segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Viciado em prostitutas

Interessante o que saiu ontem sobre Kafka no caderno "Mais" da Folha. Eu não sabia quase nada sobre a vida dele... me irrita um pouco essa figura do escritor introspectivo e depressivo. Bem, aparentemente o mito é bastante fantasioso:

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"Kafka, nas palavras do autor do livro, era "filho de um milionário e viciado em prostitutas durante toda a sua vida adulta; um escritor apoiado por um grupo influente e que era admirado (e sabia disso) por quase todos os seus colegas escritores; um leal cidadão de Habsburgo com um alto cargo estatal que esperava (e queria) que a Alemanha e a Áustria vencessem a Primeira Guerra Mundial, até o final; um homem que não tinha a menor idéia do Holocausto, assim como qualquer outro".

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Seu objetivo ao "demolir o mito" construído em torno de Kafka não é diminuir sua obra, diz Hawes (que estuda o autor desde 1982, quando viu o manuscrito original de "O Castelo"), mas permitir uma avaliação mais clara de seu trabalho.

"Com o entulho retirado para longe, talvez finalmente nós consigamos ver o trabalho de Kafka pelo que ele realmente é -não o troço deprimido e obscuro que recebemos pós-Auschwitz dos existencialistas franceses, mas suas maravilhosas "comédias negras" ("black comedies"), escritas por um homem profundamente influenciado pelos escritos de seus predecessores e de sua própria época", afirma Hawes.

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Fiquei espantada, pois nunca havia pensado na "Metamorfose" como comédia negra. Talvez tenha sentido o humor muito internamente, sem perceber.

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"Até 1916 seus textos apresentavam uma dimensão lúdica, um gozo na construção de situações fantásticas, ele jogava com a literatura, como em "A Metamorfose", por exemplo. Vemos aí um enorme prazer na narrativa de uma situação absurda, na exploração e na construção diferenciada de uma lógica fantasmagórica até seus limites. Ele procurava, por assim dizer, desdobrar essa fantasia inicial em todas as suas possibilidades.

A guerra lhe tirou esse prazer lúdico da literatura."

Um comentário:

poeta sórdido disse...

não lembro onde li que encontraram fotos de zoofilia nessas gavetas, deve sair nesse material.