Aos vinte anos eu escrevia muito sobre experiências sexuais. Minha mãe se incomodava porque eu estava me expondo demais. Mas eu precisava escrever, não só por uma compreensão pessoal do problema, mas também porque achava o assunto mal compreendido de maneira geral. Eu queria registrar uma versão que parecesse mais verdadeira dessas relações, uma interpretação minha do que eu tinha visto e ouvido.
Depois o tema se esgotou e parei de escrever sobre sexo.
Hoje sinto um impulso de escrever sobre tratamentos psiquiátricos. De certa forma me sinto exposta como antes. Mas novamente é um tema que me incomoda, e as opiniões em revistas e artigos não me convencem totalmente.
Penso nos comentários do Bernardo Carvalho sobre blogs e a literatura baseada em experiências pessoais. Ele insiste demais sobre isso, e me parece que está perdendo o foco do problema. Ao negar tanto a relação da vida com a literatura, tenho a impressão que ele acaba revelando, sem querer, seu problema pessoal.
Um comentário:
Sabina, você matou a cobra e mostrou o pau, ele se revelou nesse comentário. Impressionante, qualquer passo nos revela. Um beijo! Tô adorando o blog.
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