quarta-feira, 30 de julho de 2008

Rosa, não identificada e lavanda

A primavera parecia longe e não entendi por que apareciam flores no jardim. Mas não, é agosto, tão perto e não percebi.

Uma primavera precoce por causa do calor. Abelhas em torno das flores de manjericão.





Lustra-móveis

terça-feira, 29 de julho de 2008

Investigação desta ciência

Estou feliz ao abandonar a arrumação da casa e aproveitar a tarde, sentando ao computador e escrevendo um pouco. Escrevo antes de verificar os e-mails para não ser atropelada por mensagens e mais coisas a fazer.

Reorganizando meu livros. Ana Miranda disse numa palestra seu método para recuperar a vontade no momento de escrever: pega um livro na estante e relê o que lhe pareceu tocante.

De todas as explicações sobre "por que escrever", essa me parece a mais simples e verdadeira. Continuar o que temos na estante.

- - -

"o toque lógico e final
dado a um vasto esplendor
conseguido como recompensa por um trabalho:
não se é rico mas pobre
quando se pode sempre parecer tão correto.
O que se pode fazer por eles -
estes selvagens
condenados a malquerer
todos que não sejam visionários
prontos para incumbir-se da tola tarefa
de enobrecer as pessoas?
Este modelo de petrina fidelidade
que "abandona o marido tranqüilo
só porque se cansou de vê-lo" -
com esse orador a lembrar:
"Estou às suas ordens".
"Tudo que diz respeito ao amor é um mistério;
a investigação desta ciência
demanda mais que um dia de trabalho."

(...)

"Marriage", de Marianne Moore, traduzida por José Antonio Arantes

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Lavanda e aspirina

Meu amigo Gê reconheceu o arbusto estranho na casa nova. Parece um alecrim fosco, mas é lavanda.

Eu nunca havia imaginado como seria esse perfume em forma de planta. Foi tão surpreendente quanto descobrir, num documentário de TV, que a aspirina era feita a partir da árvore que chamávamos na infância de "chorão".

Quando tiver um tempo, coloco uma foto aqui.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Luiz Tatit

O aquecimento é elétrico. A água do quintal vem do poço, mas a bomba está quebrado. Os bujões de gás têm praticamente a minha altura. Solicitei uma linha telefônica no meu nome. O atendente perguntou:

- Por que você nunca teve uma linha nesse endereço?
- Porque não morava lá - respondi.

Pelo atendimento telefônico, entendi que a empresa pressupõe um perfil do interessado: pobre, talvez desempregado, morador de uma rua impossível de encontrar, alguém que deixará de pagar a conta assim que o telefone for instalado.

Eles perguntam:
- Qual um ponto de referência dessa rua?
- Como assim, ponto de referência?
- Uma padaria, por exemplo.
- Não é mais fácil ver o guia?

Por que especificamente uma padaria? Me faz lembrar uma matéria recente no jornal, sobre ruas em favelas com números repetidos e nomes confusos. A correspondência toda é entregue num bar, guardada em caixas onde os moradores vão procurá-la. O atendente me pergunta o bairro, eu respondo: Vila Madalena. Depois pede o CEP e digo. Algo no sistema me acusa:

- Esse bairro também é conhecido como Vila Beatriz?
- Sim... também...


Mais uma série de perguntas, "só para cadastro": idade, número de dependentes, faixa de renda, nível de escolaridade.

Algum tempo atrás uma atendente do cartão de crédito me disse, depois de ouvir essas informações: "Olha, pela sua renda você seria classe C... mas com seu grau de escolaridade, vou te cadastrar como classe B, tá?"

Disse isso com muita gentileza, como se fosse um acaso feliz e inesperado, como se eu fosse gostar.

Mas qual a novidade nisso? Estudei muito e ganho pouco. Não poderia dizer "eu e a torcida do Flamengo", pela causa (óbvia e triste) da escolaridade. Mas talvez pudesse falar assim: "eu e o fã-clube do Luiz Tatit".

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Então, já que ele foi citado

Texto interessante no blog do Jean-Claude Bernardet:

- - -

"Portanto o materialismo histórico não surge apenas do cérebro de Marx. Ele se encaixa numa filiação que se desenvolveu no decorrer de um determinado período histórico e econômico. Essa concepção apresenta uma necessidade em si (“tinha que ser descoberta”). E se não fosse Marx, teria sido um outro. É o que pode se deduzir de outro trecho da mesma carta, em que Engels tece considerações sobre..."

(continua)

Era jasmim

O arbusto disforme e verde escuro que começou a brotar na semana passada agora tem pequenas flores brancas.

Jasmin, o melhor cheiro do mundo.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Sem mentir

Alguns dias antes eu tinha falado mal do Milton Nascimento. Depois ele fez questão de mostrar as músicas que o homem havia feito, uma trilha sonora encomendada: "algo diferente do que você já fez", ele pedira assim.

Fez questão de me mostrar, queria que eu confirmasse alguma coisa. Não era aquele horror apelativo, solto a voz nas estradas, ficou mesmo diferente?

- Não ouça o que falo - eu disse a ele. - Eu sou uma cínica.
Ele riu muito com seu sorriso honesto.

Ainda tenho algum charme e consigo soltar essas frases de efeito. De todo modo, honestamente, falei sem mentir. Do fundo do coração. Não apenas sobre o Milton Nascimento... sobre o cinismo, principalmente.

- - -

Tive uma briga feia com uma professora na faculdade, porque mostrei um texto a ela, insipirado em outro professor, e ela considerou ofensivo. Mas não: era uma homenagem. Ela se ofendeu por uma sugestão de sexo oral, mas isso era problema dela, não meu.

Na época fiquei preocupa e tentei esclarecer o que houvera com um terceiro professor. Disse: "Como ela pode se importar, se ele mesmo (o retratado) não se importou?"

- JC é perverso - o outro disse. - Ela não é.

Nisso tudo estava subentendido que éramos nós três perversos: os dois professores e eu. Somente a outra, a mulher ofendida, não era.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Mesas de fórmica

A Rachel está em SP. Estaremos na Mercearia hoje - segunda-feira - às 19h00.

Sobre o lugar, para quem não conhece, a descrição brega de um site:

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Mercearia São Pedro

Do alto de seus 39 anos, o botecão exibe impressionante vitalidade. Em praticamente todas as noites, as mesas de fórmica são tomadas por gente interessada em discutir cinema, literatura e política enquanto bebe uma cervejinha. (!!!)

Rua Rodésia 34
Vila Madalena
(11) 3815-7200

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Ah, estou escrevendo pouco porque a internet de casa pifou de novo.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

MA^869.9341^A848p^1882

Ontem voltei à biblioteca da FFLCH , precisava ainda de alguns livros sobre o Machado. Não consigo evitar uma alegria infantil toda vez que entro naquele prédio. Me orgulho da carteirinha amarela, anoto o número da lombada no papelzinho de rascunho que eles deixam ali cortadinho. Feliz. Nem evito os diminutivos.

A primeira dedicatória do meu livro era "para todas as bibliotecas infantis que frequentei". O cabrito achou pretensioso e mudamos, "para raul da ferrugem azul".

Gosto evidentemente de livros, livrarias, essas coisas todas que os leitores gostam... mas nada se compara a uma biblioteca. Até a biblioteca minúscula da colônia de férias da Associação dos Servidores Públicos do Paraná, onde passávamos o verão, uma sala minúscula que nem merecia esse nome, até ela me desperta carinho. Como a biblioteca da minha escola primária, a biblioteca pública do Paraná, a da Cultura Inglesa, do Goethe, da praça Dom José Gaspar, da Consolação...

Pensando nessa lista, lembrei de outras bibliotecas feias que preferi não frequentar. Nunca gostei da biblioteca empoeirada do Instituto Italiano de Cultura, por exemplo. Embora tenha emprestado ali um livro de Cesare Pavese que nunca esqueci.

Isso parece pretensioso? Por que seria? Eu era criança, os livros coloridos quase não tinham letras, não havia nenhum esnobismo nisso. Eu simplesmente entrava ali, no recreio, maravilhada. Era uma sala redonda com estantes baixas sob as amplas janelas.

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Desculpem se ficou brega. Guardo em silêncio meu amor pela leitura porque é comum demais, escritores defendendo a literatura. Acho em teoria que o mundo poderia viver sem ela, num mundo antigo e oral baseado na memória. Não gosto de proselitismo: o amor é meu.

ops

corrigi o vexame de ortografia na postagem anterior.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Alecrim de veludo

Com a ajuda de minha mãe e da mangueira amarela da lojinha do bairro, as plantas voltaram a florescer.

Azaléia, um ramo verde não identificado, outro arbusto estranho que parece um alecrim de veludo.

Nem acredito que a natureza reage com tanta generosidade ao meu pouco cuidado, disperso e preguiçoso.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Mais uma vez por Tucídides

Comecei o trabalho final do curso sobre Machado de Assis. Escolhi um conto de "Papéis avulsos" chamado "Uma visita de Alcibíades", porque sua primeira versão, publicada numa revista feminina em 1876, é um tanto diferente daquela publicada em livro em 1882.

Gosto de analisar revisões, como deve estar claro neste blog.

De todo modo, o conto usa esse personagem histórico Alcibíades, mencionado por Platão e Tucídides. Por acaso ouvi seu nome também no filme "Sócrates", do Rosselini, lançado em DVD há pouco.

Não por acaso ele está ali, mas por acaso o vi. Como adoro Rosselini, uma atração estranha pelo exagero cristão de "Stromboli", quis assistir o Sócrates no momento em que soube do lançamento.

Interessante que esse Sócrates do filme é praticamente um Jesus Cristo. Mas... outras questões.

O Alcibíades do filme é muito provavelmente baseado no livro de Tucídides sobre a Guerra do Peloponeso. E há muito tempo trago esse desejo arrastadinho de o ler, desde que descobri um texto de Peter Handke sobre ele, "Mais uma vez por Tucídides" ou algo assim.

No original, “Nocheinmal für Thukydides”.

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Tudo isso talvez não interesse ninguém. Mas como ando falando de coincidências, fica aí esse ciclo estranho envolvendo Peter Handke, Machado de Assis, Rosselini, Tucídides e Alcibíades.

sábado, 12 de julho de 2008

Letras verdes

A casa nova tem um pé de manjericão.

Me embaralho para determinar a ordem das coisas, mas a planta me comove há muito tempo. Provavelmente desde os dezessete anos, quando me apaixonei por um italiano que queria me ensinar a cozinhar. Um misto de generosidade e machismo. Quanto ao último, talvez eu seja injusta, porque ele cozinhava bem e prezava isso. Mas desconfio que me considerasse uma adolescente irresponsável, não sei.

Tentei descrever essa cena em 1997, depois de quatro anos na faculdade, no computador de tela preta e letras verdes, em frente à janela do apartamento na Frei Caneca onde eu dividia um quarto com três estudantes de enfermagem.

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Isso não é sinal de nada, claro. Entendo que as intuições são construídas retrospectivamente por nossa insistência em dar forma narrativa a acontecimentos aleatórios.

Fico fora do mundo mágico, mas por outro lado gosto de seu efeito literário, quando é usado com graça como Paul Auster. Mas digamos que prefiro ser materialista. Também porque minha estrutura psíquica tende aos aceleramentos míticos e patológicos, então controlo essas associações como posso.

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Mas havia um vaso de manjericão na janela do apartamento da mãe dele.

E um arbusto de chão, agora, na nova casa.

O sentido mágico é uma reconstrução, eu sei. Mas... é bonito.

O texto original

15.

No final de semana fomos até a casa da mãe dele. Era um prédio. Ele saiu do carro e me pediu pra ficar dentro. Disse:

- Minha mãe não gosta de conhecer minhas mulheres.

Quando voltou, trazia uns biscoitos que a mãe tinha feito. Tentamos ir ao cinema mas estavam todos fechados por causa do verão. Fomos até um museu e estava fechado também. Então ele me levou numa igreja. Era bonita. Eu disse:

- É bonita.

Ele perguntou se eu era católica, eu disse não.

- O que você é?
- Nada.
- Como assim nada?
- Nada, nada.
- Como pode você não acreditar em nada?

(...)


22.

Naquela segunda-feira ele quis me mostrar uma foto de quando era menino. A foto estava na casa da mãe dele. Fomos até lá. A velha não estava e pude subir com ele. Enquanto ele procuravaeu vi um vaso na janela, com um pé de manjericão plantado.

Quando menino ele tinha cabelo preto por toda a cabeça. Agora quase não tinha. Sempre que eu queria passar a mão, ele não deixava, pois tinha medo que o resto que tinha sobrado caísse.

O arbusto

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Flat hose

Ao que tudo indica, vamos nos mudar. O cabrito assinou o compromisso de compra de uma casa. Ainda sem dinheiro para pagar o resto, quer nos instalar com uma parcela de razão e outra de invasão. Se algo der errado, ele diz, estamos lá e fica mais difícil nos tirar.

A casa está vazia e as plantas começam a secar. Tentei comprar uma mangueira para ao menos regá-las, enquanto não mudamos. Não sou muito dedicada a jardins, mas tenho um mínimo de coração e não posso deixar tudo morrer. Não agora, que minha mãe avisou. Antes eu não tinha percebido.

Passei rapidamente na loja de materiais de construção, mas não havia mangueiras prontas. Eles precisam medir quantos metros eu quero e preparar na hora. O que exatamente há para preparar numa mangueira? O encaixe e o jato? Eu estava apressada e não esperei.

Meu sonho, nesse momento, é comprar uma flat hose. Não uma mangueira de plástico da lojinha do bairro. Mas uma mangueira avançada e tecnológica, para regar lepidamente como na TV a cabo.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Alma a tientas

O texto original:

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Letanía de nuestro señor Don Quijote

a Navarro Ledesma

Rey de los hidalgos, señor de los tristes,
que de fuerza alientas y de ensueños vistes,
coronado de áureo yelmo de ilusión;
que nadie ha podido vencer todavía,
por la adarga al brazo, toda fantasía,
y la lanza en ristre, toda corazón.

(...)

Ruega por nosotros, hambrientos de vida,
con el alma a tientas, con la fe perdida,
llenos de congojas y faltos de sol,
por advenedizas almas de manga ancha,
que ridiculizan el ser de la Mancha,
el ser generoso y el ser español!

- - -

A última estrofe é absolutamente comovente.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Com a fé perdida

Já falei desse poema no blog? Não queria me repetir, mas tento continuar no romantismo de Ruben Dario.

Queria digitar o original em espanhol, mas hoje não tenho tempo. Segue uma tradução (pobre) que eu mesma fiz, tentando apenas ser literal. Sujeita a erros porque nunca estudei espanhol.

São duas estrofes. O poema é mais longo.

- - -

Litania de nosso senhor Don Quixote

Rei dos fidalgos, senhor dos tristes
que de força alimentas e de sonhos vestes,
coroado de áureo elmo de ilusão;
que ninguém pôde vencer todavia,
com o escudo ao braço, todo fantasia,
e a lança em riste, toda coração.

(...)

Roga por nós, famintos de vida,
com a alma às cegas, com a fé perdida,
cheios de angústias e privados de sol,
por almas oportunistas e indulgentes,
que ridiculizam o ser da Mancha,
o ser generoso e o ser espanhol!

sábado, 5 de julho de 2008

Sexo e comoção

Sobre o texto "(vazio)" e os comentários recebidos:

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Sim, acho possível dissociar a construção literária da idéia, até um certo grau. Uma idéia pode ser bem ou mal escrita.

Nesse texto, tentei alinhar alguns pensamentos na segunda pessoa do plural, e não na primeira. Foi uma tentativa de expandir o sentimento, que acredito não seja único em uma pessoa. É um sentimento compartilhado pelo casal e, por extensão, por outros casais, embora permaneça silencioso dentro de cada um.

Concordo que as duas últimas frases não são muito originais. Embora, repito, a questão não é banal para mim. Quando estamos casados e o vínculo é forte, esconder alguns sentimentos causa, dentro do silêncio, muita tensão. Ao mesmo tempo essa tensão gera um poder interno, porque devolve a individualidade. Às vezes tenho dúvidas se o desejo por outras pessoas é realmente pelos outros, ou uma vontade íntima de afirmação.

Na quarta frase, tentei escolher com cuidado alguns substantivos, aliando sexo a comoção, para tentar dar forma a algo que acontece comigo. É uma questão pessoal, ninguém é obrigado a entender: um sentimento estranho que alia amor sexual e piedade.

Também tentei usar palavras sóbrias, como honestidade e permanência. Porque realmente não queria tratar do assunto de maneira cotidiana. Se parece pretensioso foi um engano, não tive a intenção.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

La canción de los pinos

Ando muito ocupada e nervosa. Triste.

Muitos anos atrás, no primeiro ano da faculdade, ouvi um programa na Rádio Cultura sobre o poeta Ruben Dario. Uma atriz argentina lia seus poemas. Nunca esqueci a voz corajosa, madura e musical.

É pena que eu não a possa imprimir ao digitar esses versos, que ainda hoje me marcam.

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(estrofes finais de "La canción de los pinos")

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"Románticos somos... Quién que Es, no es romántico?
Aquel que no sienta ni amor ni dolor,
aquel que no sepa de beso y de cántica,
que se ahorque de un pino: será lo mejor...

Yo no. Yo persisto. Pretéritas normas
confirman mi anhelo, mi ser, mi existir.
Yo soy el amante de ensueños y formas
que viene de lejos y va al porvenir!"

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Concordo que nem tudo é bom nessas estrofes. O último verso é horrível. Da primeira quadra, gosto da idéia mas reconheço que o conjunto soa infantil.

Mas estou totalmente vinculada às frases: "Yo no. Yo persisto. Pretéritas normas confirman mi anhelo, mi ser, mi existir."

"Anhelo", conforme li no dicionário há algum tempo, significa desejo. Talvez eu tenha lido errado.


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Sei que o saudosismo pode ser considerado conservador, politicamente.

Mas não entendo assim, nesse caso. Cada um sabe, internamente, quais são as pretéritas normas que lhe fazem sentido.


Reconheço a importância da dignidade e da gentileza, do sentido de missão, na leitura um tanto mítica que foi ligada à nobreza na Idade Média.

Ainda que, politica e existencialmente, eu seja materialista.

terça-feira, 1 de julho de 2008

(vazio)

Porque somos casados e permaneceremos casados. Mas o que fazer com o desejo aleatório? Um casamento não deve ser aberto, não se rompe o vínculo sem dor. Mas um encontro não planejado, se alguém nos desperta carinho e desejo, a mesma comoção que nos fez casar, antes, com quem nos acompanha agora. O mesmo sentimento e igualmente honesto, mas a hora é outra e a permanência impraticável. Se o lugar é distante, se não há testemunhas, o controle é impossível. Mantemos o silêncio, porque silêncio não é mentir. É direito ao segredo.

Sem saber

No sonho estávamos numa sala. Sua filha pequena assistia televisão, ele sentado numa poltrona e eu, no chão, entre os dois. Ele me perguntava com o olhar, a menina perceberia o que havia entre nós?

Então ele estendia a mão e tocava minha nuca. Senti o toque fisicamente, sonhando, como um choque elétrico. Acordei assustada, sem saber que horas eram.

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São uma benção, os orgasmos durante o sono.