Continuando o conto Uma visita de Alcibíades. Fala ainda o Desembargador Álvares:
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"Lia Plutarco, acontecendo-me o que sempre me acontece quando abrou um livro da antiguidade. Passo todo em espírito para o tempo do livro. Depois de jantar é excelente; e acompanhado de um bom charuto de Havana não há nada melhor. O fumo envolve a imaginação numa espécie de nimbo extremamente favorável às evocações mentais. Dentro de pouco acha-se a gente numa via romana, ao pé de um pórtico grego ou na loja de um gramático. Desaparecem os tempos modernos, a insurreição da Herzegovina, a guerra dos carlistas, a rua do Ouvidor, e o Circo Chiarini. Quinze ou vinte minutos de vida antiga por trezentos réis, termo médio, que é o preço do charuto. Uma verdadeira digestão literária.
Ora, foi isso o que aconteceu sábado passado. A página aberta acertou de ser a vida de Alcibíades; deixei-me ir ao sabor da tradução de Amyot. Daí a pouco estava nos jogos olímpicos, a contemplar o elegante ateniense, guiando os seus sete carros, com a firmeza e o donaire com que havia de reger mais tarde as armadas, os cidadãos e os próprios sentidos. Imaginem se vivi! Mas não há bem que sempre dure. Acabou o charuto, desfez-se o nimbo, a antiga Atenas volveu ao cemitério da história e cairam-me os olhos no casaco branco, que então vestia, e nos sapatos de cordovão que me resguardavam os pés.
Súbito pensei comigo:
- Que impressão faria ao ateniense Alcibíades o nosso vestuário moderno?"
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