sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Limas da Pérsia, 1

Começando devagar o novo livro. As primeiras frases saem espremidas; destinadas talvez ao eterno rascunho.

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"Eu não tinha trinta anos. Não sabia mais sobre a vida que a faculdade, algum sexo e o desprezo à pobreza me houvessem ensinado. Mas estava velha o suficiente para admirar com saudade o impulso juvenil, quando o encontrava.

Tinha sido contratada pela prefeitura para uma oficina cultural no Bom Retiro. Algum alívio em minha desilusão profissional, depois de alguns anos distante de amigos e colegas que admirava. Recém chegados aos trinta anos, estávamos todos aprisionados em escritórios dessa cidade horrível, dedicando nossas horas e esforço aos míseros empregos que nos permitiam sobrevivência pouco menos humilhante que o mais banal horror. Somente pouco menos esmagados que os serventes e empregados domésticos que enchiam ônibus e metrô desde as quatro da manhã: penteados e lavados e enfeitados em roupas mal costuradas de tecidos sintéticos."

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