segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

sábado, 15 de janeiro de 2011

Retwittando

O Marcelo Adnet me explicou, então retwitto meu status do Facebook:

"Na posse da Dilma, eu fofocava com minha amiga sobre problemas sentimentais. Agora São Paulo se inunda, e nós bebemos chope na Vila Madalena, nossa uma disneylandia da boemia. Tsk tsk. Já fui mais preocupada com a humanidade."

- - -

Grande programa, o Comédia MTV.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Para lá do Pará

Em boas vindas ao fim-de-semana, pensei em compartilhar a divertida e perspicaz canção de Tom Zé, Para lá do Pará, do álbum Estudando o pagode: na opereta segregamulher e amor.

Mas não encontrei a música no You Tube - e, ainda mais impressionante, não consegui copiar o CD no meu computador. Deve haver uma trava contra fãs generosos.

Com essas limitações, segue só a letra. Talvez seja bom avisar que é uma música alegre, as primeiras estrofes lembram um forró.

Meus versos preferidos são:

"E quer muito mais para lá
Dessa nossa disputa imbecil
Quero,ali na fronteira
Do Tato e do Tempo,
Estar nua no vazio"

E também:

"Para tomar a três vidas daqui
O trem atrasado do esmo,
Que vai parar
Agora mesmo,
Exatamente aqui.
Exatamente aqui."


Mas talvez eu já tenha escrito isso por aqui...

- - -

Para lá do Pará

O que você pensa
Eu sei que você pensa
Que a mulher não pensa
Mas pensa

O que você quer
Eu sei que você quer
Que a mulher não quer
Mas quer

E quer muito mais para lá
Dessa nossa disputa imbecil
Quero,ali na fronteira
Do Tato e do Tempo,
Estar nua no vazio,
Para que Deus me assalte o salto
Além do sentimento.
Porém,depois dali,só me conduz
Quem viaja nos braços do ano-luz,
Para tomar a três vidas daqui
O trem atrasado do esmo,
Que vai parar
Agora mesmo,
Exatamente aqui.
Exatamente aqui:

Para lá do Pará,
Para lá do pensar,
Para lá do pensar.

Para lá do Pará,
Para lá do pensar.
Para lá do pensar.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Bricabraque

Cabideiro que eu mesma pintei, com materiais do Cabrito e técnicas que minha mãe ensinou na infância.

Olha: não é fácil enquadrar um cabideiro.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Livros para doação

Queridos amigos:

Estou mudando neste mês para um pequeno apartamento, e em 2012 voltarei para Curitiba.
Por isso estou me desfazendo de livros queridos, já lidos, e mas agora ocupando um espaço que preciso liberar.

Estão todos em bom estado. São um presente (gratuito) para quem buscar na minha casa. Posso também enviar pelo correio, mas nesse caso peço R$ 15 (R$ 5 de frete e R$ 10 pelo trabalho de ir ao correio).

Os interessados podem me escrever no email sabina.anz@gmail.com

OBS: Os astericos (***) significam livros reservados. As pessoas têm uma semana para buscar os livros, senão a reserva será cancelada.

Eis a lista:

CINEMA

*** America: depoimentos (coletanea de entrevistas usadas por João Moreira Salles no documentário de 1989)
*** Entre tramas, rendas e fuxicos (belo livro sobre a história do figurino na TV Globo)
*** Estudos Socine Ano IV

TEATRO

Coleção Primeiras Obras, 10 volumes (peças de autores contemporâneos, Imprensa Oficial)

LITERATURA

*** Geração 90: os transgressores, Nelson de Oliveira (org)
Geração 90: manuscritos de computador, Nelson de Oliveira (org)
Os bêbados e os sonâmbulos, Bernardo Carvalho
I sette Messaggeri, Dino Buzzati (italiano)
*** Meus verdes anos, José Lins do Rego
Trapo, Cristovão Tezza
Ombros Altos, Carlos Sussekind
O aspite: há um jeito pra tudo, Ziraldo
Os três últimos dias de Fernando Pessoa, Antonio Tabucchi
*** Você Nunca Chegará a Nada, Juan Benet
*** Contravida, Augusto Roa Bastos
*** Inferno Provisório Ii: o Mundo Inimigo, Luiz Ruffato
*** Como Esquecer, Myriam Campello
Os frutos do ouro, Nathalie Sarraute

CRITICA LITERÁRIA

*** Obra aberta, Umberto Eco
*** Introdução à Linguística, José Luiz Fiorin (org)
Marguerite Duras e os Possiveis da Escritura, Andrea Correa Paraiso
A aventura brasileira de Blaise Cendrars, Alexandre Eulalio

ASSUNTOS GERAIS

*** Hamlet on the Holodeck, Janet Murray (ingles)
*** Aldo Manuzio: Editor, Tipografo, Livreiro, Enric Satué
*** Os mortos e os outros, Manuela Carneiro da Cunha
Shiatsu Facial, Aridinea Vacchiano

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Os amigos de Kassab

Barbara Gancia é conservadora demais para meu gosto. Mas se mesmo ela critica uma ação do prefeito Kassab, o assunto é sério.

- - -

A vez da "Cidade Digna"

De acordo com a lógica de Kassab, o Central Park deveria ser loteado para extinguir cortiços no Harlem

Barbara Gancia, FSP 06/01/11

"O PREFEITO GILBERTO KASSAB é uma realidade mais do que estabelecida na política paulista. Inteligente e duro na queda, ele já deu mostras de que tem um futuro político interessante pela frente.

É cheio de qualidades e a Cidade Limpa foi uma opção genial dentro da limitação estabelecida pelo caos paulistano. Mas, sinto informar, nem a lei ou seus predicados pessoais terão transformado Kassab em um Haussmann, o prefeito que modernizou Paris.

De certo, não estamos aqui hoje falando de um administrador com uma visão urbanística para São Paulo. Prova disto é sua mais recente iniciativa, a de vender um quarteirão de 20 mil m2 no Itaim Bibi -onde estão localizados centenas de árvores nativas, uma biblioteca tombada, uma creche, uma escola, um Caps (Centro de Apoio Psicossocial), uma Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e um posto de saúde.

Em seu lugar, a iniciativa privada construiria novos espigões que serviriam de moradia para a grã-finada que foge da insegurança das casas dos Jardins.
A desculpa para a ocupação da área é a de que a prefeitura precisa do dinheiro para construir creches, uma vez que há cerca de 120 mil crianças sem vaga na rede pública.

Sinto muito, mas o argumento do prefeito, cuja intimidade com grupos imobiliários é conhecida, não cola. Com o tanto de IPTU e de impostos pagos pelo paulistano, trata-se de uma infâmia desocupar uma área funcionante, linda e verdejante para atender aos caprichos de construtoras de imóveis de luxo.

E, veja só: a mentalidade mesquinha dos moradores do entorno é tão distorcida quanto a argumentação oferecida pelo prefeito. Dizem eles que o quarteirão não comporta novos prédios por falta de espaço e reclamam de possíveis congestionamentos. Ou seja, como sempre, estão apenas olhando para seu próprio umbigo."

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

domingo, 2 de janeiro de 2011

O ateísmo não existe

Meu professor Ismail Xavier recomendou a leitura de O bode expiatório, de René Girard, para meu doutorado.

Li todo o livro com sentimentos antagônicos: encantada por sua percepção aguda e pela profundidade da exposição, mas tensa por uma resistência atávica (historicamente herdada) ao catolicismo.

Então, hoje, compreendi. Espero que consiga resumir em poucas frases essas idéias, que se originaram no livro de Girard, em estudos sobre judaísmo, e na prática livre da interpretação.

- - -

Sempre odiei o sentido antropomórfico atribuído às palavras "deus", "diabo", "anjo", etc. Não acredito no sobrenatural. Não acredito em dimensões paralelas.

Acredito sim nos mistérios, por uma questão de escala. Nós vemos apenas o que nosso olho alcança. O pensamento é uma função do corpo, e tem que lidar com os limites do corpo.

A extensão do universo, a complexidade das partículas, são coisas que entendemos racionalmente. Mas não vemos o universo. Aceitamos, racionalmente, nos cientistas que nos dizem (por observação) que ele é muito maior do que podemos conceber. Mas não existe uma imagem do universo, e não existe uma imagem do nada.

Isso é o mistério.

- - -

Deus, para os gregos, era uma palavra que servia para muitas coisas. Inclusive para nomear idéias ou movimentos abstratos - ética, vingança.

O judaísmo insiste em duas questões principais: a rejeição da idolatria, e a concepção de que "deus" é único, abstrato e incompreensível para nós.

Dizer que deus é abstrato e incompreensível são palavras diferentes para a recusa da idolatria. Uma estátua não é deus, uma pedra não é deus, e a imagem mental de um ser humano com barba também não é deus.

Então, o que é Deus para os judeus? Deus são as regras de conduta do judaísmo. Acreditar em Deus, para os judeus, é obedecer aos mandamentos. Com maior ou menor intensidade, segundo o estilo de cada um.

- - -

A história humana vai passando, pessoas inteligentes vão pensando a respeito (ou intuindo - o que, por definição, é entender rapidamente sem perceber as etapas intermediárias). Assim percebem-se problemas em idéias que antes pareciam boas.

Então: Deus está num conjunto de mandamentos. Isso é bom, nossa vida fica melhor quando aceitamos conselhos baseados na experiência das gerações anteriores (honra a teu pai e a tua mãe, a fim de que teus dias se prolonguem sobre o solo).

Mas insistir demais na importância de regras (mandamentos) também é uma forma de idolatria.

Jesus Cristo, judeu inteligente, alertou seus discípulos para o problema.

- - -

O livro de René Girard não fala de Deus, mas de Satanás.

Satanás, segundo sua interpretação, é a palavra que aglutina os pecados da terra - a inveja, o ciúme, a cobiça.

Satanás não é uma entidade espiritual ou mística. Satanás é uma palavra que aglutina tudo o que é mau.

Seguindo o mesmo raciocínio, entendo que Deus, também, é uma palavra que aglutina tudo o que é bom. Alertando que "bom" não significa apenas "agradável". Justiça é bom, e nem sempre agradável.

- - -

Isso explica minha irritação com a palavra "ateísmo". Em geral, quando alguém se declara "ateu", está querendo dizer que não acredita no sobrenatural.

Mas Deus não é o sobrenatural: Deus é uma idéia, e uma palavra cujo significado varia com o tempo.

- - -

Se minha mãe me chamava de "bebezinho" quando eu era criança, e hoje usar essa palavra novamente, eu não vou brigar com ela. Eu sei que não sou uma criança. Eu entendo que, usando essa palavra, ela evoca com saudades e carinho o tempo em que eu era.

Mesmo que minha mãe fosse quase patologicamente nostálgica, a ponto de me chamar de "bebezinho" excessivamente, deixando transparecer um apego incômodo a um tempo que já passou, eu não brigaria com ela.

Porque eu tenho amor pela pessoa que nasceu antes de mim, e se esforçou, e fez o melhor que pôde pra que eu pudesse viver bem, melhor do que ela mesma viveu.

Eu sentiria carinho pela palavra "bebezinho", porque ela traria lembranças de minha própria infância.

- - -

Assim, gosto da palavra "Deus". É bonita, e ajuda a agredecer por algo bom, que envolve tantas coisas e pessoas que não poderíamos nomear individualmente.