terça-feira, 5 de agosto de 2008

Samaritana sexual

O ator Rubens de Falco disse, antes de morrer, que seu personagem preferido na TV foi Agenor, da novela "O grito". Era um alto-executivo, filho de fazendeiros falidos, morando num apartamento em frente ao Minhocão. À noite ele se vestia de mulher e saía escondido pela garagem, para a noite.


Era seu personagem preferido por motivos fáceis de deduzir. Para o público, seu papel mais marcante foi o vilão de "Escrava Isaura".


Lendo os roteiros no arquivo da TV Globo, vou percebendo que Agenor foi "regenerado" no final da novela pela personagem de Yoná Magalhães, Kátia, uma secretária vivaz e sedutora.


Kátia diz ao médico Orlando, seu amigo: "sinto uma coisa estranha por ele... uma vontade de ajudar..." Orlando responde:


- Não adianta bancar a samaritana sexual!


Mais adiante ela comenta:


- Não vou forçar nada. Apenas me insinuar! Por dinheiro, como o pai pensou, eu não faria! Mas fiquei gostando dele! Fingi que não ouvi, mas Agenor disse que não consegue escapar de um gelo que queima como fogo. Pois eu vou derreter este gelo!


E ainda:


- Existem homens, mulheres, homossexuais e lésbicas! Não posso crer que alguém não seja nada, não tenha feito uma opção.


- - -


Nos anos 60 apareceram alguns filmes americanos sobre transexuais, com uma visão psicanalítica, médica e um tanto moralista. As cenas misturam isso com a Geni de Nelson Rodrigues (que também regenera Herculano).


Ioná Magalhães, do sertão de "Deus e o Diabo" para a regeneração dos pervertidos.

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