segunda-feira, 5 de julho de 2010

Todos os meus conhecidos

Vale a pena escrever sobre nossos rancores banais? Tenho um sentimento de exclusão recorrente, quando vejo no jornal alguma notícia sobre escritores de minha geração. Principalmente os que considero fracos. Penso: o que fiz de errado? Que problema é esse que não consigo identificar, que me deixa fora de editoras e jornais, enquanto outros se estabelecem?

Talvez não seja muito original, mas sempre gostei especialmente do Poema em linha reta, de Fernando Pessoa.

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. (...)

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. (...)

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!"

- - -

Conheci o poema num disco do Patife Band, que ganhei de meu pai.

5 comentários:

Denise disse...

eu prefiro os desconhecidos, rs.

saudade sabina!

Anônimo disse...

Sabina, um dos motivos que me levou a deletar o facebook foi exatamente este. Já reparou que lá não tem lugar pra tristeza? No orkut tinha, mas só quando a página era invariavelmente azulzinha e não existia esse negócio de fazendinha feliz.
Bjos

sabina anzuategui disse...

como se chamava aquele bonequinho japonês que a gente precisava manter vivo?

depois dele, a fazendinha não tem graça pra mim.

Anônimo disse...

Tamagush,não sei se está escrito corretamente, mas a pronúncia era esta.

Paulodaluzmoreira disse...

Realmente falta de reconhecimento é de azedar a mandioca de qualquer um. Olha, qdo eu leio essas matérias sobre gerações e sensações da literatura me consolo lembrando que a grde sensação da literatura brasileira nos anos 20 não era Drummond nem Bandeira nem Mário nem Oswald. Era Benjamin Costallat e Ronald de Carvalho [que foi até eleito "Príncipe dos Prosadores Brasileiros"]. O tempo passa, a poeira assenta e a gente vê como ficaram as coisas [se não morre no meio do caminho, claro].
No cortado do dia a dia acho que aí o que está em jogo é só um círculo de relações pessoais meio restrito e uma vontade muito grande dos jornalistas de fazer pauta. Há que ser, portanto, conhecida e bem quista nesses circulinhos e também pautável. Coisas que involvem talentos de uma outra natureza, né?