terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ainda sobre educação sexual

Quanto à postagem anterior, queria responder ao comentário da Tata com mais detalhes:

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Acho que ela tem razão sobre os grupos religiosos, desde que sejam escolhas privadas dos grupos ou famílias. Fica perigoso quando esses grupos formam lobbies e tentam influenciar TODO o sistema educacional público.

Acho que o Pondé se referia a isso, na questão da educação sexual. Ele teme algum lobby com a intenção de propor educação sexual a todo o sistema educacional americano.

Vejo a seguinte diferença: informações sobre o sistema reprodutivo são fatos biológicos, não escolhas pessoais. Não dá pra negar que isso existe. E não adianta apenas dizer numa aula de biologia: o corpo funciona assim. Também é necessário explicar sobre todos os métodos de planejamento familiar e prevenção de doenças. Porque mesmo os religiosos adeptos da virgindade antes do casamento estão sujeitos a isso.

Então, ao se colocar CONTRA a educação sexual, sugerindo que ela ensina a gemer e chamando os professores de maníacos, o sr. Pondé não faz distinção do que seja uma boa aula e uma aula ruim. Coloca todos no mesmo saco, no “bando” de maníacos. É isso que me assusta.

Por exemplo, usando o paralelo que ele faz com o ensino de religião. Um grupo pode escolher a crença que quiser e ensiná-la a seus filhos (que podem acreditar ou não). Mas se essa crença assume caráter segregacionista, ferindo direitos humanos básicos – por exemplo, recuperando a idéia intolerável de que negros ou judeus ou índios são geneticamente inferiores aos brancos, posso me colocar CONTRA isso. Eventualmente, se me sentir prejudicada, posso solicitar alguma ação legal. Porque a religião, nesse caso, está interferindo em questões que estão acima do seu alcance.

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Me desculpem os religiosos, mas alguns detalhes de biologia são incontornáveis. Eu consigo imaginar um ou dois indivíduos que, pessoalmente, escolham a castidade. Mas não acredito que numa família religiosa todos escolham a castidade por opção. Aceitam pela opressão dos pais, ou mentem, o que é pior. Fazem o que "não devem" sem se proteger - porque proteger significa aceitar a idéia, o que não existe na mentira.

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O que acho ridículo, nisso tudo, é me ver escrevendo uma justificativa tão antiga, como se estivéssemos na década de 50.

Realmente acredito que meu pai tem razão, e colocaram esse infeliz para falar essas besteiras simplesmente para chamar atenção, e fazer uma média com o "público Veja".

5 comentários:

Paulodaluzmoreira disse...

Os protestantes não tem nada contra falar sobre sexo na aula; ao contrário da Igreja Católica, eles têm uma visão aberta sobre métodos de concepção e mesmo o "sexo por prazer". Não é a simples menção dos "fatos da vida" que põe fogo no debate por aqui. O debate no EUA pega fogo por causa da maneira como o tema homossexualismo deveria [ou não deveria] ser abordado na sala de aula. Religiosos católicos e protestantes em geral [os anglicanos americanos são exceção] não aceitam que o homossexualismo seja um "fato da vida" e não aceitam que se fale sobre a existência do homossexualismo sem uma mensagem de repúdio. Minha impressão é que esse cara é um ignorante que fica querendo importar mal e porcamente o discurso conservador religioso americano para o contexto brasileiro. O que não quer dizer que eu fujo do debate: para mim a existência concreta do homossexualismo é um "fato da vida" e devia ser mencionado na sala de aula, sim!

sabina anzuategui disse...

Quando fiz o curso de judaísmo, comprei um livro para informações básicas: "O judaísmo hoje". Explica sobre as festas, as comidas, as orações, etc. O último capítulo traz temas atuais, e um deles é "o judaismo e o homossexualismo". Segundo o livro, o homossexualismo não é um problema para o judeus, porque ele praticamente não existe em famílias judaicas.

Aí virou piada aqui em casa; quando se fala no assunto, eu sempre repetido "ah, mas isso não é um problema para os judeus..."

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Também lembro de uma cronica do Veríssimo, "O homossexualismo no futebol". Um repórter vai entrevistar um jogador famoso, pergunta como são os treinos e tal. Finalmente pergunta como é a questão do homossexualismo no futebol. O jogagador responde: "Ah, aqui no nosso time só tem uns chás, que o treinador oferece de vez em quando". O reporter fica animadíssimo, faz uma enorme reportagem e tal. Depois o jogador tenta explicar que confundiu homossexualismo com homeopatia, mas ninguém acredita.

Anônimo disse...

Não estava sendo irônica quando disse que concordava com os argumentos da sua carta. O que me levou a comentar, da forma como fiz, foram justamente os comentários que ela gerou. E se ontem o assunto surgiu, não acho que seja ridículo escrever sobre ele hoje. Embora eu tenha ficado um pouco assustada com essa coisa de ter um post todinho dedicado ao meu comentário. rs

sabina anzuategui disse...

;)

júlia disse...

tava passeando pelo flickr encontrei isso aqui na pauta do teu blogue! :

http://www.flickr.com/photos/louiebanks/3169929211/


[estou te devendo um email, viu, eu sei - - já vai logo logo]