sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Eu cresci, o caminho perdi

Essa música sempre me intrigou. O refrão é um golpe-baixo emocional, certo. Mas só funciona por suas qualidades poéticas: considerando "qualidade" sua pouca elegância, seu caipirismo pobre e violento, o passado inconfessável, de sofrimento e vergonha, que dá saudade por um mecanismo psicológico próximo à Síndrome de Estocolmo.

"Mamãe, mamãe, mamãe
Eu te lembro o chinelo na mão
O avental todo sujo de ovo
Se eu pudesse
Eu queria, outra vez, mamãe
Começar tudo, tudo de novo"

Entre as frases-feitas de um populismo conservador, há também esse verso que não me parece tão óbvio:

"Ela é o tesouro que o pobre
Das mãos do Senhor recebeu"

Coitados dos pobres.

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MAMÃE

Composição: David Nasser e Herivelto Martins
Interpretação: Ângela Maria e Agnaldo Timóteo

Um comentário:

Paulodaluzmoreira disse...

Curioso o cara sentir saudade da mãe com o chinelo na mão... Masoquismo incestuoso?