Escrevi o texto abaixo para a revista de pós-graduação da Cásper Líbero. Apesar do estilo acadêmico, tentei apresentar um pouco do que li sobre a história do livro no Brasil, um tema que me apaixona.
Na Estante
Os estudos do livro e da leitura envolvem muitas linhas de pesquisa, que podem ser reunidas no campo da Editoração. Esta área da comunicação abrange várias disciplinas: a produção material do livro, seus processos de divulgação e comercialização, a recepção dos leitores, e a abordagem das relações sociais e históricas do livro em diferentes épocas e países. Se o livro simboliza o acesso ao conhecimento, o estudo da Editoração traz à tona um painel comovente das dificuldades enfrentadas no caso brasileiro.
HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil - sua história. São Paulo, Edusp, 2005.
Este é o estudo mais abrangente da história do livro no país, e oferece uma reunião admirável de informações sobre a impressão, os editores e livreiros, sua relação com escritores e o sistema educacional brasileiro desde o século XVI. Sua primeira edição, na década de 80, despertou ciúme entre pesquisadores brasileiros, pois a pesquisa é admirável e o autor é inglês. A segunda edição, atualizada e ilustrada, traz uma importante iconografia da diagramação dos livros impressos no Brasil desde a liberação da imprensa em 1808.
ABREU, Márcia. Os caminhos dos livros. Campinas, Mercado de Letras, 2003.
Pesquisadora da Unicamp, Márcia Abreu recupera informações detalhadas sobre a importação de livros no Brasil no período anterior a 1808, em que a impressão era probibida no país. Ela resgata os títulos mais presentes nos documentos de censura, alfândega e inventários, e analisa a passagem do culto das Belas-Letras para a leitura do romance.
BOSI, Ecléa. Cultura de massa e cultura popular: leituras de operárias. Petrópolis, Vozes, 1981.
O livro se origina na tese de doutorado da autora, baseada em pesquisa sobre os hábitos de leitura de um grupo de operárias na periferia de São Paulo. A análise sensível de Bosi desmente o senso comum de que "o brasileiro não lê", deixando claro que muita gente gostaria de ler muito mais, e a dificuldade de acesso ao livro interrompe frequentemente esse desejo.
2 comentários:
Extraordinário esse dado da "proibição" em vigor até 1808 (abolida com a chegada da família real portuguesa, decerto). Quando começou a vigorar isso? Efeito colateral da Inconfidência Mineira?
Desde o início da colonização portuguesa a imprensa era proibida, provavelmente para evitar o desenvolvimento de organizações políticas mais fortes no território. Quando a família real chegou, o Brasil passou a ser sede do governo português, e então foi inaugurada a Imprensa Régia (obs: não sei se o nome é bem esse). Mas durante o período de proibição, havia várias gráficas ilegais no Brasil.
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