Acho que nunca expliquei o nome desse blog.
A imagem vem de uma cena que nem escrevi, que seria o título de um livro que apenas comecei.
Um casal viaja pelo interior de Minas Gerais. A moça está de regime e leva um pacote de Limas da Pérsia, a fruta mais leve e menos calórica segundo uma lista de alimentos que ela copiou de uma amiga.
Ela descasca a fruta amarela e joga as cascas pela janela. É uma estrada estreita entre pequenos sítios, faz sol.
O regime e os detalhes banais são apenas um disfarce de realismo.
A segredo está na vastidão: viajar de carro, num lugar sem importância, com alguém querido e a luz do sol e uma fruta de cheiro leve e nome oriental.
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Tom Zé tem uma música mais ou menos assim (sobre a mulher):
"Quero ali na fronteira / do tato e do tempo / estar nua no vazio"
3 comentários:
Bonita abertura. Porque o livro nunca saiu? Tenho um conto que começa assim:
"O sol começa a sumir no horizonte e, visto de longe, João Guilherme é uma pequena sombra negra que sobe lentamente o morro no sopé do paredão da Serra da Piedade. A terra cheia de minério, às vezes avermelhada, às vezes cinzenta, desprega-se do chão em torrões duros sob os pés cansados do rapaz, que carrega penosamente uma sacola de viagem, que pende pesada do seu ombro direito, dando ao seu corpo encurvado um aspecto simiesco.
João Guilherme agora pára e descansa cuidadosamente a sacola ao lado de uma pedra, onde se senta. Lá embaixo, à sua esquerda, as luzes de Caeté começam a brilhar, timidamente em contraste com o imenso espectro difuso de Belo Horizonte à direita. As luzes da cidade maior, mais distantes, são incapazes de afetar a escuridão que se vai assentando implacável sobre o homem e o paredão da serra."
Sim, vejo a luz no seu texto... Vou continuar meu livro, só estou esperando terminar a revisão de outro. Processo embaralhado, mas aos poucos caminha.
Bela imagem! Me imaginei nela.
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