"No século XVII, quando se decidia escrever, abraçava-se uma carreira definida, com suas receitas, suas regras e seus costumes, seu lugar na hierarquia das profissões. No século XVIII, os moldes se quebram, tudo está por fazer; as obras do espírito, em vez de serem confeccionadas com maior ou menor acerto e segundo normas estabelecidas, são cada qual uma invenção particular, uma decisão do autor no que toca à natureza, ao valor e ao alcance das Belas-Letras; cada uma traz consigo as suas prórpias regras e os princípios segundo os quais quer ser julgada; cada uma pretende engajar toda a literatura e abrir-lhe novos caminhos."
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O que é literatura?, Jean-Paul Sartre. Editora Ática, p. 82.
2 comentários:
Me disseram que Walter Benjamin disse que toda grande obra literária rompe e/ou rearranja as fronteiras entre estilos e tendências da época em que aparece. Sinceramente, não sei se concordo. Acho a frase assim, como me contaram, categórica demais. Mas eu sei que, se isso acontece, é muito difícil para os contemporâneos entenderem essa obra nesses termos. É a diferença entre acertar no alvo e acertar em um alvo que os outros ainda nem enxergaram.
Esse livro do Sartre é interessante. Ele especula sobre o papel do escritor/intelectual em diferentes séculos - seu papel social, sua subsistência, a recepção dos textos.
Nem sempre ser inovador foi uma qualidade. Tem uns trechos muito críticos e verdadeiros, seu alvo principal é o escritor burguês.
Vou lendo aos pedaços.
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