terça-feira, 11 de novembro de 2008

As resenhas são necessárias?

O fim de ano anda corrido e não consigo ler meus blogs preferidos, estou triste. Uso meu pouco tempo livre para escrever alguma coisa aqui e escapar da terrível depressão de operário: "não acredito que passo a semana inteira trabalhando e não faço o que gosto de fazer!"

Por isso talvez eu ande remexendo minhas gavetas. Pra lembrar que as coisas que escrevi estão lá, já que a memória é uma coisa estranha e apaga nossa personalidade ideal quando somos forçados a enfrentar o mundo real por tempo demais.

Então lembrei de um texto que escrevi faz um tempo para a Folha, era pra ser uma resenha do livro "Os homens são necessários?". Mandaram o livro porque eu pedi: "ah, vai, manda alguma coisinha pra eu resenhar...". Só que aparentemente estou classificada nessa equipe da Ilustrada como especialista em comportamento feminino, não exatamente uma escritora que sabe falar de literatura. Por isso todas as resenhas que me pediram eram sobre 02 Neurônico, os destinos de Harry Potter, pornografia americana, enfim... aquelas coisas.

No caso desse livro "Os homens...?", aconteceu ainda de eu não estar no melhor momento, psiquiatricamente falando. Raciocínio acelerado, perdendo o bom senso. Não consegui ler o livro inteiro porque meu pensamento disparava a cada frase, e escrevi uma resenha com várias referências espontâneas numa coesão maníaca, se é que posso usar a expressão médica para a um texto escrito.

Um amigo me aconselhou a não enviar para o jornal. Grifou as partes que ele considerava fugirem ao tema, preocupado que eu queimasse meu filme e perdesse espaço na imprensa. Conselhos sábios que obviamente eu não tinha capacidade de seguir. Apenas mandei o texto à jornalista dizendo "foi o que consegui fazer, você publica se quiser".

Eles publicaram até com certo destaque, com uma foto colorida ao lado. Acho que era Dia da Mulher ou algo assim. Encontrei outro amigo no cinema, algum tempo depois, e ele disse rindo: "adoro essas resenhas em que você debocha das merdas que devia resenhar".

Eu não estava debochando, na verdade, mas naturalmente não concordava com o livro pelo pouco que li.

Curioso foi que, alguns meses atrás, fiz uma busca no orkut pelo título do meu livro (gosto de ler os comentários), e encontrei dois garotos esculachando o tal texto, dizendo "olha o nível a que a imprensa chegou", "como uma pessoa dessas pode escrever para um jornal" e etc. Até fiquei com vontade de entrar no Fórum e explicar a situação, mas os tipos tinham um jeitinho cricri e achei que não valia a pena.

Enfim, segue o texto:

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1811200613.htm

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