Cada vez me interessa mais a técnica do best-seller narrativo romântico para adultos. Num primeiro olhar, parece tudo formulaico e repetido. Mas como dizia JCB sobre as telenovelas, "É fácil de entender, e difícil de fazer."
Sobre Nicholas Sparks:
"Ele brinca quando é questionado sobre o segredo para escrever um best-seller. "É só escrever um livro que muitas pessoas queiram ler", diverte-se. "Isso é sério. Ninguém fez nada como Tolkien (autor de "Senhor dos Anéis) até a chegada de J.K. Rowling (autora de "Harry Potter). Você tem que criar algo novo ou escrever algo que já exista, mas de uma maneira nova", diz.
Escrever, porém, não está entre os maiores prazeres do autor. Ele diz que sofre e que pode demorar até seis meses para começar um novo livro. "Uma das coisas mais difíceis é provocar uma emoção genuína no leitor. Você tem que fazer isso de um jeito original, com contexto e na voz dos personagens". Ele conta que chega a ler 100 livros por ano e garante que essa é a única maneira de se escrever bem.
Tudo o que o cerca pode virar uma história, ela só precisa parecer real. "A voz do personagem tem que soar verdadeira e sólida. Se é verdadeiro para o personagem, é verdadeira para o leitor". O autor, no entanto, só senta na frente do computador depois de definidos o começo, o final e algumas características dos protagonistas, como idade e estado civil. Os demais detalhes são criados ao longo do processo."
http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2013/08/30/autor-de-diario-de-uma-paixao-conheceu-esposa-no-spring-break.htm
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Textos reciclados
Ao final de "O mundo inimigo", de Luiz Ruffato, há uma página explicando quais contos anteriormente publicados foram aproveitados e adaptados ao romance.
Eu me perguntei os motivos dessa explicação. Um senso de honestidade, ou o medo de que reconhecessem alguma passagem, e ficasse no ar a sensação incômoda de repetição, desconfiança de autoplágio ou preguiça?
Creio que Clarah Averbuck ou alguém como ela teve problemas assim.
Eu gosto de reaproveitar textos antigos nos romances. Tenho dois motivos:
- Artigos de revista ou textos de blogs são temporários. Seu tempo passa rápido. No romance, eles ganham uma espécie de vida eterna, situações naquele universo autossuficiente.
- Ao escrever um romance, há o perigo do encadeamento mecânico. Você segue uma lógica narrativa e começa a se repetir. Reler anotações antigas traz flash avulsos para arejar isso.
Um texto antigo, adaptado, raramente fica igual. Às vezes sobrevive apenas uma linha, uma figura de linguagem, uma ideia.
Como neste parágrafo, em que reciclei um artigo escrito para o blog "Vadio amor":
"Aos dezesseis anos acreditava no amor livre. Era anarquista pelo convívio com os skatistas de Osasco, e entre muitas conversas sobre as soluções para os erros do mundo eu defendia que a monogamia era fruto da propriedade privada capitalista, e o amor deveria ser dividido como as terras cultiváveis e os meios de produção. O ciúme era equivalente ao monopólio e a exigência de fidelidade era como a exploração da classe trabalhadora. Nessa época era virgem e nunca tinha namorado. Passados vinte anos, o amor livre continuava uma especulação teórica. Eu havia conhecido ou ouvido histórias de traidores compulsivos, solteiros convictos, swingers, infidelidade consentida, casais que não transam, casais com anexos eventuais, pessoas que desistem de relações românticas para frequentar prostitutas. Mas o amor livre civilizado, declarado e consentido, esse ainda era potencialmente uma lenda urbana."
Eu me perguntei os motivos dessa explicação. Um senso de honestidade, ou o medo de que reconhecessem alguma passagem, e ficasse no ar a sensação incômoda de repetição, desconfiança de autoplágio ou preguiça?
Creio que Clarah Averbuck ou alguém como ela teve problemas assim.
Eu gosto de reaproveitar textos antigos nos romances. Tenho dois motivos:
- Artigos de revista ou textos de blogs são temporários. Seu tempo passa rápido. No romance, eles ganham uma espécie de vida eterna, situações naquele universo autossuficiente.
- Ao escrever um romance, há o perigo do encadeamento mecânico. Você segue uma lógica narrativa e começa a se repetir. Reler anotações antigas traz flash avulsos para arejar isso.
Um texto antigo, adaptado, raramente fica igual. Às vezes sobrevive apenas uma linha, uma figura de linguagem, uma ideia.
Como neste parágrafo, em que reciclei um artigo escrito para o blog "Vadio amor":
"Aos dezesseis anos acreditava no amor livre. Era anarquista pelo convívio com os skatistas de Osasco, e entre muitas conversas sobre as soluções para os erros do mundo eu defendia que a monogamia era fruto da propriedade privada capitalista, e o amor deveria ser dividido como as terras cultiváveis e os meios de produção. O ciúme era equivalente ao monopólio e a exigência de fidelidade era como a exploração da classe trabalhadora. Nessa época era virgem e nunca tinha namorado. Passados vinte anos, o amor livre continuava uma especulação teórica. Eu havia conhecido ou ouvido histórias de traidores compulsivos, solteiros convictos, swingers, infidelidade consentida, casais que não transam, casais com anexos eventuais, pessoas que desistem de relações românticas para frequentar prostitutas. Mas o amor livre civilizado, declarado e consentido, esse ainda era potencialmente uma lenda urbana."
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Romance em primeira pessoa
Escrever um romance em primeira pessoa é muito difícil. Principais dificuldades de técnica narrativa, na minha experiência:
a) criar eventos interessantes para manter a agilidade do enredo, nos limites das ações cotidianas (lembro vagamente que Marguerite Duras escreveu: "É muito fácil escrever um romance com uma guerra, um divórcio, e uma viagem internacional");
b) alternar com equilíbrio ações da protagonista, suas reflexões, ações dos outros personagens, e sua subjetividade;
c) transmitir a vitalidade dos outros personagens, mantendo o ponto de vista do narrador (se ele não esteve no passado e na vida cotidiano dos outros, é difícil criar, sem repetição dos mesmos recursos de diálogo, situações em que isso possa ser narrado).
a) criar eventos interessantes para manter a agilidade do enredo, nos limites das ações cotidianas (lembro vagamente que Marguerite Duras escreveu: "É muito fácil escrever um romance com uma guerra, um divórcio, e uma viagem internacional");
b) alternar com equilíbrio ações da protagonista, suas reflexões, ações dos outros personagens, e sua subjetividade;
c) transmitir a vitalidade dos outros personagens, mantendo o ponto de vista do narrador (se ele não esteve no passado e na vida cotidiano dos outros, é difícil criar, sem repetição dos mesmos recursos de diálogo, situações em que isso possa ser narrado).
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