A Faculdade Cásper Líbero, onde trabalho, tem um centro de pesquisas para professores e alunos. É com apoio desta bolsa que estou estudando três novelas dos anos 1970 - O espigão, do Dias Gomes, Nina, do Walter Durst, e Os gigantes, do Lauro César Muniz.
Segue um trecho do meu último relatório de pesquisa. São informações sobre as novelas exibidas às 22h. Não há quase nada publicado em livros sobre esse tema:
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"O espigão foi exibida entre abril e novembro de 1974. Foi a quinta telenovela que Dias Gomes assinou na Globo. Nesse momento, o horário das 22h, iniciado em 1970, já estava estabilizado. Bráulio Pedroso e Jorge Andrade haviam sido contratados pela emissora, e Dias Gomes já havia escrito duas obras que se destacaram na imprensa: Bandeira 2 e O bem amado.
Críticas e reportagens da época trazem o registro mais palpável da repercussão dessas obras, pois as novelas das 22h estavam num horário mal verificado pelas medições de audiência do Ibope. Nessa época, a pesquisa era feita pelo método “flagrante” (o pesquisador ia aos domicílios selecionados, perguntava aos moradores se a televisão estava ligada, e, em caso positivo, o que estavam assistindo) (SILVA JR, 2001, p. 105). Em São Paulo e no Rio, começaram a ser instalados os aparelhos chamados “tevêmetros”, que registravam as informações automaticamente, em amostragens de 220 domicílios em São Paulo (1970) e Rio de Janeiro (1974). No resto do país, a medição continuou pelo método flagrante, com pesquisadores contratados só até as 22h. Assim, é preciso compreender que as referências encontradas na imprensa sobre audiência das 22h em meados da década de 1970 vêm de boletins colhidos de pequena amostragem, num sistema ainda em implantação. Essas informações têm alcance ainda mais restrito que aquelas referentes ao horário nobre – que, mesmo elas, precisam ser compreendidas em suas limitações de metodologia.
Na década de 1970, a grade de programação da Globo apresentava das 20h às 22h (o horário nobre): (a) o Jornal Nacional, (b) uma telenovela, e (c) um show musical ou humorístico. A telenovela das 22h vinha depois dos shows. Seguem dois exemplos de 1974, quando era exibida O espigão, conforme o jornal Folha de São Paulo:
9 set. 1974
19h45 – Jornal Nacional
20h25 – Fogo sobre terra (novela de Janete Clair)
21h – Satiricon (humorístico, sátira dos meios de comunicação)
21h55 – Plantão Globo
22h - O espigão (cor)
21 out. 1974
19h40 – Jornal Nacional
20h00 – Fogo sobre terra
20h50 – Globo Repórter Aventura (cor)
21h45 – O espigão (cor)
Quanto à audiência, podem ser encontradas algumas referências em reportagens de época. O horário das 22h costumava ter público estável, mas menor que a faixa das 19h às 20h (TÁVOLA, 25 nov. 1974). Seria um público habitual das classes A e B, e menor nas classes C e D (ISABEL MARIA, 23 jul. 1975)."
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