quinta-feira, 27 de março de 2008

Nimiamente extenso

Coisas que estou aprendendo no curso do prof. Hélio:

Parece que os primeiros escritores do romantismo não tinham informação do que era exatamente o Brasil... nem sobre o território, nem as pessoas, não havia muito como saber essas coisas.

É num censo no início da década de 1870 que descobrem que só 16% da população é alfabetizada. E a busca de leitores, antes imaginada como uma luta contra o descaso, se transforma numa batalha já de início perdida. Pois as pessoas simplesmente não sabiam ler.

Esse seria um dos motivos da desilusão de Machado de Assis, que levaria à radicalização de seu estilo a partir de Brás Cubas. Em teoria: se não há público leitor, se não há mercado ou uma expectativa qualquer a que eu precise atender, me deixem em paz a escrever como quero.

Pode haver algo de dramatização, mas me fez pensar em Brás Cubas com bem mais tristeza e menos galhofa.

Relendo ontem o início, um trecho me pareceu realmente agressivo e triste:


"Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcer-me o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus confrades, e acho que faz muito bem. Pois lá iremos. Todavia, importa dizer que este livro é escrito com pachorra, com a pachorra de um homem já desafrontado da brevidade do século, obra supinamente filosófica, de uma filosofia desigual, agora austera, logo brincalhona, cousa que não edifica nem destrói, não inflama nem regela..."

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