Ontem peguei o metrô para ir ao cinema no centro. Pouco depois das cinco da tarde, entrei na estação preocupada se não estaria muito cheia. A fila média na bilheteria me deixou mais calma. Parei na plataforma meio distraída até que vi uma faixa rosa no chão, "vagão reservado para mulheres, das 17h00 às 20h00, conforme lei estadual".
Eu havia lido sobre isso no jornal, mas não sabia que a lei estava realmente aprovada. Não sou do Rio e nunca fui assediada num trem, por isso não guardava opinião sobre o assunto.
A plataforma foi enchendo de mulheres. Quando entrei no vagão, só mulheres à volta, com exceção de um tipo meio alheio, alcoólatra e perdido no mundo.
Tive uma sensação estranha, não ocidental nem contemporânea. Me sentia protegida num tempo arcaico, numa caravana de beduínos, uma diligência em direção ao oeste, um trem rumo ao campo de concentração. Um vagão em que estávamos reunidas e guardadas mas, ao mesmo tempo e justamente por isso, vulneráveis. Se alguém quisesse nos atacar, estávamos agrupadas. Uma bomba ou um bando de saqueadores nos levaria arrastadas dali.
3 comentários:
rsrs Sabina, você tem que pegar esse trem a partir de 17 horas...rs Aí sim parece caravana de beduínos(as).
Beijo!
Isso é, no mínimo, bizarro... Lamentável que essas coisas tenham de acontecer. Não sou do Rio e fiquei espantadíssima com essa história toda. Tsc, tsc...
O sistema vigora no Mexico ha mais tempo e quando estive la, sem saber de nada, me assustei pelo motivo oposto. Duas ou tres viagens de metro e eu reparando que so havia uma, duas, no maximo tres mulheres. "Cade as mulheres? Mulher nao anda de metro no Mexico? Que diacho..." So la pela minha quarta viagem eh que eu trombo com o espaço reservado as mulheres na estaçao. Ufa! Aqui estao elas. Dai pra diante, sempre que podia [qdo estava com minha esposa como alibi] viajava de penetra no carro perfumado. Coitados daqueles homens e mulheres em colegios internos de antigamente que viviam sempre assim, segregados uns dos outros em tempo integral. Nao posso falar pelo outro lado, mas uma grande presença feminina sempre civiliza o homem.
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