Ainda o livro de Roger Chartier. Li hoje o capítulo "leitura: entre o excesso e a falta". Interessante como ele inverte o cliché atual de que "as pessoas não lêem" e "precisamos de mais leitores".
Sim, naturalmente, precisamos de mais "leitura". Dito de maneira geral e abstrata, fica difícil perceber que a palavra se aplica a coisas alheias à literatura.
O livro de Chartier não é abstrato. Conta situações históricas, e se refere às diferentes atitudes da aristocracia em relação à Bibliotheque Bleue.
Antes de transcrever o que ele diz, segue uma explicação extraída do blog Ars Litteraria.
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"As primeiras edições dos contos de Perrault foram feitas avulso no Tipógrafo do Rei, no jornal de época Mercure Galant, etc.; a colectânea, com todos os contos já incluídos, Histoires ou Contes du Temps Passé, já foi editada pelo Tipógrafo Claude Barbin e por algumas edições de literatura de cordel, a chamada “Bibliothèque Bleue” ou “Littérature de Colportage”. Os livros da chamada “Bibliothèque Bleue” eram de pequeno formato, muito baratos e distribuídos por retroseiros e apregoadores em toda a França que, de porta em porta, tanto vendiam laços e alfinetes como livros. A sua cientela de aldeia eram os camponeses, os comerciantes e a burguesia de província. Estes eram produzidos em papel azul que servia habitualmente para embrulhar pães de açúcar e eram ilustrados com gravuras antigas sobre madeira. A “Bibliothèque Bleue de Troyes”, iniciada em Troyes, em 1602, pelo tipógrafo Jacques Oudot, a mais conhecida e representativa da cultura popular da época, tinha no seu corpus obras de carácter didáctico, como almanaques, guias de medicina e de agricultura , manuais de boa conduta, mas também livros de piedade e de divertimento, como canções, romances de cavalaria, romances sentimentais e recolhas de contos."
Um comentário:
Mulher, adorei sua sugestão/ comentário!! Respondi lá no blog.
Bjo.
P.S: Sorvete não mata a fome.rs
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