quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Todos os canhões

Trecho da Felicidade conjugal de Tolstoi, edição de bolso da L&PM, tradução de Maria Aparecida Botelho Pereira Soares (muitos nomes!).

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"Lembrei-me vivamente de uma conversa que nós três tivéramos alguns dias antes. Kátia havia dito que é mais fácil para o homem amar e expressar o seu amor do que para a mulher.

- O homem pode dizer que está apaixonado, mas a mulher, não - disse ela.

- Pois eu penso que o homem também não deve e não pode dizer que está apaixonado - disse ele.

- Por quê? - perguntei.

- Porque será sempre uma mentira. Que tipo de descoberta é essa, de que uma pessoa está amando? Como se, dizendo isso, alguma coisa desse um estalo: clique! - e algo fora do comum deveria acontecer, algum sinal, como todos os canhões atirando ao mesmo tempo, por exemplo. Penso - continuou - que quem pronuncia as palavras "eu te amo" ou está se enganando, ou está enganando os outros, o que é pior."

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Agradeço à sugestão de Luciana Araújo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Sabina
Colei no meu blog o link de uma gravação que fiz de Insensatez. Escuta e me diz o que achou depois.
Bjos

Paulodaluzmoreira disse...

Dele eu li só uma novella, A morte de Ivan Illich, e fiquei impressionado. O que será que puseram na água desses russos naquela época? Queria ter mais tempo para ler mais...