quinta-feira, 24 de abril de 2008

Armário de roupa branca


Comprei ontem o livro "Minha Ántonia", de Willa Cather, porque achei a capa linda. De maneira geral, desde que não me pareçam absolutamente idiotas, tento ler sistematicamente os livros escritos por mulheres. Principalmente os mais antigos, porque hoje escrever é mais fácil e há muita banalidade. Mas tenho um encanto pela obstinação das mulheres que conseguiram escrever, apesar de tudo, no início do século XX. O livro é narrado em primeira pessoa (o que me agrada muito).


Segue um trecho:

"Nossa vida pessoal era tão livre quanto a de nossos professores. A faculdade não tinha dormitórios; morávamos onde e como podíamos. Alojei-me na casa de um casal de velhos, que tinham casado os filhos e agora viviam na orla da cidade, perto do campo aberto. Como a casa, por sua localização, era incoveniente para estudantes, pude alugar dois quartos pelo preço de um. Meu quarto de dormir, originalmente um armário de roupa branca, não tinha aquecimento e mal comportava a minha cama de armar, mas me permitia chamar o outro cômodo de meu estúdio. Empurrei para um canto a penteadeira e o grande guarda-roupa de nogueira, que guardava todas as minhas roupas, até chapéus e sapatos, e fazia de conta que não existiam, como fazem as crianças com objetos incongruentes quando brincam de casinha."


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