Pela terceira vez mudei o título do livro, pela quarta vez o primeiro capítulo .
Não é uma reclamação. Espero mesmo que esteja melhor.
Por enquanto ficou assim:
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Um caderno sobre a mesa
Meus pais estiveram separados entre meus onze e treze anos. Diego, meu irmão, foi morar com nosso pai, eu fiquei no apartamento com a mãe.
Tive períodos sofridos depois de adulta. Mas na infância, por algum motivo, atravessei a dificuldade sem perceber. Não parecia triste. Se me perguntavam na escola, eu repetia que estava tudo bem.
Era inteligente e tinha boa memória. Decorava números, fazia provas, resolvia equações. Passei no vestibular sem o susto e o medo dos outros alunos. Nunca tive problemas para conseguir emprego, depois de formada já recebia um bom salário.
Casei aos vinte e sete anos com André, um colega que eu amava e admirava. Mudamos para uma casa grande num bairro caro, oferecida pelos pais dele. A família rica não me tratava mal, admiravam minha inteligência e delicadeza. Seis meses depois minha energia começou a diminuir. Sentia impulsos de pavor ao imaginar que André pudesse morrer de repente. Se ele decidia ir ao escritório de bicicleta, se pegaria um avião para o Rio de Janeiro, a possibilidade de um acidente me causava tanto medo que, para suportá-lo, passei a imaginar minha vida depois que ele morresse. Caso eu perdesse o emprego, meus pais estivessem enterrados e eu me encontrasse velha, sem aposentadoria, sem casa própria, morando na rua. Tentava me convencer de que não seria ruim.
Um dia acordei às três da manhã e não consegui voltar a dormir. Era terça-feira. Não fiz nada porque era aniversário de André e seria cruel demais.
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Continua com um conto que escrevi em 2007.
Um comentário:
Vai lançar o livro, Sabina? Legal, hein?
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