segunda-feira, 23 de junho de 2008

Um afeto que termina

Estou quase terminando o livro. O final ficou tão triste que eu também estou meio triste. Sei que as cenas isoladas não fazem muito sentido, mas segue um trecho:

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"A lembrança de Juliana me voltava de vez em quando, descendo o elevador no prédio de Paula, no fim da tarde. Eu atravessa o jardim em direção à nossa portaria e pensava em bater à sua porta. Mas sua presença agora estava indissoluvelmente ligada à imagem de minha mãe chorando e por isso, acredito, nunca voltei a procurá-la. Subia direto pelas escadas com medo de encontrá-la por acaso. Tinha saudades de tomar lanche em sua casa. A cozinha de seu apartamento, as mãos de sua mãe cortando o pão ao meio e passando margarina. Tudo se trasformou numa memória de paz e carinho internamente insuportável.


Não me lembro exatamente, mas acho que sim. Foi nesse período que Diego começou a montar carrinhos de Hering Rasti. Sentava no chão ao pé do sofá, ficava horas separando peças, ordenando cores, encaixando, desmontando e reencaixando blocos de plástico. Eu entrava na sala e encontrava a mãe diante da televisão, Diego no chão, os dois em silêncio. Cena comum em teoria, mas eu me sentia repentinamente sozinha.

Parada entre a mesa e o sofá, em pé olhando pra eles, eu percebia como terrível novidade a distância física entre nós: a distância física que realmente existia. Os poucos metros que nos separavam pareciam finalmente metros reais, visíveis, como se o espaço fosse maciço e eu pudesse senti-lo materialmente."

Um comentário:

Anônimo disse...

Aprendi muito