, tese.

Passei os últimos dias coletando frases de matérias antigas de jornal, tentando encontrar eixos nas opiniões sobre qualidades e defeitos de variadas novelas.

Sobre a questão do luxo:

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JB, 29 nov. 1969 (sobre Beto Rockfeller)

“Os espectadores são levados a crer que o acesso às mulheres, ao dinheiro e ao sucesso social não é assim tão difícil.”

O Globo, 10 jul. 1977

“[sobre Espelho mágico] Do ponto de vista do comportamento do mercado, pode ser que este, numa autodefesa da própria necessidade de ilusão, prefira ver os seus ídolos sempre inatingíveis, perfeitos, olimpianos, intocáveis, belos, fortes, poderosos. Alienação ou não, a verdade é que as idealizações fazem parte do cortejo de necessidades psicológicas do ser humano e pode ser que algo se quebre dentro do público, quando ele perceba que está desvendando o mundo dos seus ídolos e esse mundo é igual ao seu em insegurança, medo e até mediocridade, feiura e até pobreza...”

JB, 25 jul. 1977

“[Em Locomotivas] Lá o sonho já foi realizado, não há mais pobres e nem se luta mais pela vida. Eles só querem, só pensam em namorar. (...) Belamente confeitada, segundo todas as receitas da Metro dos anos 50 e das Panteras atuais, a novela é um eterno desfile de modas, penteados, adereços e calçados.”

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Há algum tempo me irritavam as novelas em que a única questão era isso: namorar. Da infância à velhice, parecia o único objetivo de todos os personagens.

Agora o tema da ascensão da classe C volta à moda (como nos anos 1970).

E os personagens voltam a se debater entre pobreza e riqueza.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Água e comida

Dizem que existe uma "culpa da sobrevivência" nas pessoas que perdem alguém próximo. Morre um filho, os pais, um amor... o tempo passa e a pessoa realimenta a dor da perda num círculo vicioso, por culpa de esquecer. Esquecer seria uma traição ao vínculo passado.

A culpa, dizem os psicanalistas, é uma defesa contra acasos dolorosos. Ao assumir a responsabilidade que não teve, a pessoa sente o conforto do controle. Eu sofri, mas foi minha culpa. Ninguém fez isso: fui eu mesmo.

A teoria é ótima, mas o sentimento difuso da culpa nem sempre tem o carimbo: "sinto culpa".

A pessoa fica se perguntando: o que fiz de errado, o que poderia ter sido evitado... Parece uma racionalização das possibilidades perdidas, não culpa.

Mas é.

Sendo uma defesa contra a fragilidade passada, a culpa também age contra a felicidade futura.

Como posso ser feliz, depois de ter sofrido? Como esquecer meu pequeno eu, frágil e choroso, e substituí-lo por um outro eu feliz? Que ingratidão pelo passado, de que sou fruto e filho.

Abandonar o ninho.

É impossível crescer sem ferir os pais, dizem.

Há gente que se arrasta pela vida sem nunca dizer: não sou mais seu filho. Esqueça aquela criança que você amava e protegia, porque ela não existe mais: sou outro agora, se quiser me amar ou não, é sua escolha.

Mas os pais são pessoas reais: feri-los pode ser uma ingratidão real.

Nada disso ocorre com nossas fantasias de sofrimento. Elas podem ser decapitadas, empurradas de um precipício, jogadas aos tubarões. Assassinadas com frieza, sem consequências legais ou morais.

Abandonar num deserto, sem água ou comida, a memória dolorida que amamos e protegemos: pobrezinha, seu tempo acabou.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Leituras da adolescência

Por acaso, hoje lembrei da epígrafe de Admirável mundo novo (versos de A Tempestade):

"Ó, maravilha!
Que adoráveis criaturas temos aqui!
Como é bela a espécie humana!
Ó, admirável mundo novo
que possui gente assim!"

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No original:

"MIRANDA

O, wonder!
How many goodly creatures are there here!
How beauteous mankind is! O brave new world,
That has such people in't!"