Vc não faz idéia de quantos alunos de escola pública, grande parte deles negros e pardos, dizem em sala de aula que gostariam que o Brasil tivesse um regime parecido com o nazista. As aulas de história foram drasticamente cortadas das grades, tanto do ensino médio como fundamental, em Minas. Estes meninos pouco sabem sobre nazismo, só entendem que era um regime autoritário e sabem destes detalhes que foram ditos aí nessa propaganda tão antiga. O governo aqui é pessedista, opa! , digo, PSDB. A política brasileira que nunca tinha atingido (segundo Skidmore, mas há controvérsias) um discurso ideológico, agora parece que descambou pra esse lado. Eu particularmente vejo um só perigo para a democracia atual: falta de maioria para ambos os lados. O que, aliás, levou a bancarrota nossas frágeis instituições nos eventos que a gente sabe de cor: 1964, 1930, etc. Reparou que não existe maioria? Isto é óbvio, são as estatísticas que dizem, mas não deixa de ser interessante considerar que o discurso das duas partes é igualmente agressivo e pende para lados totalmente opostos. É impressionante como as correntes de ditos eleitores do Serra que rolam pela internet são, em geral, fascistas; e como as da Dilma são, em geral revanchistas. No fim, você sabe, é tudo a mesma coisa e tem o mesmo resultado. O que legitima as instituições são as pessoas, em seus pequenos poderes diários. E as pessoas estão cada vez mais intolerantes. E talvez a parcela que votou na Marina estivesse justamente fugindo dessa intolerância e dos discursos agressivos que ela carrega. Foi a minha interpretação.
Isso é muito triste, mesmo. Já vi também adolescentes defendendo Bin Laden, ou defendendo a ditadura militar. Parece que os discursos radicais catalizam o desejo de ter um rumo, uma "idéia pura".
Acho mesmo uma pena que o PSDB tenha assumido esse discurso reacionário, pra polarizar contra o PT. Como não há candidato oficial da direita, o PSDB está cumprindo essa função de modo constrangedor.
Muita gente no Brasil parece estar com sede de um judas para malhar, ou de uma bruxa para queimar na fogueira. É um rancor azedo somado com uma raiva acumulada que realmente dá medo. Eu me lembrei da resposta do Oiticica a uma pergunta se o Brasil estava caminhando para o socialismo no começo dos anos 80: Socialismo? Eu acho o Brasil um país bem fascista... A intolerância está na moda.
Não acho que seja um problema de desconhecer o que foi o nazismo - ou o que o Bin Laden propõe, se é que propõe mesmo alguma coisa e não seja uma parte do jogo bushiano de radicalização e controle. Acho que o desconhecimento se dá em relação ao que seja “democracia civilizada e funcionando”; em relação à pressa com que as pessoas afirmam que a democracia tem mil defeitos, mas não inventaram nada melhor. Uma parte enorme da população não tem como nem porquê avaliar as vantagens dessa maravilha.
6 comentários:
Vc não faz idéia de quantos alunos de escola pública, grande parte deles negros e pardos, dizem em sala de aula que gostariam que o Brasil tivesse um regime parecido com o nazista. As aulas de história foram drasticamente cortadas das grades, tanto do ensino médio como fundamental, em Minas. Estes meninos pouco sabem sobre nazismo, só entendem que era um regime autoritário e sabem destes detalhes que foram ditos aí nessa propaganda tão antiga. O governo aqui é pessedista, opa! , digo, PSDB.
A política brasileira que nunca tinha atingido (segundo Skidmore, mas há controvérsias) um discurso ideológico, agora parece que descambou pra esse lado. Eu particularmente vejo um só perigo para a democracia atual: falta de maioria para ambos os lados. O que, aliás, levou a bancarrota nossas frágeis instituições nos eventos que a gente sabe de cor: 1964, 1930, etc.
Reparou que não existe maioria? Isto é óbvio, são as estatísticas que dizem, mas não deixa de ser interessante considerar que o discurso das duas partes é igualmente agressivo e pende para lados totalmente opostos. É impressionante como as correntes de ditos eleitores do Serra que rolam pela internet são, em geral, fascistas; e como as da Dilma são, em geral revanchistas. No fim, você sabe, é tudo a mesma coisa e tem o mesmo resultado.
O que legitima as instituições são as pessoas, em seus pequenos poderes diários. E as pessoas estão cada vez mais intolerantes. E talvez a parcela que votou na Marina estivesse justamente fugindo dessa intolerância e dos discursos agressivos que ela carrega. Foi a minha interpretação.
Isso é muito triste, mesmo. Já vi também adolescentes defendendo Bin Laden, ou defendendo a ditadura militar. Parece que os discursos radicais catalizam o desejo de ter um rumo, uma "idéia pura".
Acho mesmo uma pena que o PSDB tenha assumido esse discurso reacionário, pra polarizar contra o PT. Como não há candidato oficial da direita, o PSDB está cumprindo essa função de modo constrangedor.
Muita gente no Brasil parece estar com sede de um judas para malhar, ou de uma bruxa para queimar na fogueira. É um rancor azedo somado com uma raiva acumulada que realmente dá medo.
Eu me lembrei da resposta do Oiticica a uma pergunta se o Brasil estava caminhando para o socialismo no começo dos anos 80: Socialismo? Eu acho o Brasil um país bem fascista... A intolerância está na moda.
Não acho que seja um problema de desconhecer o que foi o nazismo - ou o que o Bin Laden propõe, se é que propõe mesmo alguma coisa e não seja uma parte do jogo bushiano de radicalização e controle.
Acho que o desconhecimento se dá em relação ao que seja “democracia civilizada e funcionando”; em relação à pressa com que as pessoas afirmam que a democracia tem mil defeitos, mas não inventaram nada melhor.
Uma parte enorme da população não tem como nem porquê avaliar as vantagens dessa maravilha.
Laerte
Concordo, acrescentando que essa "parte enorme" não é uma questão de classe social.
Postar um comentário