terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Adeus às aulas

Cristóvão Tezza comentou seu pedido de demissão da UFPR, na Gazeta do Povo (jornal de Curitiba):

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(...)

"Antes que pensem que enlouqueci – nenhuma cultura é mais avessa ao risco do que a brasileira, e eu me incluo nela – es­­clareço que há em tudo um cálculo cuidadoso, típico da cidade que me educou, em que ponderados custo e benefício, o saldo será uma imensa felicidade, ainda que mais pobre, se é que al­­guém pode se permitir essa so­­berba. Em suma, não gostaria de entregar ao Estado (a essa altura da vida, só a ele, porque como aca­­dêmico já esgotei meus projetos e minha paciência) os dez anos que ainda me faltam para merecer aquela aposentadoria gorda do estamento federal. Pre­­firo gastar esses anos comigo mesmo, enquanto tenho tempo.

(...)

Calculo que passaram por mim cerca de oito ou nove mil estudantes nessas duas décadas e meia, todos sempre com a mesma idade; só eu envelheci. Devo ter lido mais de 100.000 textos escritos por eles, o que sempre deixou meu ouvido e minha intuição sintonizados com a linguagem contemporânea, uma experiência inestimável para quem escreve. Sempre gostei de dar aulas, e acho que os alunos perceberam isso. Manti­­ve-me anos a fio mais um mestre-escola que um pesquisador, e graças à generosa tolerância de meus colegas, consegui escapar, fugindo sorrateiro pelos corredores, de cargos burocráticos infernais, o que me permitiu escrever os livros que escrevi desde Trapo. A universidade foi uma sólida e boa companhia que agora chega ao fim.

Diz a lenda – que minha vaidade ajudou a propagar – que saio da universidade para me dedicar a escrever. Não contem para ninguém, mas o que eu quero mesmo é curtir o ócio, en­­quanto ainda tenho saúde para desfrutá-lo."

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Aqui o texto completo.

4 comentários:

Paulodaluzmoreira disse...

quem pode, pode...

sabina anzuategui disse...

quem não pode, se sacode.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Denise disse...

feliz natal sabina!
=]