sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Verdade Tropical
Entendo pouco de música, mas é notável como Caetano insiste no problema da "qualidade técnica" dos discos brasileiros, nos anos 60 (segundo "Verdade tropical"). Qualidade de concepção, arranjo e gravação. Ele relata seguidas frustrações em sua ambição de qualidade. Se memorizei bem, ficou satisfeito pela primeira vez com "Transa".
Curioso como é generoso com artistas de outras áreas. Comenta algumas vezes que os cineastas trabalham em situação mais difícil, porque no cinema brasileiro a qualidade artística e técnica parece ser indiferente, do ponto de vista de repercussão popular e remuneração do artista.
Ao mesmo tempo, Caetano se define sempre como um músico pop. Seu trabalho é fazer canções populares. Seu projeto era fazer isso mantendo ao mesmo tempo uma sofisticação inspirada em João Gilberto.
Fico pensando como isso seria transposto para a literatura brasileira atual. Um projeto pessoal de escrever "livros populares" com uma sofisticação inspirada em Graciliano Ramos, por exemplo. Alguém faz isso? Isso é concebível?
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2 comentários:
Sabina,
Percebi a mesma coisa que vc descreve no documentário recente feito sobre Caetano [acho que se chama Coração Vagabundo]. No filme isso se traduz num certo complexo de inferioridade do Caetano em relação à música americana - que ele identifica como tecnicamente muitíssimo superior. Eu acho que é uma ambiguidade que ele mesmo não parece perceber: ele parece abraçar na própria música dele uma certa precariedade musical que ele na verdade acha mesmo pior.
É mesmo.
Mas sinto que ele melhorou muito tecnicamente, e se esforçou para isso.
Não entendo muito de música, mas creio que é um ótimo cantor.
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