Hoje enviei um e-mail educado à Ilustrada, ainda sobre o sr. Pondé. O texto de hoje é inacreditável. De onde desenterraram esse cara?
Dêem uma olhada:
"Como ninguém faz uma daquelas campanhas diárias de repúdio à educação sexual nas escolas? (...) Como não ver que a educação sexual nas escolas é ridícula? Ensina-se o quê? Posições? Gemidos? Aparelhos engraçadinhos? Que tal se meninos e meninas aprendessem a colocar camisinha com a boca?
Neste caso (nos EUA), a intenção da professora seria não fazer distinção de "gênero"? Daríamos Barbies aos meninos para desenvolver neles o "gênero feminino"? Espadas para as meninas? E, se você "gosta" de plantas, tudo bem, porque tudo é natural? Qual teste se faria para checar o conhecimento da professora? Que tal um "prático"? (FSP, 26/01/09)
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Essa foi minha carta:
"À equipe da Ilustrada,
Gostaria de pedir que vocês sugerissem um pouco de moderação, ou ao menos de pesquisa, ao articulista Luiz Felipe Pondé. Sou assinante da Folha e já tentei ignorar os textos que ele escreve, mas compreendam que o jornal chega na minha casa todo dia, e títulos como "Terrorismo sexual" são impossíveis de ignorar.
Não sou pedagoga e nada entendo de educação sexual. Se o sr. Pondé é contra, está em seu direito e pode escrever sobre isso. Mas por que não apresenta um exemplo concreto, um caso específico que possa relatar e criticar, para que o leitor acompanhe sua argumentação com algum embasamento?
Da maneira histérica que escreve, temos a sensação de que ele vive em outro mundo, um mundo maníaco e perverso do qual nunca ouvi falar. Quem são esses "pedagogos maníacos por sexo"? Quem é esse "bando da educação sexual"? De quem este homem está falando, afinal?
Que eu me lembre, as aulas de educação sexual no colégio eram burocráticas e desanimadas, simplesmente informações básicas sobre o sistema reprodutivo. Será que exíste alguma escola no Brasil que coloque "maníacos por sexo" junto a crianças? As escolas particulares normalmente atendem à moralidade média dos pais, que pagam as mensalidades. Duvido que os pais deixariam no emprego algum professor "maníaco por sexo".
Finalmente, gostaria de discordar do sr. Pondé num ponto específico, quando diz que "sexo nos seres humanos é erotismo". Infelizmente não é verdade. Sexo também tem consequências reais, reprodutivas. Adolescentes engravidam prematuramente, muitas vezes por não saber como se prevenir - ou saber, mas pensar que não é importante. Se a escola dá noções básicas de cidadania, ecologia, política, artes e etc, por que não falar um pouco da vida sexual? Qual é o grande problema?"
8 comentários:
Nunca tinha lido nada desse cara, mas ele parece ter alguns neurônios a menos.
Excelente carta.
=)
no ensino fundamental, da maioria das escolas públicas,as aulas de 'orientação sexual'se limitam a ensinar sobre os aparelhos reprodutores masculinos e femininos. o fato é que as professoras não estão preparadas para ir além, mesmo tendo em suas salas meninas de 10,11 anos grávidas que foram violentadas pelos parentes próximos.
Concordo com a Mari. Esse cara tem neurônios a menos.
Ótima carta. Vamos esperar pra ver se a Folha dá um sinal em resposta a ela.
Assim, eu não lembro de professores maníacos por sexo. Será que eu passei por alguma experiência traumática durante as aulas de educação sexual e tudo que restou dela foi a parte chata e burocrática?
oi. acabei de ler seu livro e vim te procurar na net pra dizer alguma coisa. e entnao que alegria em encontrar um blog inteiro pra ler... até esqueci o que eu ia dizer. mas o importante é que era coisa boa. como o livro. um beijo
A Ilustrada encaminhou a carta para o sr. Pondé, que respondeu explicando seu ponto de vista. Segundo ele, existem "lobbys" nos EUA a favor da educação sexual, e esses lobbys são perversos e perigosos.
Enfim, os EUA são um país realmente estranho nesse assunto, mas duvido que esses lobbys sejam mais perigosos que esses grupos religiosos que defendem a virgindade antes do casamento. Alguém realmente acredita que isso é bom para um casal???
Sobre o Pondé, acho que ele é um cara até respeitado quando o assunto é filosofia da religião. Eu mesma já li coisas muito boas dele. Não estou tomando partido em discussão nenhuma, nem quero ser a chata, e também não gostei desses textos da Folha, mas vc não acha que existem muitas maneiras de ser perigoso? Quer dizer, se existem pessoas que escolhem a virgindade como parte de sua crença, elas não estão simplesmente exercendo seu direito de escolha? E se estas mesmas pessoas se agrupam em religiões, esta não é uma das prerrogativas de um país livre e democrático? E finalmente, se existe o grupo - e ele é grande - porque não vê-lo falar em um jornal de grande circulação? Afinal, onde está o perigo?
Ah, sim. Mas a carta ficou muito boa e pertinente. :P
A Opus Dei se ramificou muito na imprensa brasileira. De modo que alguns textos que deveriam ser do Estadão se esparramaram pela Folha. Abordagens antes conservadoras, hoje são populistas. Isso vende jornal!
A Folha virou a Record da imprensa. Segundo lugar fica bem pra ela.
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