quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Limas da Pérsia, 3
"Eu não queria desiludir essa pobre gente. Evitava sequer chamá-los de essa pobre gente, mas não podia negar às palavras seu sentido literal. Havia crescido perto demais desse buraco; sabia quanto esforço racional, emocional e corporal era necessário para o peixe pequeno escapar do sorvedouro. Nos momentos frágeis me parecia tênue a diferença entre a pobre gente e o povo miserável. Colecionava apenas o vocabulário: população de baixa renda, classes C e D, excluídos. Pobre de marré, pobre mas limpinho, pobre de doer. Plebe ignara. Massa sebenta."
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2 comentários:
Esse narrador me lembra - não sei dizer bem porque - o narrador de Lolita. Vc conhece?
gosto do livro.
bem... estou tentando fazer um narrador antigo, que não se envolve diretamente na historia, apenas observa personagens que considera interessantes, evoluindo à sua volta.
pensei numa linguagem elegante, tipo henry james revisitado.
mas esses trechos ainda são ensaios... detalhes podem mudar.
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