Acontecimentos que parecem muito antigos: uma aluna pergunta se é verdade que não devemos começar frases com "mas" ou "nem". Pego a gramática de Celso Cunha & Lindley Cintra na estante, para argumentar com respaldo.
O livro diz que sim, podemos fazer isso para dar ênfase (efeito de alta intensidade afetiva, com valor próximo ao da interjeição) ou ressaltar a mudança de assunto, retificar uma informação, etc.
Exemplos:
- "Eram mãos nuas, quietas, essas mãos; serenas, modestas e avessas a qualquer exibicionismo. Mas não acanhadas, isso nunca" (M.J. de Carvalho, "Paisagem sem barcos", sem data).
- "Mas os dias foram passando." (José Lins do Rego, "Usina", 1956)
- "Nem que a matassem, confessava." (A. Ribeiro, "O malhadinhas", 1958)
Conforme "A nova gramática do português contemporâneo", de Cunha & Cintra, 2007.