Minha avó faleceu hoje. Não era minha avó preferida quando eu era pequena. Estava sempre trabalhando na cozinha e não mimava as crianças.
Há algum tempo entendi que mimar nem sempre é o mais importante.
Ela dizia, quando minha mãe era jovem: vá estudar, casar não é importante - sempre vai ter um prato de feijão aqui em casa.
Fez apenas a primeira série, pois seu pai não queria que as filhas mulheres estudassem. Minha mãe conta que ela sempre repetia: a professora tinha as mãos mais brancas que ela já vira.
A mãe também conta que ela dizia, ao abrir as janelas de manhã: area basanica. Era um dialeto, imagino que significava: ar balsâmico.
Ainda hoje abro todas as janelas quando acordo. Por que é isso que mais precisamos: um bálsamo de ar.
2 comentários:
Minha avó faleceu há dois anos e quase dois meses, mas é como se fosse hoje pela manhã. A cada dia abro as janelas dos meus dias me inspirando no ar balsâmico que minha avó - ou minha lembrança de avó - espalha. E tem coisas que - não tem jeito - a gente só entende quando é tarde demais. A minha avó, por exemplo, era uma imperatriz. Um beijo e sentimentos pela asua avó.
Obrigada.
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