sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Tiago e a Major Diogo

"Tiago, tão perto, sentado à minha frente. Um homem grande, de rosto calmo, olhar amigo e pacífico. Era moda há alguns anos jovens usarem barba grande. Quase todas me pareciam artificiais e decorativas. Mas a barba de Tiago, densa e escura, era a visão de um outro tempo. Um tempo em que só existia seu queixo largo, seu pescoço forte, sua voz branda.

Eu não estava nervosa porque ele era uns dez anos mais novo que eu. Eu não tinha nenhuma expectativa de sedução ou cortejo. Aproveitava humildemente sua companhia encantadora, sem ambições amorosas. O garçom chegou com as duas cervejas. Encheu as duas taças e Tiago fez um brinde.

- Onde seu avô morava na Major Diogo?
- Numa casinha no 671. Perto da Conselheiro Carrão.
- Bacana. Aquela região toda é incrível.

Ele tinha um entusiasmo sem entrelinhas pelo bairro. Pouca gente da minha convivência elogiaria aquela esquina barulhenta e poluída da Major Diogo. Roberta, minha mãe e meu ex-marido, a região não tinha nenhuma qualidade. Era apenas velha e suja."

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