Eu e meu amigo Carlos fomos selecionados num edital de desenvolvimento de roteiros de longa-metragem. Isso significa que, se não houver nenhum pepino burocrático, a partir de novembro ficaremos 6 meses desenvolvendo esse projeto.
Estou pensando em como me organizar, porque planejava recomeçar o livro "Limas da Pérsia" nesses meses. Talvez coloque um pouco por dia no blog - nem que seja uma frase - para manter a disciplina e não interromper o pensamento. Seriam frases sem explicação: para compreender, seria preciso acompanhar a sequência. Vamos ver. Tive várias idéias sobre a personagem, por isso não quero parar.
Quanto ao "Afeto", já tem tantos pedaços nesse blog que talvez as pessoas nem precisem ler o livro... o mosaico mental vai ficar mais interessante, preenchido na mente nebulosa de cada um. Depois de imaginar seu livro ideal, quem ler o texto real vai pensar: "ah, é só isso?"
Bem, segue mais um trecho:
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"Tinham acabado as aulas de natação. No horário de educação física, os meninos ficavam com Jorge na quadra de cima e as meninas desciam com a Carmen. Em vez de nos acostumarmos com ela, seus cabelos curtos e seu braço atrofiado, começou a circular a história de que era lésbica.
Às vezes Jorge deixava os meninos jogando sozinhos e vinha ver nossa aula. Parava ao lado de Carmen, trocavam algumas palavras observando nosso jogo. “Olha essa mão mole!”, ele gritava. “Força nessa bola!”. Estavam sempre dizendo para fazermos mais força.
Um dia Jorge gritou: “Quem acertar três saques vai ganhar um prêmio!”. As meninas queriam saber o que era, mas ele mandou a gente jogar. No final da aula se aproximou da quadra com o braço atrás das costas, escondendo algo. Estava sorrindo (sempre sorrindo), quando mostrou uma caneca de plástico com a foto dos Menudos. Não era um prêmio muito especial, a caneca vinha de brinde no pacote de Sucrilhos, eu já tinha visto no supermercado. Mas as meninas correram para cima dele, que esticou os braços e segurou a caneca bem alto. Várias meninas - Cíntia, suas amigas e as outras - começaram a pular à sua volta, puxando seu braço e tentando alcançar a caneca. Ele ria, ria, ria cada vez mais."
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