Cristóvão Tezza comentou seu pedido de demissão da UFPR, na Gazeta do Povo (jornal de Curitiba):
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"Antes que pensem que enlouqueci – nenhuma cultura é mais avessa ao risco do que a brasileira, e eu me incluo nela – esclareço que há em tudo um cálculo cuidadoso, típico da cidade que me educou, em que ponderados custo e benefício, o saldo será uma imensa felicidade, ainda que mais pobre, se é que alguém pode se permitir essa soberba. Em suma, não gostaria de entregar ao Estado (a essa altura da vida, só a ele, porque como acadêmico já esgotei meus projetos e minha paciência) os dez anos que ainda me faltam para merecer aquela aposentadoria gorda do estamento federal. Prefiro gastar esses anos comigo mesmo, enquanto tenho tempo.
(...)
Calculo que passaram por mim cerca de oito ou nove mil estudantes nessas duas décadas e meia, todos sempre com a mesma idade; só eu envelheci. Devo ter lido mais de 100.000 textos escritos por eles, o que sempre deixou meu ouvido e minha intuição sintonizados com a linguagem contemporânea, uma experiência inestimável para quem escreve. Sempre gostei de dar aulas, e acho que os alunos perceberam isso. Mantive-me anos a fio mais um mestre-escola que um pesquisador, e graças à generosa tolerância de meus colegas, consegui escapar, fugindo sorrateiro pelos corredores, de cargos burocráticos infernais, o que me permitiu escrever os livros que escrevi desde Trapo. A universidade foi uma sólida e boa companhia que agora chega ao fim.
Diz a lenda – que minha vaidade ajudou a propagar – que saio da universidade para me dedicar a escrever. Não contem para ninguém, mas o que eu quero mesmo é curtir o ócio, enquanto ainda tenho saúde para desfrutá-lo."
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Aqui o texto completo.
4 comentários:
quem pode, pode...
quem não pode, se sacode.
feliz natal sabina!
=]
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