terça-feira, 22 de julho de 2008

Sem mentir

Alguns dias antes eu tinha falado mal do Milton Nascimento. Depois ele fez questão de mostrar as músicas que o homem havia feito, uma trilha sonora encomendada: "algo diferente do que você já fez", ele pedira assim.

Fez questão de me mostrar, queria que eu confirmasse alguma coisa. Não era aquele horror apelativo, solto a voz nas estradas, ficou mesmo diferente?

- Não ouça o que falo - eu disse a ele. - Eu sou uma cínica.
Ele riu muito com seu sorriso honesto.

Ainda tenho algum charme e consigo soltar essas frases de efeito. De todo modo, honestamente, falei sem mentir. Do fundo do coração. Não apenas sobre o Milton Nascimento... sobre o cinismo, principalmente.

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Tive uma briga feia com uma professora na faculdade, porque mostrei um texto a ela, insipirado em outro professor, e ela considerou ofensivo. Mas não: era uma homenagem. Ela se ofendeu por uma sugestão de sexo oral, mas isso era problema dela, não meu.

Na época fiquei preocupa e tentei esclarecer o que houvera com um terceiro professor. Disse: "Como ela pode se importar, se ele mesmo (o retratado) não se importou?"

- JC é perverso - o outro disse. - Ela não é.

Nisso tudo estava subentendido que éramos nós três perversos: os dois professores e eu. Somente a outra, a mulher ofendida, não era.

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